Categoria: Distúrbios Respiratórios

Óxido Nítrico inalado nos prematuros<34 semanas. Quando usar (o que as evidências nos trazem)

Óxido Nítrico inalado nos prematuros<34 semanas. Quando usar (o que as evidências nos trazem)

Discussão Clínica na Unidade de Neonatologia  do Hospital Materno Infantil de Brasília

Paulo R. Margotto.

O uso  do iNO abaixo de 34 semanas, segundo A Academia Americana de Pediatria é um tratamento off – label, no entanto  o aumento do seu uso nos pré-termos, inclusive extremos tem aumentado no mundo, mesmo estudos recentes mostrando uma falha de eficácia COM INCLUSIVE AUMENTO DE MORTALIDADE .No entanto, algumas considerações tem sido levantadas a respeito do seu uso: RN 27 sem, peso ≥ 750g, ≤72 horas de vida (após os 3 dias de idade raramente respondem à terapia com óxido nítrico),  rotura prematura de membranas, oligohidrâmnio, hipertensão pulmonar precoce associada a insuficiência respiratória hipoxêmica (IRH). SEM IRH O iNO É INÚTIL! Avalie a resposta: avalie resposta (FiO2 após 4 horas): queda ≥0,2 na FiO2: responsível. O surfactante deve ser administrado antes do iNO se clinicamente indicado. Otimizar o suporte ventilatório e hemodinâmico. Contra-indicações: cardiopatia congênita com perfusão sistêmica dependente de ductos, disfunção ventricular esquerda grave, metemoglobinemia congênita grave, insuficiência respiratória crônica por doença parenquimatosa pulmonar sem hipertensão pulmonar e uso profilático para prevenir displasia broncopulmonar. Use por 3 a 5 dias. Responsível:  queda da FiO2 ≥0,2 após 4horas.

Precisão hemodinâmica para orientar o momento cirúrgico de neonatos com hérnia diafragmática congênita: uma revisão narrativa

Precisão hemodinâmica para orientar o momento cirúrgico de neonatos com hérnia diafragmática congênita: uma revisão narrativa

 

Hemodynamic precision to guide surgical timing for neonates with congenital diaphragmatic hernia: a narrative review. Wren JT Jr, Patel N, Harting MT, McNamara PJ.

J Perinatol. 2025 Mar 19. doi: 10.1038/s41372-025-02265-6. Online ahead of print.

PMID: 40108476 Review.                                                                                                                                                              Realizado por Paulo R. Margotto.

A hérnia diafragmática congênita (HDC) afeta ~1 em cada 3000 neonatos e está associada a morbidade e mortalidade significativas, secundárias a uma tríade de hipoplasia pulmonar, hipertensão pulmonar e disfunção cardíaca. Apesar dos avanços, ainda não há consenso sobre o momento ideal para o reparo do diafragma e existe uma variabilidade acentuada no momento do reparo entre os Centros. Embora seja essencial adiar o reparo cirúrgico até a estabilização clínica, é igualmente importante não adiar o reparo quando a estabilização aceitável tiver sido alcançada. A obtenção de estabilidade clínica ideal antes do reparo cirúrgico é necessária devido aos desafios hemodinâmicos significativos encontrados durante o procedimento. Esses autores endossam a consideração para o uso da avaliação hemodinâmica para orientar o tempo da cirurgia, com base na melhora da função ventricular e otimização, em vez da resolução, da hipertensão pulmonar

Tratamento com Óxido Nítrico Inalatório da Hipertensão Pulmonar Precoce para Reduzir o Risco de Morte ou Displasia Broncopulmonar em Bebês Nascidos Prematuridade extrema: um ensaio clínico randomizado controlado mascarado

Tratamento com Óxido Nítrico Inalatório da Hipertensão Pulmonar Precoce para Reduzir o Risco de Morte ou Displasia Broncopulmonar em Bebês Nascidos Prematuridade extrema: um ensaio clínico randomizado controlado mascarado

Inhaled Nitric Oxide Treatment of Early Pulmonary Hypertension to Reduce the Risk of Death or Bronchopulmonary Dysplasia in Infants Born Extremely Preterm: A Masked Randomized Controlled Trial. Mirza H, Garcia J, Zussman M, Wadhawan R, Pepe J, Oh W.J Pediatr. 2025 Mar;278:114427. doi: 10.1016/j.jpeds.2024.114427. Epub 2024 Dec 4.PMID: 39643111 Clinical Trial.

