Categoria: Farmacologia Neonatal

Comorbidades e desfechos tardios na hipertensão pulmonar neonatal (nos complementos, a polêmica atual do uso do iNO nos prematuros extremos!)

Comorbidades e desfechos tardios na hipertensão pulmonar neonatal (nos complementos, a polêmica atual do uso do iNO nos prematuros extremos!)

Comorbidities and Late Outcomes in Neonatal Pulmonary Hypertension.

Stieren ES, Sankaran D, Lakshminrusimha S, Rottkamp CA.Clin Perinatol. 2024 Mar;51(1):271-289. doi: 10.1016/j.clp.2023.10.002. Epub 2023 Nov 7.PMID: 38325946 Review

Apresentação: Paola Bomfim (R5 em Neonatologia do HMIB/SES/DF. Coordenação:  Carlos Alberto Zaconeta.

Destacamos nos links a grande polêmica atual do uso de óxido nítrico inalado nos prematuros extremos . Em um dos estudo (2024) os autores citam que a ética do uso de iNO na prática clínica de rotina é duvidosa; poderíamos argumentar que todos os clínicos têm a responsabilidade ética de usar todos os tratamentos que eles acham que podem salvar vidas; o entanto, eles também têm a responsabilidade ética de reter tal tratamento quando faltam evidências de eficácia; uma resposta clínica aguda ao iNO não precisa ser equivalente aos benefícios da sobrevivência; além disso, o custo do uso de iNO sem evidências de eficácia não pode ser ignorado (US$ 7.695/paciente!). Tema esse a ser discutido breve nas nossas Reuniões Multi.

Uma Técnica Menos Invasiva para Administração de Surfactante em Um Recém-Nascido e Termo com Síndrome de Aspiração de Mecônio Moderada.

Uma Técnica Menos Invasiva para Administração de Surfactante em Um Recém-Nascido e Termo com Síndrome de Aspiração de Mecônio Moderada.

Less Invasive Technique for Surfactant Administration in a Full-Term Newborn With Moderate Meconium Aspiration SyndromeAbusallout N, Abdulrahman S, Elhadidi A, Ben Ayad A.Cureus. 2024 Mar 30;16(3):e57293. doi: 10.7759/cureus.57293. eCollection 2024 Mar.PMID: 38690449 Artigo Gratis!

Realizado por Paulo R. Margotto.

Este relato de caso destaca a aplicação bem-sucedida da técnica  surfactante minimamente invasiva em um neonato a termo com SAM moderada. Convencionalmente essa técnica tem sido usada em neonatos prematuros com Síndrome do Desconforto Respiratório, envolve a administração de surfactante por meio de um cateter fino, potencialmente mitigando os riscos associados a procedimentos mais invasivos. A prevenção de ventilação mecânica e complicações consequentes, como pneumotórax hipertensivo, neste caso, destaca o benefício potencial dessa técnica em neonatos a termo com SAM, podendo constituir uma opção viável no tratamento da SAM no recém-nascido a termo. A vantagem dessa técnica e que permite a respiração espontânea contínua e a manutenção da capacidade residual funcional, potencialmente levando a uma melhor dinâmica de oxigenação e ventilação.

Uso de epinefrina endotraqueal inicial versus epinefrina intravenosa durante a ressuscitação cardiopulmonar neonatal na sala de parto: revisão de um banco de dados nacional

Uso de epinefrina endotraqueal inicial versus epinefrina intravenosa durante a ressuscitação cardiopulmonar neonatal na sala de parto: revisão de um banco de dados nacional

Use of Initial Endotracheal Versus Intravenous Epinephrine During Neonatal Cardiopulmonary Resuscitation in the Delivery Room: Review of a National Database.Halling C, Conroy S, Raymond T, Foglia EE, Haggerty M, Brown LL, Wyckoff MH; American Heart Association’s Get With The Guidelines–Resuscitation Investigators.J Pediatr. 2024 Aug;271:114058. doi: 10.1016/j.jpeds.2024.114058. Epub 2024 Apr 16.PMID: 38631614.

Realizado por Paulo R. Margotto.

