Categoria: Distúrbios Respiratórios

Extubação não planejada em neonatos extremamente prematuros: incidência, fatores de risco e impacto nos resultados clínicos

Extubação não planejada em neonatos extremamente prematuros: incidência, fatores de risco e impacto nos resultados clínicos


Association of unplanned extubations and neurodevelopmental outcomes in very low birthweight infants.
Golden A, Neel ML, Goode R, Alrifai MW, Hatch LD 3rd.J Perinatol. 2024 Dec 28. doi: 10.1038/s41372-024-02203-y. Online ahead of print.PMID: 39733197 No abstract available. Artigo Gratis! Estados Unidos

Apresentado por Letícia Perci, R4 de Neonatologia do Hospital Santa Lucia Sul/DF

Coordenação: Paulo R. Margotto.

O estudo descobriu que extubações não planejadas foram associadas a resultados cognitivos mais baixos em dois anos de idade corrigida, além de maior tempo em ventilação. Estudo realizado no Catar mostrou que as extubações não planejadas associatam-se a maior incidência de displasia broncopulmonar grave, a maior uso de esteroide pós-natal e a maior tempo de internação hospitalar, além de taxas maiores de distúrbios neurológicos. Monografia realizada no HMIB (2022) mostrou que a taxa de falha de extubação correu em 56% dos RN de extremo baixo peso!

O tratamento de recém-nascidos europeus muito prematuros com óxido nítrico inalado aumentou a mortalidade hospitalar, mas não afetou o neurodesenvolvimento aos 5 anos de idade

O tratamento de recém-nascidos europeus muito prematuros com óxido nítrico inalado aumentou a mortalidade hospitalar, mas não afetou o neurodesenvolvimento aos 5 anos de idade

Treating very preterm European infants with inhaled nitric oxide increased inhospital mortality but did not affect neurodevelopment at 5 years of age.Siljehav V, Gudmundsdottir A, Tjerkaski J, Aubert AM, Cuttini M, Koopman C, Maier RF, Zeitlin J, Åden U; Screening to Improve Health in Very Preterm Infants in Europe (SHIPS) Research Group.Acta Paediatr. 2024 Mar;113(3):461-470. doi: 10.1111/apa.17075. Epub 2023 Dec 23.PMID: 38140833.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Há um debate em andamento sobre o uso de iNO para bebês prematuros. Nessa amostra de 7268 RN (27-31 sem). Este estudo encontrou uma associação entre o uso de iNO em bebês muito prematuros e o aumento da mortalidade hospitalar, mas os resultados do neurodesenvolvimento aos 5 anos de idade não foram afetados .A ética do uso de iNO na prática clínica de rotina é duvidosa. Poderíamos argumentar que todos os clínicos têm a responsabilidade ética de usar todos os tratamentos que eles acham que podem salvar vidas. No entanto, eles também têm a responsabilidade ética de reter tal tratamento quando faltam evidências de eficácia. Uma resposta clínica aguda ao iNO não precisa ser equivalente aos benefícios da sobrevivência. Além disso, o custo do uso de iNO sem evidências de eficácia não pode ser ignorado.

Ventilação oscilatória eletiva de alta frequência versus ventilação mecânica convencional na doença pulmonar crônica ou morte em recém-nascidos prematuros administrados com surfactante: uma revisão sistemática e metanálise

Ventilação oscilatória eletiva de alta frequência versus ventilação mecânica convencional na doença pulmonar crônica ou morte em recém-nascidos prematuros administrados com surfactante: uma revisão sistemática e metanálise

Elective high frequency oscillatory ventilation versus conventional mechanical ventilation on the chronic lung disease or death in preterm infants administered surfactant: a systematic review and metaanalysis. Yu X, Tan Q, Li J, Shi Y, Chen L.J Perinatol. 2024 Dec 2. doi: 10.1038/s41372-024-02185-x. Online ahead of print.PMID: 39623024.

Realizado por Paulo R. Margotto.

A metanálise incluiu 11 estudos elegíveis e 1835 participantes foram incluídos na análise subsequente. Em  comparação com VMC, a HFOV eletiva estava relacionada a menos doença pulmonar crônica ou morte (RR 0,76, IC 95% 0,61–0,94, p  = 0,01). Foi consistente com as vantagens teóricas da HFOV sobre VMC e estudos anteriores em animais. No subgrupo de >1 dose de surfactante (bebês mais graves), a HFOV eletiva foi associada a menos doença pulmonar crônica ou morte em comparação com a VMC (RR 0,87, IC 95% 0,77–0,98, p  = 0,02). Nos complementos, excelente estudo sobre ventilação de alta frequência (vale a pena consultar!).