Realizado por Paulo R. Margotto.

 

Bebês ≤29 semanas que necessitaram de ventilação com pressão positiva em 72 ± 24 horas de vida, foram elegíveis para triagem ecocardiográfica de hipertensão pulmonar (HP) precoce (n=32 bebês, 16 no grupo placebo e 16 receberam iNO).NA AUSÊNCIA DE INSUFICIÊNCIA RESPIRATORIA HIPÓXICA (HRF), não foi encontrado  nenhum benefício da triagem ecocardiográfica de HP precoce (72 ± 24 h de vida) e tratamento com iNO para reduzir o risco de morte ou DBP em bebês nascidos extremamente prematuros. O tratamento com iNO de HP precoce sem insuficiência respiratória hipóxica pode ser inútil!

 

Comorbidades e desfechos tardios na hipertensão pulmonar neonatal( Uso do iNO no prematuro)

Comorbidades e desfechos tardios na hipertensão pulmonar neonatal( Uso do iNO no prematuro)

Comorbidities and Late Outcomes in Neonatal Pulmonary Hypertension.Stieren ES, Sankaran D, Lakshminrusimha S, Rottkamp CA.Clin Perinatol. 2024 Mar;51(1):271-289. doi: 10.1016/j.clp.2023.10.002. Epub 2023 Nov 7.PMID: 38325946 Review.

Apresentação: Paola Bomfim (R5 em Neonatologia do HMIB/SES/DF. Coordenação:  Carlos Alberto Zaconeta

Há um debate em andamento sobre o uso de iNO para bebês prematuros. Nessa amostra de 7268 RN (27-31 sem), este estudo encontrou uma associação entre o uso de iNO em bebês muito prematuros e o aumento da mortalidade hospitalar. A ética do uso de iNO na prática clínica de rotina é duvidosa. Uma resposta clínica aguda ao iNO não precisa ser equivalente aos benefícios da sobrevivência. Tem sido relatada maiores taxas de infecção de início tardio, ROP necessária para intervenção, hemorragia intraventricular (HIV) graus 3 ou 4, leucomalácia periventricular, enterocolite necrosante (≥estágio II) e DBP (moderada a grave) em bebês extremamente prematuros. O National Institutes of Health (NIH) e um relatório clínico da American Academy of Pediatrics (AAP)  não recomendarem o uso de iNO em recém-nascidos prematuros, no entanto,  o uso de iNO em recém-nascidos prematuros é comum em ambientes acadêmicos e não acadêmicos, como a NICHD Neonatal Research Network, a Canadian Neonatal Network e as instituições Pediatrix, principalmente se  insuficiência respiratória hipóxica  associada a hipertensão pulmonar.Custo mediano do iNO foi de US$ 7.695/paciente.

PUBLICAÇÃO 6078! Budesonida Intratraqueal Misturada Com Surfactante Para Bebês Extremamente Prematuros: O Ensaio Clínico Randomizado PLUSS

PUBLICAÇÃO 6078! Budesonida Intratraqueal Misturada Com Surfactante Para Bebês Extremamente Prematuros: O Ensaio Clínico Randomizado PLUSS


