Categoria: Distúrbios Renais

Associação entre exposições à furosemida versus clorotiazida com sódio, potássio e cloreto séricos em lactentes com displasia broncopulmonar

Associação entre exposições à furosemida versus clorotiazida com sódio, potássio e cloreto séricos em lactentes com displasia broncopulmonar

Association of furosemide versus chlorothiazide exposures with serum sodium, potassium, and chloride among infants with bronchopulmonary dysplasia. Nelin TD, Huber M, Jensen EA, DeMauro SB, Morris H, Lorch SA, Gibbs K, Alexiou S, Napolitano N, Bustin A, Bamat NA.J Perinatol. 2025 Mar;45(3):312-318. doi: 10.1038/s41372-024-02159-z. Epub 2024 Nov 5.PMID: 39501014 Artigo Grátis! Estados Unidos.

Realizado por Paulo R. Margotto

Os diuréticos são a classe de medicamentos mais usada, com furosemida e clorotiazida sendo os medicamentos mais frequentemente prescritos, apesar dos dados limitados de eficácia e segurança para esses medicamentos Embora sejam conhecidos por afetar os níveis de eletrólitos em adultos e crianças, faltam dados comparando o impacto da furosemida e da clorotiazida nos níveis de eletrólitos plasmáticos em bebês com DBP de alto grau. Este estudo  questiona a presunção de que  o efeito diurético mais fraco da clorotiazida por atuar no túbulo contorcido distal esteja associado a menores distúrbios eletrolíticos do que para a furosemida (atua na alça de Henle ) na prática clínica. Os presentes autores  demonstraram que não encontraram diferença significativa nas alterações séricas de sódio, potássio ou cloreto após a administração de furosemida em comparação à clorotiazida (clorotiazida não está associada a menor perda de eletrólitos em comparação à furosemida, desafiando a suposição de que seja um diurético “mais suave” nesse contexto).

Uma revisão narrativa das aplicações clínicas da NIRS renal e integração com a NIRS cerebral na UTIN

Uma revisão narrativa das aplicações clínicas da NIRS renal e integração com a NIRS cerebral na UTIN


narrative review of the clinical applications of renal NIRS and integration with cerebral NIRS in the NICU.
Rallis D, Christou H, Abdulhayoglu E, El-Dib M.J Perinatol. 2025 Apr 15. doi: 10.1038/s41372-025-02303-3. Online ahead of print.PMID: 40234599 Review.

Realizado por Paulo R. Margotto

Bebês prematuros e a termos gravemente doentes são vulneráveis ​​à perfusão prejudicada de órgãos, o que está associado a maiores taxas de morbidade e mortalidade. A NIRS renal, em combinação com a NIRS cerebral, foi introduzida na prática clínica da UTIN como uma ferramenta de monitoramento, fornecendo avaliação simultânea contínua da oxigenação renal e cerebral e visando melhorar os cuidados e resultados neonatais.  A NIRS renal está sendo empregada na UTIN em conjunto com a NIRS cerebral em neonatos gravemente enfermos, pois pode ser mais sensível do que a monitorização cerebral a alterações agudas no equilíbrio da oxigenação, permitindo uma avaliação contínua da oxigenação renal e cerebral. Uma interpretação sistemática da integração renal com a NIRS cerebral é, portanto, necessária na prática clínica para melhorar os desfechos neonatais.

 

Proteinúria em recém-nascidos prematuros: influência da restrição do crescimento fetal (RCF)

Proteinúria em recém-nascidos prematuros: influência da restrição do crescimento fetal (RCF)

Proteinuria in preterm neonatesinfluence of fetal growth restriction.Sehgal A, Levins C, Yeomans E, Lu Z, Metz D.J Perinatol. 2025 Apr 19. doi: 10.1038/s41372-025-02306-0. Online ahead of print.PMID: 40253560. Artigo Gratis!

Realizado por Paulo R. Margotto.

Esse estudo  observacional prospectivo, descreve pela primeira vez proteinúria significativamente maior no primeiro mês de vida em neonatos RCF-PIG, em comparação a neonatos AIG de idade gestacional equivalente. Esse fenômeno é devido à redução do número de néfrons e da superfície de filtração, com subsequente hiperfiltração glomerular para manter a depuração equivalente. Essa associação (RCF-PIG e nefrogênese imperfeita)  pode aumentar o risco de insuficiência renal e doença renal terminal na vida adulta. Parece que RCF-PIG é um fator de risco para o desenvolvimento de doença renal progressiva e médicos renais pediátricos e adultos devem rotineiramente explorar o histórico de prematuridade e RCF em populações de paciente.

Terapias de Substituição Renal em Neonatos – Questões e Ética.

