Categoria: Distúrbios Neurológicos

Monitoramento Cerebral e Manejo Clínico para bebês com Encefalopatia Hipóxico-Isquêmica durante a Hipotermia Terapêutica

Monitoramento Cerebral e Manejo Clínico para bebês com Encefalopatia Hipóxico-Isquêmica durante a Hipotermia Terapêutica

Mohamed Al-Dib, da Universidade Harvard, Estados Unidos ocorrida no XVIII Encontro Internacional de Neonatologia da Santa Casa de São Paulo em 19/6/2021.

Realizado por Paulo R. Margotto.

O objetivo dessa Palestra é entender a importância do monitoramento cerebral para seleção de recém-nascidos (RN) para a Hipotermia Terapêutica (HT), delinear o valor de prognóstico do monitoramento cerebral durante a HT, para discutir a regra de neuromonitorização e detecção de crises convulsivas para demonstrar a importância do monitoramento neurológico multimodal durante a HT. Devemos ser cautelosos ao usarmos a EEG normal como um critério de exclusão para HT se outros critérios de inclusão forem atendidos. Devemos ser cautelosos ao usarmos o aEEG normal como um critério de exclusão para HT se outros critérios de inclusão forem atendidos (valor preditivo negativo de 77% (70-93%). Temos usado o aEEG como um critério de inclusão somente se o bebê ainda não cumprir os critérios clínicos. Quanto à evolução do aEEG na encefalopatia neonatal: durante a HT a recuperação do padrão do aEEG em 24 horas mostrou estar associada a um desfecho favorável da mesma forma que o inicio do ciclo sono-vigília antes das 36 horas de idade foi associado a um bom resultado.   Quanto ao efeito da HT na predicção: um aEEG muito anormal não deve ser usado como preditivo de mau resultado antes de 24 horas de idade, eventualmente (Provavelmente devemos esperar até 48 -72 horas de vida). Foi mostrado aEEG alterado no inicio e no reaquecimento, voltagem normal continua com o seu ciclo sono-vigília, com correspondente ressonância magnética (RM) normal). aEEG anormal no reaquecimento associou-se a severas lesões cerebrais à RM. Quanto ao cEEG (eletroencefalograma convencional): é o padrão ouro para detectar convulsões e deve ser usado pelo menos 24 horas no início da hipotermia: um cEEG normal ou levemente anormal indica nenhum risco para o desenvolvimento de convulsões. Quanto à convulsões: essas geralmente ocorrem dentro de 24 horas de vida e também sabemos que a maioria das convulsões em RN em geral são apenas eletrográficas e também é mais desafiador quando sabemos que medicamentos podem causa dissociação eletroclínica, o que significa que o lado clínico da convulsão pode ser suprimido enquanto as convulsões eletrográficas continuam. Quando se trata de convulsões, o aEEG tem limitações claras e isso é esperado porque é sabemos que aEEG é um traçado muito comprimido, portanto perderá convulsões breves e de baixa amplitude e pode ser difícil lembrar o início da convulsão. Agora, combinando  o aEEG com o cEEG, três quartos das convulsões possam ser identificadas e até 90% dos pacientes com convulsões poderiam ser identificadas. Por quanto tempo monitorar durante a HT: devemos continuar o EEG convencional por pelo menos 24 horas e sabemos que especificamente os bebês que estão sob hipotermia precisam de monitoramento completo durante o aquecimento porque ocorre um risco pequeno, mas reconhecível de convulsões durante a fase de aquecimento. Por outro lado sabemos que o aEEG quando normal ou levemente anormal, por exemplo, durante as primeiras 24 horas indica risco muito baixo de quaisquer convulsões subseqüentes. Quanto ao NIRS: o aumento da Saturação cerebral nos bebês com lesão hipóxico-isquêmica reflete a combinação de alto fluxo sanguíneo cerebral e extração de O2 associado com morte neuronal devido à falha secundária de energia. A combinação de aEEG e NIRS tem utilidade prognóstica mais aprimorada do que qualquer tecnologia isolada. Entre os outros monitores, é destacada a ocorrência de hipocapnia (monitor transcutâneo de CO2), ocorrência comum nos bebês que recebem HT: a hipocapnia tem potencial para exercer lesão cerebral por constrição dos vasos cerebrais, aumentando a excitabilidade neural, liberando aminoácidos excitatórios e diminuindo suprimento de oxigênio devido ao desvio para a esquerda na curva de oxi-hemoglobina. Apesar a importância da hipocapnia, o CO2 raramente é monitorado continuamente nesses bebês. Finalmente: a integração do monitoramento multimodal permite o atendimento ideal para bebês tão críticos (integrar todas essas informações provenientes do monitor cardiovascular, CO2 transcutâneo, cEEG, aEEG, ventiladores e NIRS). Segundo Gabriel Variane em seu comentário, todos os sistemas estão conectados e associados a sua função eletroencefalográfica, ou seja, função cerebral. Informação é poder. Quando você consegue ter informação a beira leito em tempo real permite você tomar as decisões mais acertadas. O monitoramento multimodal é o agora, porque no futuro muito próximo é coletar essas informações de uma forma muito mais inteligente, permitindo que se identifique esse enorme repertório de dados e mostrar mais que os olhos humanos podem mostrar, como valores preditivos, identificação automática de crises convulsivas e outras anormalidades. A inteligência artificial já está presente na nossa vida e com certeza vai promover uma verdadeira revolução não somente na Neonatologia como em todo setor de saúde nos próximos 5-10 anos. Nos complementos trouxemos a contribuição da ultrassonografia craniana, à luz da ressonância magnética, nos bebês  com encefalopatia hipóxico-isquêmica, onde mostramos a importância do índice de resistência (IR) e os principais achados anormais nesses bebês com comprovação da ressonância magnética.