Intratracheal Budesonide Mixed With Surfactant for Extremely Preterm Infants: The PLUSS Randomized Clinical Trial
Manley BJ, Kamlin COF, Donath SM, Francis KL, Cheong JLY, Dargaville PA, Dawson JA, Jacobs SE, Birch P, Resnick SM, Schmölzer GM, Law B, Bhatia R, Bach KP, de Waal K, Travadi JN, Koorts PJ, Berry MJ, Lui K, Rajadurai VS, Chandran S, Kluckow M, Cloete E, Broom MM, Stark MJ, Gordon A, Kodur V, Doyle LW, Davis PG, McKinlay CJD; PLUSS Trial Investigators.JAMA. 2024 Dec 10;332(22):1889-1899. doi: 10.1001/jama.2024.17380.PMID: 39527075 Clinical Trial.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Ensaios anteriores menores relataram que a budesonida intratraqueal, 0,25 mg/kg, misturada com surfactante, em comparação com apenas surfactante, foi associada a um risco reduzido em mais de um terço no resultado combinado de morte ou displasia broncopulmonar (DBP). O comprometimento do neurodesenvolvimento entre 2 e 3 anos de idade também foi potencialmente reduzido em um desses ensaios. Seria a “bala de prata”na displasia broncopulmonar?  Para comprovar a eficácia da budesonida+ surfactante foi realizado esse estudo clínico randomizado paralelo, multicêntrico, duplo-cego, de 2 grupos, em 21 Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTINs) em 4 países (14 na Austrália, 5 na Nova Zelândia e 1 em Cingapura e Canadá), englobando1.059 bebês  <28 semanas (524 no grupo budesonida e surfactante e 535 no grupo somente surfactante) em um período de 5 anos. O ENSAIO NÃO DEMONSTROU NENHUMA EVIDÊNCIA CLARA DE QUE A BUDESONIDA INTRATRAQUEAL MISTURADA COM SURFACTANTE, EM COMPARAÇÃO COM SURFACTANTE APENAS, AUMENTOU A PROBABILIDADE DE SOBREVIVÊNCIA LIVRE DE DBP. No entanto, ficou uma informação: num pequeno grupo de 226 bebês que necessitaram de FiO2 ≥50% se beneficiaram da associação de budesonida+ surfactante, no entanto devendo ser conformado com um estudo maior.

Suporte respiratório não invasivo ou intubação durante a estabilização após o parto e resultados neonatais e de desenvolvimento neurológico em bebês prematuros com 23-25 semanas de gestação

Suporte respiratório não invasivo ou intubação durante a estabilização após o parto e resultados neonatais e de desenvolvimento neurológico em bebês prematuros com 23-25 semanas de gestação

Noninvasive Respiratory Support or Intubation during Stabilization after Birth and Neonatal and Neurodevelopmental Outcomes in Infants Born Preterm at 2325 Weeks of GestationLipp R, Beltempo M, Lodha A, Weisz D, McKanna J, Matthews I, Ricci MF, Hicks M, Benlamri A, Mukerji A, Alvaro R, Ng E, Luu TM, Shah PS, Abou Mehrem A; Canadian Neonatal Network, Canadian Preterm Birth Network, and Canadian Neonatal Follow Up Network Investigators. J Pediatr. 2025 Jan;276:114270. doi: 10.1016/j.jpeds.2024.114270. Epub 2024 Aug 31.PMID: 39218207 Artigo Grátis!

Apresentado por Letícia Perci, R5 de Neonatologia do Hospital Santa Lúcia Sul/DF

Coordenação: Paulo R. Margotto

Observem como faz diferença no neurodesenvolvimento quando iniciamos a assistência respiratória NAO invasiva NOS PRIMIROS 30 MINUTOS nesses prematuros extremos: menos morte ou lesão cerebral e com menor comprometimento no neurodesenvolvimento. SEMPRE QUE POSSÍVEL, mesmo nesses bebês , iniciar com SUPORTE RESPIRATÓRIO NÃO INVASIVO e não intubar imediatamente porque simplesmente trata-se de um prematuro de 23-25 semanas!!

Comorbidades e desfechos tardios na hipertensão pulmonar neonatal (nos complementos, a polêmica atual do uso do iNO nos prematuros extremos!)

Comorbidades e desfechos tardios na hipertensão pulmonar neonatal (nos complementos, a polêmica atual do uso do iNO nos prematuros extremos!)

Comorbidities and Late Outcomes in Neonatal Pulmonary Hypertension.

Stieren ES, Sankaran D, Lakshminrusimha S, Rottkamp CA.Clin Perinatol. 2024 Mar;51(1):271-289. doi: 10.1016/j.clp.2023.10.002. Epub 2023 Nov 7.PMID: 38325946 Review

Apresentação: Paola Bomfim (R5 em Neonatologia do HMIB/SES/DF. Coordenação:  Carlos Alberto Zaconeta.

