Categoria: Farmacologia Neonatal

Epinefrina versus norepinefrina em pacientes com parada cardíaca em choque pós-ressuscitação

Epinefrina versus norepinefrina em pacientes com parada cardíaca em choque pós-ressuscitação

Epinephrine versus norepinephrine in cardiac arrest patients with post-resuscitation shock. Bougouin W, Slimani K, Renaudier M, Binois Y, Paul M, Dumas F, Lamhaut L, Loeb T, Ortuno S, Deye N, Voicu S, Beganton F, Jost D, Mekontso-Dessap A, Marijon E, Jouven X, Aissaoui N, Cariou A; Sudden Death Expertise Center Investigators.Intensive Care Med. 2022 Mar;48(3):300-310. doi: 10.1007/s00134-021-06608-7. Epub 2022 Feb 7.PMID: 35129643.

Apresentação: Júlia de Andrade (MR5 UTI  PEDIÁTRICA-HMIB). Orientador: Alexandre Serafim (Intensivista Pediátrico).

Esse estudo realizado em adulto mostrou que  em pacientes internados com vida na UTI que sofreram parada cardíaca em ambiente não hospitalar com choque pós-ressuscitação ressuscitados com sucesso, o uso de epinefrina foi associado a maior mortalidade por todas as causas e cardiovascular específica, em comparação com a infusão de norepinefrina. Até que dados adicionais estejam disponíveis, os intensivistas podem querer escolher norepinefrina em vez de epinefrina para o tratamento de choque pós-ressuscitação nesses pacientes.

O efeito da noradrenalina nos parâmetros clínicos e hemodinâmicos em neonatos com choque: um estudo de coorte retrospectivo

O efeito da noradrenalina nos parâmetros clínicos e hemodinâmicos em neonatos com choque: um estudo de coorte retrospectivo

The effect of norepinephrine on clinical and hemodynamic parameters in neonates with shock: a retrospective cohort study. Gupta S, Agrawal G, Thakur S, Gupta A, Wazir S.Eur J Pediatr. 2022 Jun;181(6):2379-2387. doi: 10.1007/s00431-022-04437-4. Epub 2022 Mar 11.PMID: 35277734.

Realizado por Paulo R. Margotto.

A norepinefrina (NE) é um α agonista não seletivo potente com algum efeito no receptor β1. Seu principal efeito cardiovascular é a vasoconstrição periférica combinada com inotropia positiva moderada. Além disso, um efeito vasodilatador pulmonar foi postulado em neonatos com alto tônus ​​vascular pulmonar basal. Na dose de  0,1–0,4 mcg/kg/min, a NE em neonatos com choque (em 51% dos casos, séptico) foi eficaz em aumentar a pressão arterial com diminuição do uso de todos os inotrópicos.

PRESCRIÇÃO SEGURA

PRESCRIÇÃO SEGURA

ENF MARIA GRASIELA DE PAULA – GRASY  FARM. PRISCILA RABELO GUIMARAES. Hospital Materno Infantil de Brasília/SES/DF.

-11.285  pacientes  internados  em  12  hospitais pediátricos dos Estados Unidos.

-15%  dos  pacientes  sofreram  pelo  menos  um erro de medicação (administração  de  doses  incorretas,  medicamentos  errados ou omissão de medicamentos.

-16 hospitais pediátricos em 9  países europeus : 0,6 a 20,8 por 100 administrações de medicamentos (administração  de  doses  incorretas  e  medicamentos errados)

-1.339  relatórios  de  eventos  adversos  em um hospital pediátrico  dos Estados  Unidos  21,5% dos eventos – erros  de medicação e

58,3% resultaram em lesões    significativas para o paciente

 

Neonatologistas e a hesitação em Vitamina K

Neonatologistas e a hesitação em Vitamina K


Neonatologists and vitamin K hesitancy.
Rogers TP, Fathi O, Sánchez PJ. J Perinatol. 2023 Jan 27. doi: 10.1038/s41372-023-01611-w. Online ahead of print.PMID: 36707666 Review.