Terapias de Substituição Renal em Neonatos – Questões e Ética.

Renal replacement therapies in neonates: issues and ethicsRees L.Semin Fetal Neonatal Med. 2017 Apr;22(2):104-108. doi: 10.1016/j.siny.2016.11.001. Epub 2016 Nov 11.PMID: 27843077 Artigo Gratis!  Review.

Apresentação: Amanda Batista Alves (R5) e Loyanne Vilela Menezes (R4)

                                                                         Coordenação: Marta David Rocha de Moura

A Decisão de iniciar diálise envolve questões éticas complexas, particularmente na criança com comorbidades que também afetam sua sobrevivência e qualidade de vida, e em partes do mundo com recursos limitados. Em uma pesquisa com equipes de nefrologia pediátrica no Canadá, Alemanha, Japão, Reino Unido e Estados Unidos em 2010, 30% dos nefrologistas pediátricos disseram que ofereceriam Terapia de Reposição Renal (TRR) a todos os recém-nascidos e 50% a todos os bebês de um a 12 meses. 50% acreditavam que os pais nunca podem recusar a TRR para crianças de 1 a 12 meses, em comparação com 27% para bebês mais novos. O fator mais influente na rejeição da TRR para bebês foi a comorbidade. Nos complementos 3 excelentes Palestras do Dr. David J Askenazi (EUA) (2023) ocorridas no III Encontro Internacional de Neonatologia realizado em Gramado (RS), entre os dias 13 e 15 de abril de 2023.

Reconhecimento do Diagnóstico de Lesão Renal Aguda (LRA) na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

Reconhecimento do Diagnóstico de Lesão Renal Aguda (LRA) na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

Recognition of acute kidney injury diagnosis in the neonatal intensive care unit.Vincent K, Laney Z, Rutledge A, Newman JC, Selewski DT, Steflik HJ.J Perinatol. 2024 Aug 22. doi: 10.1038/s41372-024-02095-y. Online ahead of print.PMID: 39174727 No abstract available.

Realizado por Paulo R. Margotto.

A lesão renal aguda (LRA) ocorre frequentemente na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), mas muitas vezes não é detectada. A LRA ocorreu em ~40% dos bebês de muito baixo peso ao nascer, mas foi registrada no resumo de alta em apenas 13,5% dos sobreviventes. Um único episódio de LRA neonatal está agudamente associado ao aumento da mortalidade e pode levar à doença renal crônica (DRC) com persistência da disfunção renal na primeira infância. Sem o reconhecimento precoce, o acompanhamento ambulatorial adequado não pode ocorrer. Após até mesmo um episódio de LRA, os neonatos correm o risco de desenvolver hipertensão, hiperfiltração, proteinúria e/ou outros sinais de doença renal crônica. A melhoria no reconhecimento e diagnóstico da LRA  continua sendo um próximo passo importante na redução da morbidade e mortalidade, tanto na UTIN quanto mais tarde na vida. Considere o balanço hídrico como um sinal vital, monitorem a pressão arterial, a função renal e a proteinúria nos prematuros extremos. A avaliação da sua resposta está no débito urinário e na creatinina.

Persistência do canal arterial e repercussões no cérebro prematuro

Persistência do canal arterial e repercussões no cérebro prematuro

Valerie Chock (EUA). NEOBRAIN BRASIL, São Paulo, 8-9 março de 2024.

Realizado por Paulo R. Margotto.

 

Tanto a saturação cerebral (Csat) como a renal (Rsat) estavam baixas na PCA hemodinamicamente significativa (hsPCA) que melhoraram com o uso da indometacina. Pressões arteriais mais baixas durante um importante PCA hemodinamicamente significativa e menor oxigenação cerebral regional com maior extração de oxigênio cerebral. Isto provavelmente indicou um fornecimento reduzido de oxigênio induzido pelo roubo ductal e uma consequente diminuição da perfusão cerebral em comparação com bebês controle sem PCA. o tratamento da hsPCA com paracetamol não afeta a oxigenação e a perfusão cerebral em bebês  muito prematuros e isso confirma seu bom perfil de segurança. Bebês que necessitam de ligadura cirúrgica de hsPDA podem ter risco aumentado de passividade da pressão cerebral nas 6 horas após a cirurgia. O Risco da síndrome pós – ligadura  é de  28-45%  e está associado a maior mortalidade. O monitoramento NIRS cerebral e somático no pós-operatório pode melhorar a identificação  da síndrome pós-ligadura da hsPCA em estágios iniciais.

APRESENTAÇÃO: Sobrecarga de fluidos neonatais- ignorância não é mais uma benção!

APRESENTAÇÃO: Sobrecarga de fluidos neonatais- ignorância não é mais uma benção!