Destacamos nos links a grande polêmica atual do uso de óxido nítrico inalado nos prematuros extremos . Em um dos estudo (2024) os autores citam que a ética do uso de iNO na prática clínica de rotina é duvidosa; poderíamos argumentar que todos os clínicos têm a responsabilidade ética de usar todos os tratamentos que eles acham que podem salvar vidas; o entanto, eles também têm a responsabilidade ética de reter tal tratamento quando faltam evidências de eficácia; uma resposta clínica aguda ao iNO não precisa ser equivalente aos benefícios da sobrevivência; além disso, o custo do uso de iNO sem evidências de eficácia não pode ser ignorado (US$ 7.695/paciente!). Tema esse a ser discutido breve nas nossas Reuniões Multi.

HERNIA DIAFRAGMÁTICA CONGÊNITA: Questões pré-natais, características clínicas, diagnóstico e tratamento

HERNIA DIAFRAGMÁTICA CONGÊNITA: Questões pré-natais, características clínicas, diagnóstico e tratamento

UpToDate: Congenital diaphragmatic hernia: prenatal issues / Congenital diaphragmatic hernia in the neonate: clinical features and diagnosis. Holly L. Hedrick, N. Scott Adzick, dec 2024.

Apresentação: Karoline Araújo e Camila Luz (R5 em Neonatologia do HMIB/SES/DF)

Coordenação: Diogo Pedroso

O manejo pós-natal concentra-se na estabilização cardiopulmonar. A ventilação de alta frequência continua sendo uma escolha válida para a ventilação inicial de pacientes com hérnia diafragmática. congênita

Extubação não planejada em neonatos extremamente prematuros: incidência, fatores de risco e impacto nos resultados clínicos

Extubação não planejada em neonatos extremamente prematuros: incidência, fatores de risco e impacto nos resultados clínicos


Association of unplanned extubations and neurodevelopmental outcomes in very low birthweight infants.
Golden A, Neel ML, Goode R, Alrifai MW, Hatch LD 3rd.J Perinatol. 2024 Dec 28. doi: 10.1038/s41372-024-02203-y. Online ahead of print.PMID: 39733197 No abstract available. Artigo Gratis! Estados Unidos

Apresentado por Letícia Perci, R4 de Neonatologia do Hospital Santa Lucia Sul/DF

Coordenação: Paulo R. Margotto.

O estudo descobriu que extubações não planejadas foram associadas a resultados cognitivos mais baixos em dois anos de idade corrigida, além de maior tempo em ventilação. Estudo realizado no Catar mostrou que as extubações não planejadas associatam-se a maior incidência de displasia broncopulmonar grave, a maior uso de esteroide pós-natal e a maior tempo de internação hospitalar, além de taxas maiores de distúrbios neurológicos. Monografia realizada no HMIB (2022) mostrou que a taxa de falha de extubação correu em 56% dos RN de extremo baixo peso!

O tratamento de recém-nascidos europeus muito prematuros com óxido nítrico inalado aumentou a mortalidade hospitalar, mas não afetou o neurodesenvolvimento aos 5 anos de idade

O tratamento de recém-nascidos europeus muito prematuros com óxido nítrico inalado aumentou a mortalidade hospitalar, mas não afetou o neurodesenvolvimento aos 5 anos de idade

Treating very preterm European infants with inhaled nitric oxide increased inhospital mortality but did not affect neurodevelopment at 5 years of age.Siljehav V, Gudmundsdottir A, Tjerkaski J, Aubert AM, Cuttini M, Koopman C, Maier RF, Zeitlin J, Åden U; Screening to Improve Health in Very Preterm Infants in Europe (SHIPS) Research Group.Acta Paediatr. 2024 Mar;113(3):461-470. doi: 10.1111/apa.17075. Epub 2023 Dec 23.PMID: 38140833.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Há um debate em andamento sobre o uso de iNO para bebês prematuros. Nessa amostra de 7268 RN (27-31 sem). Este estudo encontrou uma associação entre o uso de iNO em bebês muito prematuros e o aumento da mortalidade hospitalar, mas os resultados do neurodesenvolvimento aos 5 anos de idade não foram afetados .A ética do uso de iNO na prática clínica de rotina é duvidosa. Poderíamos argumentar que todos os clínicos têm a responsabilidade ética de usar todos os tratamentos que eles acham que podem salvar vidas. No entanto, eles também têm a responsabilidade ética de reter tal tratamento quando faltam evidências de eficácia. Uma resposta clínica aguda ao iNO não precisa ser equivalente aos benefícios da sobrevivência. Além disso, o custo do uso de iNO sem evidências de eficácia não pode ser ignorado.