Preditores de resultados no neurodesenvolvimento de recém-nascidos a termo com convulsões neonatais

Preditores de resultados no neurodesenvolvimento de recém-nascidos a termo com convulsões neonatais

Neurodevelopmental outcome predictors of term newborns with neonatal seizures.Martins R, Coelho J, Dos Santos TP, Moreno T, Quintas S, Levy A.Rev Neurol. 2019 Nov 1;69(9):370-376. doi:10.33588/rn.6909.2019209.PMID: 31657449 Free article. English, Spanish. Artigo Gratuito!

Apresentação: Amanda Batista. Residente de Pediatria do HMIB/SES/DF. Coordenação: Marta David Rocha de Moura.

Abordagens futuras serão incentivadas pelo uso mais amplo de monitoramento de aEEG de longo prazo, que está mais prontamente disponível no ambiente de Unidades de Terapia Intensiva do que o monitoramento de vídeo-EEG. Esses achados são cruciais para a identificação oportuna das crises e o tratamento imediato.

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL- Compartilhando imagens: TUMOR CEREBRAL

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL- Compartilhando imagens: TUMOR CEREBRAL

Ana Frante  (AL), Paulo R. Margotto (DF)

Caso Clínico>

RN de 36 semanas, peso de 2850g, AIG, comprimento de 48 cm, Perímetro cefálico de 38 cm (acima do Percentil 95 da Curva de Crescimento Intrauterino de Margotto: Macrocrania), Apgar de 4,8 e 10. Cesariana, mãe com 29 anos, Doença específica da gravidez. Ultrassom obstétrico: dilatação dos ventrículos

Hemorragia peri/intraventricular no pré-termo: como prevenir (I Simpósio de Obstetrícia e Terapia Intensiva Neonatal da DASA)

Hemorragia peri/intraventricular no pré-termo: como prevenir (I Simpósio de Obstetrícia e Terapia Intensiva Neonatal da DASA)

Paulo R. Margotto (I Simpósio de Obstetrícia e Terapia Intensiva Neonatal da DASA-Maternidade Brasília-3/8/2021).