O presente  estudo multicêntrico retrospectivo relata dados de 408 recém-nascidos que receberam epinefrina durante a reanimação cardiopulmonar na Sala de Parto (RCP-SALA DE  PARTO). Desde 2006, o Programa de Reanimação Neonatal  recomenda a administração de epinefrina preferencialmente pela veia umbilical com a ET listada como uma rota alternativa. Este estudo sugere que o uso inicial de epinefrina ET é razoável durante RCP-SALA DE PARTO, pois houve maiores taxas de retorno da circulação espontânea (ROSC) em comparação com a administração inicial de epinefrina IV (grupo de epinefrina ET inicial, no entanto, inclui bebês que também receberam epinefrina IV). NO ENTANTO, a administração de epinefrina IV não deve ser adiada em bebês que não respondem a uma dose inicial de epinefrina ET, pois quase metade desses bebês posteriormente recebeu epinefrina IV antes de atingir o ROSC. Atenção! 58,3% dos bebês atingiram ROSC após epinefrina IV sozinha (inclui doses únicas e múltiplas), enquanto 47,0% dos bebês atingiram ROSC com epinefrina ET sozinha (doses únicas e múltiplas), sugerindo que os bebês têm maior probabilidade de atingir ROSC após a administração de epinefrina IV. Devido a essa incerteza e apoiado por nossas descobertas, é razoável administrar pelo menos uma dose intravenosa (ou intraóssea se via cordão umbilical  não puder ser obtida) de epinefrina antes da cessação dos esforços de ressuscitação. Os bebês que atingiram ROSC, isso ocorreu mais rápido se eles inicialmente receberam epinefrina IV (9 minutos) em comparação com epinefrina ET (12 minutos). Isso é importante, pois a ressuscitação prolongada (mais de 10 minutos) foi associada a maiores taxas de mortalidade e maior risco de neurodeficiência!

 

Criação de uma Escala de Classificação para ensinar Administração de Surfactante Menos Invasiva (LISA) em Simulação

Criação de uma Escala de Classificação para ensinar Administração de Surfactante Menos Invasiva (LISA) em Simulação

Creation of a rating scale to teach Less Invasive Surfactant Administration (LISA) in simulation.Rostoker H, Guillois B, Caradec A, Lecomte F, Oriot D, Chollat C.BMC Med Educ. 2024 Feb 14;24(1):146. doi: 10.1186/s12909-024-05118-6.PMID: 38355497. Artigo Gratis!

Apresentação: Luísa Fischer (R4 Neonatologia do HMIB/SES/DF). Coordenação: Carlos A. Zaconeta

A técnica de Administração Minimamente Invasiva de Surfactante (LISA), conhecida entre nós como Mini Insure (ou seja um INSURE sem extubação) envolve a injeção de surfactante na traqueia através de um cateter fino durante a laringoscopia, mantendo a ventilação não invasiva sobre o nariz da criança. Depois que o surfactante é injetado, o cateter é removido. A principal vantagem deste método é que ele evita a intubação e todos os riscos associados. Reduz a média de dias de ventilação mecânica, lesão pulmonar relacionada à intubação e necessidade de oxigênio aos 28 dias de vidas, em comparação com o método INSURE (INtubation SURfactant Extubation). A simulação  é uma excelente abordagem para aprender a técnica e esse estudo desenvolveu e validou uma escala de classificação para o ensino dessa técnica em simulação com o objetivo de reduzir o risco de erro e evitar a realização do procedimento em um paciente pela primeira vez.

Associação da Exposição Neonatal a Antibióticos com a Trajetória de Crescimento a Longo Prazo em Crianças Nascidas Prematuramente

Associação da Exposição Neonatal a Antibióticos com a Trajetória de Crescimento a Longo Prazo em Crianças Nascidas Prematuramente

Association of Neonatal Antibiotic Exposure with LongTerm Growth Trajectory Faltering in Preterm-Birth Children.Lin YC, Chu CH, Lin YK, Chen CC, Chen LW, Huang CC.Neonatology. 2024;121(3):396-405. doi: 10.1159/000535946. Epub 2024 Jan 29.PMID: 38286129 ARTIGO GRATIS!

Realizado por Letícia Perci (R4 da UTI Neonatal do Hospital Santa Lúcia Sul). Coordenação: Paulo R. Margotto.

A exposição a antibióticos no início da vida que altera o desenvolvimento do microbioma intestinal pode potencialmente impactar a saúde infantil a longo prazo. É importância de incluir a duração da exposição a antibióticos no estudo de resultados de crescimento de crianças nascidas prematuramente.Quase todos os neonatos nascidos muito prematuros são expostos a uma duração variável de antibióticos na UTIN. Estudos incluindo metanálises mostraram evidências de que a exposição a antibióticos no início da vida aumenta significativamente o risco de ganho de peso e obesidade na infância. 328  bebês prematuros (<32 semanas) sem infecção bacteriana comprovada, mas  que receberam antibioticoterapia empírica por 4 a 15 dias foram acompanhados até 60 meses de idade corrigida. Cada dia adicional de exposição a antibióticos foi associado a incrementos mais lentos em no z escore para o peso e  comprimento aos 6 a 60 meses de idade corrigida. O estudo mostra que  a duração da exposição neonatal aos antibióticos está associada não apenas à redução do crescimento extrauterino na idade gestacional a termo, mas também à diminuição das trajetórias de incremento de crescimento nos primeiros 5 anos de vida de crianças muito prematuras. Diferentes efeitos de programação metabólica podem ser induzidos por alterações na microbiota intestinal em resposta ao momento e à duração da exposição a antibióticos no início da vida em crianças. Esses achados destacam que um programa de administração de antibióticos em neonatos prematuros na UTIN é necessário não apenas para prevenir o surgimento de espécies bacterianas resistentes, mas também para proteger contra os efeitos adversos da exposição aos antibióticos nos resultados do crescimento longitudinal.