Neonatal fluid overload-ignorance is no longer bliss.Weaver LJ, Travers CP, Ambalavanan N, Askenazi D.Pediatr Nephrol. 2023 Jan;38(1):47-60. doi: 10.1007/s00467-022-05514-4. Epub 2022 Mar 29.PMID: 35348902 Review.

Apresentação:  Lucas do Carmo R5 NEO e  Camila Luz R4 NEO. Coordenação: Marta David R. de Moura e Paulo R. Margotto.

Interessantíssimo artigo de revisão! O acúmulo excessivo de líquido pode resultar em edema intersticial e disfunção de múltiplos órgãos.  Nas últimas décadas, o impacto prejudicial da sobrecarga de fluidos foi ainda mais importante nas populações adulta e pediátrica.  Evidências crescentes destacam a importância de monitorar, prevenir, controlar e tratar adequadamente a sobrecarga de fluidos. Isso se torna difícil pela própria fisiopatologia das doenças e da fisiologia única do recém nascido, além das rápidas mudanças pós-natais em vários sistemas.

Sobrecarga de fluidos neonatais – a ignorância não é mais uma felicidade

Sobrecarga de fluidos neonatais – a ignorância não é mais uma felicidade

Neonatal fluid overload-ignorance is no longer bliss. Weaver LJ, Travers CP, Ambalavanan N, Askenazi D.Pediatr Nephrol. 2023 Jan;38(1):47-60. doi: 10.1007/s00467-022-05514-4. Epub 2022 Mar 29.PMID: 35348902 Review.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Uma maior conscientização dos médicos sobre o impacto da sobrecarga de líquidos ajudará a melhorar o reconhecimento e a implementação de terapias destinadas a reduzir o acúmulo de líquidos. O manejo precoce e direcionado da sobrecarga de fluidos pode ajudar os profissionais a melhorar os resultados. Além disso, o KST com máquinas que possuem volume extracorpóreo menor agora pode ser usado para prevenir ou tratar o excesso de líquidos em bebês que não respondem à terapia médica. São necessários estudos básicos, translacionais e clínicos para colmatar as lacunas de conhecimento restantes e melhorar a nossa atual compreensão limitada da sobrecarga de fluidos neonatais.

Indicações e Enfoque Atual na Terapia de Suporte Renal do Recém-Nascido com Lesão Renal Aguda e Sobrecarga Hídrica

Indicações e Enfoque Atual na Terapia de Suporte Renal do Recém-Nascido com Lesão Renal Aguda e Sobrecarga Hídrica

Palestra administrada pelo David J Askenazi (EUA) no III Encontro Internacional de Neonatologia realizado em Gramado (RS), entre os dias 13 e 15 de abril de 2023, sob Coordenação dos Drs. Renato S. Procianoy e Rita Silveira.

Realizado por Paulo R. Margotto

O manejo de lactentes que necessitam de diálise de manutenção representa um desafio significativo para os nefrologistas pediátricos. No final da década de 1990, apenas 50% dos nefrologistas pediátricos recomendavam o início da terapia renal substitutiva (em lactentes com doença renal terminal).  Desde então, essa atitude foi um pouco alterada por relatos indicando resultados favoráveis ​​no crescimento, desenvolvimento e transplante renal em lactentes em terapia de diálise, com tratamento médico e nutricional cuidadosos. As causas mais comuns de insuficiência renal foram anomalias congênitas do rim e do trato urinário, seguidas por rins císticos, dos quais 80% doença renal policística autossômica recessiva  e o restante doença renal cística medular, necrose cortical  e doença vascular renal (9-3,4%). A sobrevida ao s5 anos é de 76,6%A diálise peritoneal (DP) de manutenção representa a modalidade de diálise preferida em lactentes.  As vantagens sobre a hemodiálise (HD) incluem preservação potencialmente melhor da função renal residual, menos restrições dietéticas, evita  colocação de acesso vascular central e a opção de realizar diálise em casa, embora isso exija esforço intenso da família. a sobrevida do paciente e o acesso ao transplante renal  pareceram semelhantes para lactentes iniciando terapia de diálise em DP ou HD, sugerindo que a HD pode representar uma modalidade de diálise alternativa segura e eficaz em lactentes com insuficiência renal crônica.  Cuidado com velhos dados no desvio de paradigma! Muitos pais  são informados  de que seus fetos com anomalias renais tem 0% de chance de sobrevivência a longo prazo, com sugestão de término da gravidez. Assim   a muitos  bebês com  anomalias renais  não é dada a chance. Muitos bebês Não recebem ótimo cuidado e suporte. Indicações para a diálise: acidose, -distúrbios eletrolíticos, intoxicação com  droga que pode ser dializada, sobrecarga de fluidos (retenção de água), uremia. O acúmulo de liquido é ruim, constituindo razão porque muitos pacientes neonatais e pediátricos recebem Terapia de Suporte Renal. Devemos iniciar a Terapia de Suporte Renal quando há um comprometimento impeditivo resultante da inabilidade do rim fazer o seu trabalho. Segundo Einstein: A pessoa inteligente resolve o problema e a pessoa sábia evita o problema. A Diálise peritoneal é mais barata, fácil, causa maior extravasamento. É muito mais problemática, mas se você não tem condições de realizar  extracorpórea a opção correta é a diálise peritoneal. A extracorpórea é mais cara, precisa de maior treinamento, o controle é muito rígido a cada hora, o risco de infecção é muito mais baixo, não há fluido no abdômen que pode comprometer a função pulmonar e se você não tiver habilidade com  Diálise Peritoneal, USE A EXTRACROPÓREA. Entre os benefícios da hemodiálise: não precisa usar anticoagulante, pode ajustar a concentração de dextrose para mudar o gradiente de dextrose (1,5%, 2.5% e 4,25%)   que nos permite colocar mais  líquido  ao longo do tempo. Agora há uma máquina chamada CARPEDIEM especificamente concebida para os prematuros de baixo peso (associada cm maior sobrevida). Esses novos dispositivos já estão disponíveis, não talvez no seu Hospital, mas quem sabe em 1 aos ou 5 anos! Nós e outros estamos mostrando que a Terapia de Substituição Renal  é segura e efetiva. Não há mais acidentes com o uso dessas máquinas.