Síndrome de aspiração de mecônio na ausência de líquido amniótico manchado de mecônio — Um paradoxo

Síndrome de aspiração de mecônio na ausência de líquido amniótico manchado de mecônio — Um paradoxo

Meconium aspiration syndrome in the absence of meconium-stained amniotic fluid-A paradox. Padre J, Chen J, Devadas R, Rasheed A, O’Neill A, Martin C, Lissaman C, Thomas N.Acta Paediatr. 2024 Nov;113(11):2408-2410. doi: 10.1111/apa.17363. Epub 2024 Jul 22.PMID: 39037283 No abstract available. Artigo Gratis!

 Realizado por Paulo R. Margotto.

Trata-se de um bebê a termo de 3.340g, , parto vaginal, sendo intubado aos 13 min de vida, secreções faríngeas orais não coradas por mecônio, sem coloração de mecônio no umbigo pele ou leito ungueal. RX de tórax mostrou extensa opacificação pulmonar irregular e grosseira com áreas de atelectasia sugestivas de síndrome de aspiração meconial, submetido a hipotermia terapêutica. O bebê recebeu ventilação convencional, no entanto, a piora da insuficiência respiratória hipóxica exigiu escalada para ventilação oscilatória de alta frequência com administração de surfactante intratraqueal. Ele tinha hipertensão pulmonar persistente (HPPRN) que respondeu ao óxido nítrico inalado junto com sedação e infusão de prostaglandina. A histologia da placenta mostrou MACRÓFAGOS CARREGADOS DE MECÔNIO DENTRO DO ÂMNIO. Alta aos 24 dias de vida e aos 5 meses sem problemas respiratórios e cm neurodesenvolvimento normal. Este é o primeiro caso de MAS diagnosticado na ausência de MSAF e foi baseado na histologia placentária, e assim, prevenindo investigações mais extensas, caras e invasivas.

Fatores de risco neonatais para estenose da veia pulmonar em bebês prematuros com displasia broncopulmonar grave

Fatores de risco neonatais para estenose da veia pulmonar em bebês prematuros com displasia broncopulmonar grave

Neonatal Risk Factors for Pulmonary Vein Stenosis in Infants Born Preterm with Severe Bronchopulmonary Dysplasia. McArthur E, Murthy K, Zaniletti I, Sharma M, Lagatta J, Ball M, Porta N, Grover T, Levy P, Padula M, Hamrick S, Vyas-Read S; CHNC Severe BPD and Cardiology Focus Groups.J Pediatr. 2024 Dec;275:114252. doi: 10.1016/j.jpeds.2024.114252. Epub 2024 Aug 22.PMID: 39181320.

Realizado por Paulo R. Margotto.

A mortalidade de bebês prematuros com estenose da veia pulmomnar (EVP) se aproxima de 57% e, entre aqueles com displasia broncopulmonar (DBP), as estimativas de mortalidade se aproximam de 71%. DBP com hipertensão pulmonar aumenta 5 x mais o risco de EVP. No modelo multivariável ajustado para fatores neonatais significativo, a EVP foi associado a PIG, hipertensão pulmonar, enterocolite necrosante  cirúrgica e defeito no septo atrial (principalmente na trisssomia do 21!). Os bebês com EVP tiveram 4,3 vezes mais chances de estar em ventilação mecânica invasiva com 36 semanas de idade gestacional pós-mensrual em relação aos controles. Cuidado com o uso de vasodilatadores: edema pulmonar! Porque aumentaria  o sangue que volta para a circulação pulmonar .