Detecção de Delirium com Base na Experiência Clínica de Intensivistas Pediátricos

Detecção de Delirium com Base na Experiência Clínica de Intensivistas Pediátricos

Delirium Detection Based on the Clinical Experience of Pediatric Intensivists. de Castro REV, de Magalhães-Barbosa MC, Cunha AJLAD, Cheniaux E, Prata-Barbosa A.Pediatr Crit Care Med. 2020 Sep;21(9):e869-e873. doi:10.1097/PCC.0000000000002482.PMID: 32701746.

Coordenação: Alexandre Serafim

O diagnóstico de delirium baseado apenas na experiência clínica ocorreu em uma frequência muito baixa. Este estudo serve para chamar a atenção à possibilidade de subdiagnóstico e erro no diagnóstico do delirium e a  necessidade de implementação de um protocolo para seu monitoramento e gerenciamento com base em uma ferramenta validada e confiável. Nos complementos: entre os recém-nascidos internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), estima-se que cerca de 22% sofram de delirium (Na UTI Pediátrica, 20-40%). Nenhuma ferramenta de rastreamento ou diagnóstico foi validada especificamente em uma população de UTIN. Benzodiazepínicos e opioides, comumente utilizados em ambientes de UTI, não devem ser considerados como tratamento para delirium, pois são conhecidos fatores de risco para delirium. Na UTIN o delirium raramente é diagnosticado. Como os critérios diagnósticos sobrepõem entre delirium e síndrome de abstinência de opioides  (taquicardia, agitação psicomotora, tremores, choro excessivo e inconsolável e intolerância alimentar que não melhoram ), pensar em delirium. Considerar o uso de quetiapina.

Vasopressina como terapia adjuvante na hipertensão pulmonar associada à hipotensão sistêmica refratária em recém-nascidos termo

Vasopressina como terapia adjuvante na hipertensão pulmonar associada à hipotensão sistêmica refratária em recém-nascidos termo

 

Vasopressin as adjunctive therapy in pulmonary hypertension associated with refratory      systemic hypotension in term newborns.Santelices F, Masoli D, Kattan J, Toso A, Luco M. J Perinatol. 2024 Jul 4. doi:

Realizado por Paulo R. Margotto.

A Hipertensão pulmonar persistente neonatal (HPPN) é caracterizada por resistência vascular pulmonar elevada, desvio da direita para a esquerda através do ducto arterioso ou forame oval patente e exposição prolongada do ventrículo direito a uma pós-carga aumentada, levando a hipoxemia grave ocorrendo em um momento crucial do desenvolvimento no período de transição circulatória perinatal. Até 30% dos pacientes com HPPN não respondem ao óxido nítrico (iNO), necessitando de opções alternativas. Diferentes vasodilatadores têm sido utilizados, incluindo a via do óxido nítrico com sildenafil e a milrinona, que é um inibidor da fosfodiesterase que atua na via da prostaciclina; assim como as vias da endotelina e prostaciclina. Nos casos mais graves, o uso de suporte inotrópico e vasoconstritores que não comprometam os vasos do território pulmonar tornam-se obrigatórios para garantir a perfusão sistêmica adequada e são frequentemente utilizados para garantir o fluxo sanguíneo pulmonar, aumentando a pressão arterial sistêmica e diminuindo o shunt da artéria pulmonar para a aorta. Nesse contexto, entra a VASOPRESSINA (VP), uma terapia adjuvante atraente no tratamento de neonatos com HPPN refratária nos últimos anos! Causa vasodilatação dos leitos vasculares coronarianos, pulmonares e renais, liberando óxido nítrico. O importante: Não aumenta a resistência vascular pulmonar até que níveis muito altos de VP plasmática sejam atingidos, o que ocorre em doses maiores que 2 mu/kg/min. A VP é  uma terapia fisiologicamente atraente em neonatos com hipotensão sistêmica e falha de oxigenação devido à HPPN grave. A VP em baixas doses pode reverter a hipotensão sistêmica resistente à catecolamina e melhorar a oxigenação em neonatos a termo com HPPN Monitora o sódio. A VP pode causar hiponatremia por meio da inibição da reabsorção de sódio distal aos túbulos proximais.