 

MANEJO DO RECÉM-NASCIDO COM LESÃO AGUDA RENAL E SOBRECARGA HÍDRICA

MANEJO DO RECÉM-NASCIDO COM LESÃO AGUDA RENAL E SOBRECARGA HÍDRICA

Palestra proferida pelo David J Askenazi (EUA) no III Encontro Internacional de Neonatologia realizado em Gramado (RS), entre os dias 13 e 15 de abril de 2023.

Realizado por Paulo R. Margotto

Temos que avaliar o risco e identificar os fatores de riscos para LRA e sobrecarga hídrica. Os dois maiores fatores de risco para LRA neonatal são  o parto prematuro e baixo peso ao nascer. Ambos os fatores aumentam o risco de LRA por meio de um caminho comum: nefrogênese prejudicada e dotação reduzida de néfrons, o que leva ao comprometimento da função tubular renal (com desrregulação e desidratação associadas ao equilíbrio de fluidos e eletrólitos) e baixa taxa de filtração glomerular (GFR). Outros fatores de risco comuns de LRA incluem desidratação em neonatos com alta perda insensível de água, certa combinações de medicamentos como vancomicina e piperacilina-tazobactam e neonatos com choque por hiperplasia adrenal ou cardiopatia congênita. Acreditamos que a identificação de eventos de alto risco, com avaliação periódica para LRA durante esses eventos, pode melhorar os resultados.Assim, nesses pacientes dever ser obtida a creatinina sérica (SCr) e monitorada a produção de urina. O uso do programa Nephrotoxic Injury Negated by Just-in-time Action- Lesão Nefrotóxica Negada por Ação na Hora Certa ( NINJA) foi eficaz na redução das taxas de LRA em neonatos na UTIN, com uma  alta taxa de vigilância de SCr nos pacientes com medicações nefrotóxicas. A avaliação da resposta está no débito urinário (DU) E SCr. Quando à creatinina não está caindo, talvez esteja ocorrendo algo  e pode ser um alerta. A mensagem que deixo é: procure lesão renal aguda, procures padrões e  tendências. Use o Balanço Hídrico como um sinal vital! À medida que avançamos na resposta dos pacientes que recebem líquidos, realizamos esse mnemônico “CAN-UP-LOTS” (Causa, albumina, medicações nefrotóxicas, acido úrico, ultrafiltração, perfusão Lasix stress test, débito urinário, total de ingesta de fluido e esteroide). Recomendamos, quando possível  o uso da SCr e o DU (identifica pacientes com maior risco de morbidade e mortalidade). Na Reabilitação, é preciso saber que esses bebês que  saem da UTI neonatal  têm risco de lesão renal crônica, principalmente os prematuros extremos e os pequenos para a idade gestacional. Esses bebês, precisam de monitoração da pressão arterial, função renal  e da proteinúria. Quando os rins não funcionam você se torna a máquina de homeostase. SE ENVOLVA NA SUA UTI, talvez você não possa mudar tudo o que está acontecendo  quanto ao manejo renal, mas tente encontrar 2-3 daqueles 5 R´s que mencionei e tente melhorar a Assistência  aos  seus pacientes.