Realizado por Paulo R. Margotto.

A vitamina K profilática administrada por via intramuscular logo após o nascimento eliminou a doença hemorrágica tardia pela deficiência da Vitamina K (VKDB tardia) nos Estados Unidos (uma doença potencialmente  fatal!) e tem sido recomendada pela Academia Americana de Pediatria (AAP) desde 1961. No entanto, um número crescente de pais está recusando essa terapia e  a recusa parental de sua administração parece estar aumentando nos Estados Unidos. Assim, o número de recém-nascidos e bebês sem proteção contra doenças hemorrágicas provavelmente está aumentando nos Estados Unidos! Os profissionais de saúde que cuidam de mães e recém-nascidos devem estar cientes das objeções comuns à profilaxia com vitamina K (risco de câncer, por exemplo) e estratégias para abordar o pai hesitante. Dado que muitas das atitudes em relação à hesitação em vitamina K são formadas bem antes do parto! Nos complementos, o resultado de dois casos cujos pais recusaram a Vitamina K IM ao nascer. A Vitamina K endovenosa na profilaxia não é recomendada e sim intramuscular.

 

 

Qual droga inotrópica, dobutamina ou milrinona, é clinicamente mais eficaz no tratamento da síndrome cardíaca pós-ligação (PLCS) em prematuros?

Qual droga inotrópica, dobutamina ou milrinona, é clinicamente mais eficaz no tratamento da síndrome cardíaca pós-ligação (PLCS) em prematuros?


Which Inotropic DrugDobutamine or Milrinone, Is Clinically More Effective in the Treatment of Postligation Cardiac Syndrome in Preterm Infants?
Korkmaz L, Ozdemir A, Pamukçu Ö, Güneş T, Ozturk MA.Am J Perinatol. 2022 Jan;39(2):204-215. doi: 10.1055/s-0040-1715118. Epub 2020 Aug 11.PMID: 32781477. Turquia.

Realizado por Paulo R. Margotto.

A ligadura cirúrgica da persistência do canal arterial (PCA) leva a mudanças repentinas na fisiologia cardiovascular, especificamente um aumento na pós-carga do ventrículo esquerdo (VE) e uma queda na pré-carga do VE, com uma queda repentina no débito VE.  Os efeitos clínicos desse estado de baixo débito cardíaco tornam-se aparentes geralmente 6 a 12 horas após a ligadura (probabilidade de ocorrência: 25-50%). Bebês  com peso <1.000 g apresentaram maior risco de comprometimento. O miocárdio imaturo é bastante suscetível a aumentos da  pós-carga ventricular esquerda. A abordagem dos cuidados pós-operatórios de pacientes submetidos à cirurgia da ligadura da PCA deve considerar as consequências fisiológicas da pós-carga e desempenho prejudicado do VE. Acredita-se que os supostos benefícios do tratamento com MILRINONA estejam relacionados com o efeito redutor predominantemente na resistência vascular sistêmica e na pós-carga do VE. Vasopressores, como dopamina e epinefrina, devem ser evitados diante do aumento da pós-carga, com consideração preferencial para agentes que reduzem a pós-carga (por exemplo, milrinona, dobutamina) e melhoram a contratilidade. A reposição volêmica deve ser considerada tendo em vista a pré-carga reduzida. O presente estudo mostrou semelhante  eficácia das drogas em questão (milrinona e dobutamina) que pode estar relacionada com a sua resolução do comprometimento do débito ventricular esquerdo por causa de sua diminuição da resistência vascular sistêmica e aumento do desempenho do miocárdio na PLCS. Considerar uso precoce de hidrocortisona, especificamente, no cenário de baixa pressão diastólica e instabilidade hemodinâmica pós-operatória refratária.