Primeiros 3-4dias de vida (Os 15 mandamentos!)

›Atrasar o clampeamento do cordão (EVITAR ORDENHA<28 SEM)

›Evitar aspirações de cânulas de rotina

›Evitar o manuseio excessivo; evitar o barulho

›Aconchegar o recém-nascido

›Avaliar a presença de dor; Evitar punções de calcanhares; Agrupar tarefas;

›RN no respirador: avaliar a assincronia; evitar PaCO2>52mmHg (3 primeiros  dias vida)

›Evitar excessivas aspirações traqueais

›Ao usar o surfactante: nas primeiras 2 horas de vida

›Priorizar o uso de CPAP nasal

›Evitar pneumotórax

›Evitar infusão rápida de volumes

›Identificar RNs com PCA que necessitam  de tratamento

Desempenho acadêmico, função motora e comportamento 11 anos após a terapia com citrato de cafeína neonatal para apneia da prematuridade: um acompanhamento de 11 anos do ensaio clínico randomizado CAP

Desempenho acadêmico, função motora e comportamento 11 anos após a terapia com citrato de cafeína neonatal para apneia da prematuridade: um acompanhamento de 11 anos do ensaio clínico randomizado CAP

Academic Performance, Motor Function, and Behavior 11 Years After Neonatal Caffeine Citrate Therapy for Apnea of Prematurity: An 11-Year Follow-up of the CAP Randomized Clinical Trial. Schmidt B, Roberts RS, Anderson PJ, Asztalos EV, Costantini L, Davis PG, Dewey D, D’Ilario J, Doyle LW, Grunau RE, Moddemann D, Nelson H, Ohlsson A, Solimano A, Tin W; Caffeine for Apnea of Prematurity (CAP) Trial Group.
JAMA Pediatr. 2017 Jun 1;171(6):564-572. doi: 10.1001/jamapediatrics.2017.0238.
PMID: 28437520.Similar articles.

Hospital Materno Infantil de Brasília Dr. Antônio Lisboa – HMIB. Apresentação: Flávia Moura R5 Neonatologia (R4 em neonatologia). Coordenação: Dra. Miriam Leal.

A terapia neonatal com cafeína não reduziu significativamente a taxa combinada de deficiências funcionais, mas foi associada a uma taxa reduzida de deficiência motora aos 11 anos de idade em crianças com muito baixo peso ao nascer. Quando prescrita nas doses usadas neste estudo, a terapia com cafeína para apneia da prematuridade é eficaz e segura na idade escolar.

Nos linksA cafeína pode exercer um papel neuroprotetor no cérebro do prematuro.

Katrin Klebermass-Schrehof (Viena, Áustria), 26/7/2021-5º Centric Innovation.

ANTIBIÓTICOS PODEM AFETAR O CÉREBRO: Efeitos da exposição precoce à penicilina no microbioma intestinal e no córtex frontal e na expressão do gene da amígdala

ANTIBIÓTICOS PODEM AFETAR O CÉREBRO: Efeitos da exposição precoce à penicilina no microbioma intestinal e no córtex frontal e na expressão do gene da amígdala

Effects of early-life penicillin exposure on the gut microbiome and frontal cortex and amygdala gene expression. AngelinaVolkova, KellyRuggles, AnjeliqueSchulfer, ZhanGao, Stephen D.Ginsberg, Martin J.Blaser.

iScience, online. Available online 15 July 2021.

https://doi.org/10.1016/j.isci.2021.102797

Effects of early-life penicillin exposure on the gut microbiome …

Realizado por Paulo R. Margotto.