Detecção de Delirium com Base na Experiência Clínica de Intensivistas Pediátricos

Detecção de Delirium com Base na Experiência Clínica de Intensivistas Pediátricos

Delirium Detection Based on the Clinical Experience of Pediatric Intensivists.

de Castro REV, de Magalhães-Barbosa MC, Cunha AJLAD, Cheniaux E, Prata-Barbosa A.Pediatr Crit Care Med. 2020 Sep;21(9):e869-e873. doi: 10.1097/PCC.0000000000002482.PMID: 32701746

Apresentação: Roberta Esteves Vieira de Castro, MD, PhD1,2; Maria Clara de Magalhães-Barbosa, MD, PhD2; Antônio José Ledo Alves da Cunha, MD, PhD2,3; Elie Cheniaux, MD, PhD4,5;Arnaldo Prata-Barbosa, MD, PhD2,3

Coordenação: Alexandre Serafim

O diagnóstico de delirium baseado apenas na experiência clínica ocorreu em uma frequência muito baixa. Este estudo serve para chamar a atenção à possibilidade de subdiagnóstico e erro no diagnóstico do delirium e a  necessidade de implementação de um protocolo para seu monitoramento e gerenciamento com base em uma ferramenta validada e confiável. Nos complementos: entre os recém-nascidos internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), estima-se que cerca de 22% sofram de delirium (Na UTI Pediátrica, 20-40%). Nenhuma ferramenta de rastreamento ou diagnóstico foi validada especificamente em uma população de UTIN. Benzodiazepínicos e opioides, comumente utilizados em ambientes de UTI, não devem ser considerados como tratamento para delirium, pois são conhecidos fatores de risco para delirium. Na UTIN o delirium raramente é diagnosticado. Como os critérios diagnósticos sobrepõem entre delirium e síndrome de abstinência de opioides  (taquicardia, agitação psicomotora, tremores, choro excessivo e inconsolável e intolerância alimentar que não melhoram ), pensar em deliriumConsiderar o uso de quetiapina.

 

A avaliação longitudinal do uso pré-natal de cannabis nos resultados neonatais

A avaliação longitudinal do uso pré-natal de cannabis nos resultados neonatais

The longitudinal assessment of prenatal cannabis use on neonatal outcomes1Habersham LL, 2Hurd YL, Nomura Y.J Perinatol. 2024 Jun 18. doi: 10.1038/s41372-024-02027-w. Online ahead of print.PMID: 38890400. Estados Unidos.

Realizado por Paulo R. Margotto.

. ~21,6% das mulheres grávidas não consideraram que o uso semanal de cannabis apresenta qualquer risco.Além disso, a cannabis é comumente considerada benéfica para reduzir as náuseas durante a gravidez, sem qualquer risco à saúde da prole No entanto, o presente estudo mostrou que uma descoberta surpreendente foi o aumento de mais de sete vezes no risco de morte fetal associado ao uso materno de cannabis no modelo não ajustado (OR 7,30, IC 95% [3,08 a 17,30]). Este risco elevado persistiu, com significância (aOR 6,31, IC 95% [2,47 a 16,17]), mesmo depois de contabilizadas variáveis ​​como uso materno de nicotina, estado civil, idade e raça.

Exposição ao paracetamol no início da gravidez e o risco de desenvolver paralisia cerebral: um estudo de caso-controle usando amostras de soro

Exposição ao paracetamol no início da gravidez e o risco de desenvolver paralisia cerebral: um estudo de caso-controle usando amostras de soro

Exposure to Paracetamol in Early Pregnancy and the Risk of Developing Cerebral Palsy: A Case-Control Study Using Serum Samples. Thacher JD, Högfeldt H, Vilhelmsson A, Lindh C, Rylander L.J Pediatr. 2024 Jun;269:113959. doi: 10.1016/j.jpeds.2024.113959. Epub 2024 Feb 17.PMID: 38369234 Artigo Gratis! Suécia.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Nesses 322 casos, 343 controles populacionais e 258 controles prematuros,  NÃO foram encontrados associação entre as concentrações séricas maternas de paracetamol e a paralisia cerebral na prole (923 participantes, 36,8% não foram expostos, 53,2% foram levemente expostos e 10% foram altamente expostos ao paracetamol), não suportando assim, uma associação entre a exposição intrauterina ao paracetamol no início da gravidez e o risco de paralisia cerebral.