Mobilidade progressiva precoce para melhorar o neurodesenvolvimento de lactentes com Displasia Broncopulmonar (DBP) grave em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal nível IV: um estudo de coorte prospectivo

Mobilidade progressiva precoce para melhorar o neurodesenvolvimento de lactentes com Displasia Broncopulmonar (DBP) grave em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal nível IV: um estudo de coorte prospectivo

Early progressive mobility to improve neurodevelopment of infants with severe bronchopulmonary dysplasia at a level IV neonatal intensive care unit: a prospective cohort study.Morris H, Nilan K, Burkhardt M, Wood A, Passarella M, Gibbs K, DeMauro SB.J Perinatol. 2024 Nov 13. doi: 10.1038/s41372-024-02168-y. Online ahead of print.PMID: 39537815.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Este estudo mostra que a viabilidade da mobilidade progressiva precoce (MPP) precoce em bebês intubados com DBP grave  associou-se com  habilidades motoras mais avançadas no Teste de Desempenho Motor Infantil (maiores impactos benéficos no desenvolvimento motor precoce)  e não houve associação com extubações não planejadas. A MPP incluiu: Sessões de fisioterapia e terapia ocupacional, mudança das posições dos bebês, incluindo sentá-los e movê-los para uma posição sentada em uma cadeira ou outro dispositivo de posicionamento, colocá-los pele a pele. O bebês do estudo não experimentaram aumentos sustentados no suporte respiratório ou exposição adicional significativa a medicamentos sedativos. A aquisição do controle da cabeça é uma das primeiras habilidades motoras a ser dominada por bebês pequenos, surgindo por volta de um mês de idade corrigida. Habilidades iniciais, como o controle da cabeça, estabelecem a base para habilidades motoras subsequentes, bem como o desenvolvimento de habilidades em outros domínios, como visão, cognição, interação social e habilidades de alimentação.

 

Displasia broncopulmonar (DBP) grave afeta negativamente o crescimento cerebral em bebês prematuros

Displasia broncopulmonar (DBP) grave afeta negativamente o crescimento cerebral em bebês prematuros

Severe Bronchopulmonary Dysplasia Adversely Affects Brain Growth in Preterm Infants. Shimotsuma T, Tomotaki S, Akita M, Araki R, Tomotaki H, Iwanaga K, Kobayashi A, Saitoh A, Fushimi Y, Takita J, Kawai M.Neonatology. 2024 Apr 22:1-9. doi: 10.1159/000538527. Online ahead of print.PMID: 38648742. Japão.

Realizado por Paulo R.Margotto.

Neste estudo, os volumes cerebrais do cérebro total e da substância branca cerebral aos 18 meses de idade corrigida em crianças nascidas prematuras com DBP grave foram significativamente menores do que aqueles em crianças nascidas prematuras sem DBP grave. O grupo com DBP grave teve pontuações de quociente de desenvolvimento mais baixas (total, área postural-motora e área cognitivo-adaptativa) do que o grupo com DBP não grave. Em bebês prematuros, a lesão da substância branca e a hipomielinização podem ser causadas por hipóxia intermitente devido à DBP grave, o que pode levar a uma diminuição na neurogênese ou proliferação neuronal e desaceleração da velocidade de crescimento na substância branca.

Influência da alimentação enteral total precoce em recém-nascidos pré-termos com síndrome do desconforto respiratório.

Influência da alimentação enteral total precoce em recém-nascidos pré-termos com síndrome do desconforto respiratório.

Influence of Early Total Enteral Feeding in Preterm Infants with Respiratory Distress Syndrome. Anand R, Nangia S. Neonatology. 2024 Jul 17:1-7. doi: 10.1159/000539544. Online ahead of print.PMID: 39019022.

Realizado por Paulo R. Margotto

Já é do nosso conhecimento que o atraso na alimentação enteral leva a uma duração prolongada da nutrição parenteral que, em última análise, aumenta os riscos infecciosos e metabólicos, levando a um crescimento e neurodesenvolvimento subsequentes deficientes entre bebês prematuros. O presente estudo sugere que recém-nascidos prematuros hemodinamicamente estáveis ​​com Síndrome do Desconforto Respiratório em suporte respiratório podem ser alimentados com sucesso com alimentação enteral exclusiva iniciada imediatamente após o nascimento. A nutrição enteral total precoce resulta na obtenção precoce de alimentação completa e reduz a incidência de sepse e a duração da internação hospitalar sem aumentar o risco de enterocolite necrosante.

 

Análise clínica da terapia com óxido nítrico inalatório em recém-nascidos prematuros em diferentes idades gestacionais: um estudo multicêntrico retrospectivo nacional

Análise clínica da terapia com óxido nítrico inalatório em recém-nascidos prematuros em diferentes idades gestacionais: um estudo multicêntrico retrospectivo nacional

Clinical Analysis of Inhaled Nitric Oxide Therapy in Preterm Infants at Different Gestational Ages: A National Retrospective Multicenter Study. Liang GB, Wang L, Huang SQ, Feng BY, Yao ML, Fan XF, Wang MJ, Zhu L, Zhang J, Zheng Z, Zhu Y, Shen W, Duan WL, Mao J, Wu F, Li ZK, Xu FL, Ma L, Wei QF, Liu L, Lin XZ.Am J Perinatol. 2024 Oct 8. doi: 10.1055/a-2419-0021. Online ahead of print.PMID: 39379026 Artigo Gratis!