Estabelecemos sistemas experimentais para avaliar os efeitos de exposições precoces aos antibióticos sobre a microbiota intestinal e a expressão gênica no cérebro. Este modelo de sistema é altamente relevante para a exposição humana e pode ser desenvolvido em um modelo pré-clínico de distúrbios do neurodesenvolvimento em que o eixo intestino – cérebro é perturbado, levando a efeitos organizacionais que alteram permanentemente a estrutura e função do cérebro. A exposição de camundongos recém-nascidos a baixas doses de penicilina levou a mudanças substanciais na estrutura da população da microbiota intestinal e composição. Alterações transcriptômicas implicam vias perturbadas em distúrbios do neurodesenvolvimento e neuropsiquiátricos. Também havia substanciais efeitos no córtex frontal e na expressão do gene da amígdala por, afetando múltiplas vias subjacentes ao neurodesenvolvimento. Análises informáticas estabeleceram ligações entre populações microbianas intestinais específicas e a expressão no início da vida de genes particularmente afetados. Esses estudos fornecem modelos translacionais para explorar as funções do microbioma intestinal no normal e maturação anormal do sistema nervoso central vulnerável.

“O estudo sugere que a penicilina muda o microbioma, os trilhões de microrganismos benéficos que vivem dentro do nosso corpo, bem como a expressão gênica de áreas cerebrais essenciais para o desenvolvimento da criança”

Martin Blaser adianta que futuras pesquisas deverão determinar se os antibióticos afetam diretamente o desenvolvimento do cérebro ou se as moléculas do microbioma que viajam para o cérebro perturbam a atividade do gene e causam os déficits cognitivos. “Esse estudo é preliminar, mas mostra uma forte correlação entre a alteração do microbioma e mudanças no cérebro que devem ser exploradas mais a fundo.”

Martin Laser, pesquisador da Universidade de Rutgers e autor principal do estudo.

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL- Compartilhando imagens: Megacisterna Magna (Tomografia de crânio)

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL- Compartilhando imagens: Megacisterna Magna (Tomografia de crânio)

Caso Clínico

 

Recém-nascido (RN) de 37 semanas, 1900g, PIG-ABAIXO DO PERCENTIL5 (Curva de Margotto), comprimento de 44,5 cm, perímetro cefálico de 32 cm, índice ponderal (peso/estatura3) de 2,01 <Percentil 10-PIG ASSIMÉTRICO fertilização in vitro, sem patologias prévias e nessa gestação, Apgar de 3/7. Realizado NIPT na gestação, no qual se suspeitou da Síndrome da Trissomia do 18, não foi realizado exame invasivo para diagnóstico – opção da família. Ecocardiograma mostrou valva pulmonar algo displásica, sem estenose.

Neurossonografia Neonatal-compartilhando imagens: Agenesia do corpo caloso (com ressonância magnética)

Neurossonografia Neonatal-compartilhando imagens: Agenesia do corpo caloso (com ressonância magnética)

Paulo R. Margotto.

Recém-nascido (RN) de 37 semanas e 4 dias, peso de nascimento de 2.295g, PIG assimétrico (Curva de Margotto), parto vaginal, Apgar de 8/8 mãe com pré-eclâmpsia e hipoglicemia sintomática .

 Com 6 dias de vida, realizada ultrassonografia que mostrou aspectos específicos compatíveis com Agenesia Calosa.

Com 9 dias de vida, realizada a Ressonância Magnética que  mostrou: sinais de disgenesia do corpo caloso, não se identificando nenhuma porção do mesmo neste exame, com alteração da morfologia dos ventrículos laterais,  colpocefalia, além de aspecto radiado dos giros adjacentes (alteração da morfologia do giro do cíngulo, bem como a rotação hipocampal bilateral. Não há evidência de hemorragia intraparenquimatosa aguda, coleções líquidas extra-axiais ou desvio das estruturas da linha média. Tronco encefálico e hemisférios cerebelares sem alterações significativas. Cisternas da base livres. Fluxo habitual nas grandes artérias dos sistemas vertebrobasilar e carotídeo, segundo o critério Spin-Echo. Não evidenciamos restrição a difusão da água. Transição craniovertebral de aspecto habitual.  IMPRESSÃO DIAGNÓSTICA: Agenesia Calosa.