Realizado por Paulo R. Margotto.

Os dados clínicos de 434 bebês prematuros com IG  < 34 semanas, tratados com iNO nos departamentos de neonatologia de oito hospitais terciários de Classe A na China durante um período de 10 anos de janeiro de 2013 a dezembro de 2022, foram incluídos nesta investigação multicêntrica retrospectiva. Os bebês foram divididos em três grupos com base na idade gestacional (IG): 24 a 27 semanas (bebês extremamente prematuros), 28 a 31 semanas (bebês muito prematuros) e 32 a 33 semanas (bebês prematuros moderados). O uso de iNO foi mais prevalente em bebês com menor IG. O efeito do tratamento foi geralmente ruim em todos os estratos de IG. Isso pode ser devido à displasia alveolar, pois esses bebês prematuros estão nos estágios canalicular e sacular inicial do desenvolvimento pulmonar. A baixa eficácia do iNO pode estar relacionada à ausência de hipertensão pulmonar em bebês prematuros diagnosticados com insuficiência respiratória hipóxica. Esse estudo examinou complicações de curto prazo em bebês prematuros tratados com iNO e encontrou as maiores taxas de infecção de início tardio, ROP necessária para intervenção, hemorragia intraventricular (HIV) graus 3 ou 4, leucomalácia periventricular, enterocolite necrosante (≥estágio II) e DBP (moderada a grave) em bebês extremamente prematuros. Essas taxas aumentaram conforme a IG diminuiu. Bebês prematuros com peso ao nascer ≤ 1.000 g que receberam iNO tiveram mortalidade significativamente aumentada e maior incidência de HIV. O iNO não conseguiu prevenir ou reduzir a ocorrência de displasia broncopulmonar. O National Institutes of Health (NIH) e um relatório clínico da American Academy of Pediatrics (AAP)  não recomendarem o uso de iNO em recém-nascidos prematuros, no entanto,  o uso de iNO em recém-nascidos prematuros é comum em ambientes acadêmicos e não acadêmicos, como a NICHD Neonatal Research Network, a Canadian Neonatal Network e as instituições Pediatrix. O custo mediano do iNO foi de US$ 7.695/paciente.

O número de transfusões de sangue recebidas e a incidência e gravidade da doença pulmonar crônica entre pacientes da UTIN nascidos com mais de 31 semanas de gestação

O número de transfusões de sangue recebidas e a incidência e gravidade da doença pulmonar crônica entre pacientes da UTIN nascidos com mais de 31 semanas de gestação

The number of blood transfusions received and the incidence and severity of chronic lung disease among NICU patients born >31 weeks gestation.Bahr TM, Ohls RK, Henry E, Davenport P, Ilstrup SJ, Kelley WE, Yoder BA, Sola-Visner MC, Christensen RD.J Perinatol. 2024 Oct 15. doi: 10.1038/s41372-024-02135-7. Online ahead of print.PMID: 39402132.

Realizado por Paulo R. Margotto

Este estudo é um dos primeiros a investigar a relação entre transfusão e doença pulmonar em bebês que nasceram com >31 semanas de gestação.  751 bebês constituíram a coorte de estudo 354 bebês (47%) foram identificados como não portadores de Doença Pulmonar Crônica (DPC)e 397 (53%) como portadores de DPC. Os  bebês com DPC grave receberam uma mediana de oito transfusões com uma variação de 0–63. Os autores mostraram  uma associação estatística entre transfusões e o desenvolvimento de DPC entre pacientes de UTIN nascidos >31 semanas, assim como reconhecemos anteriormente entre transfusões e DBP em bebês nascidos em idades gestacionais mais precoces. Esse achado  pode ser devido a diferenças nas células sanguíneas de adultos vs. neonatos; provavelmente envolvendo efeitos pró-inflamatórios de eritrócitos e plaquetas adultos transfundidos em neonatos doentes. Aderir a Diretrizes de transfusão mais restritivas pode reduzir a incidência e/ou gravidade da DPC.