Cafeína para prevenir hipoxemia intermitente em prematuros tardios: ensaio clínico randomizado controlado

Cafeína para prevenir hipoxemia intermitente em prematuros tardios: ensaio clínico randomizado controlado

Caffeine to prevent intermittent hypoxaemia in late preterm infants: randomised controlled dosage trial. Oliphant EA, McKinlay CJ, McNamara D, Cavadino A, Alsweiler JM.Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2022 Aug 29:fetalneonatal-2022-324010. doi: 10.1136/archdischild-2022-324010. Online ahead of print.PMID: 36038256. Artigo Livre!

Os prematuros tardios (34 +0  a 36 +6 semanas de gestação) compreendem a maioria dos nascimentos prematuros e são fisiologicamente e metabolicamente imaturos, com maior risco de morbimortalidade no período neonatal do que os nascidos a termo (são mais propensos a serem diagnosticados com paralisia cerebral, atraso no desenvolvimento  e comprometimento cognitivo). Esses bebês apresentam episódios frequentes de hipoxemia intermitente (HI); decréscimos repetitivos transitórios na saturação de oxigênio não associados à apneia. Eventos hipoxêmicos intermitentes transitórios estão associados a resultados neurológicos ruins em bebês extremamente prematuros. A cafeína é eficaz na prevenção e tratamento da apneia da prematuridade e HI, e reduz a incidência de doença pulmonar crônica, paralisia cerebral e atraso cognitivo em recém-nascidos muito prematuros. A dose eficaz  da cafeína no tratamento dos HI nesses prematuros tardios é desconhecida e esse foi objetivo desse estudo: estabelecer a dose mais eficaz e tolerada da cafeína nesses bebes. Pais, equipe clínica e aqueles que avaliaram os resultados foram todos cegos para o grupo de tratamento. Esse estudo da Nova Zelândia testou  em 5 grupos paralelos as doses de 5,10,15 e 20mg/kg com dose recalculada para o ganho de peso. O citrato de cafeína a 10 ou 20 mg/kg/dia reduziu, de forma significativa a taxa média de HI em 61% e 67%, respectivamente. O tamanho do efeito em todas as medidas respiratórias foi maior para a dose de 20 mg/kg/dia, com efeitos semelhantes na tolerabilidade da droga para a dose de 10 mg/kg/dia. INTERESSANTE que, a dose de 15 mg/kg/dia não foi eficaz! Parece improvável que a cafeína tenha um impacto significativo no crescimento neonatal geral. Assim  doses de 10 ou 20 mg/kg/dia (sendo essa mais efetiva!) de citrato de cafeína são eficazes na redução da hipoxia intermitente em prematuros tardios, sem efeitos adversos gastrintestinal ou no sono, mas com aumento da taquicardia

O papel da furosemida e do gerenciamento de fluidos para um canal arterial hemodinamicamente significativo em bebês prematuros

O papel da furosemida e do gerenciamento de fluidos para um canal arterial hemodinamicamente significativo em bebês prematuros

The role of furosemide and fluid management for a hemodynamically significant patent ductus arteriosus in premature infants.Dudley S, Sen S, Hanson A, El Khuffash A, Levy PT.J Perinatol. 2022 Jul 15. doi: 10.1038/s41372-022-01450-1. Online ahead of print.PMID: 35840707 Review.

Apresentação: Aldo Ferrini, R4 em Neonatologia-HMIB/SES/DF. Coordenação: Paulo R. Margotto.

Excelente revisão da literatura que aborda o uso da furosemida, tanto no tratamento conservador da persistência do canal arterial (PCA), como da PCA hemodinamicamente significativa (PCAhs), como o objetivo de reduzir o edema pulmonar e melhorar a função pulmonar. Também aborda a restrição hídrica como estratégia terapêutica na PCAhs (pode ser  potencialmente prejudicial   nos prematuros extremos!). A furosemida estimula a liberação renal de prostaglandina (PGE2) de maneira dose-dependente e vasodilata o tecido ductal, promovendo a permeabilidade do canal arterial. Assim, a furosemida não é universalmente aceita como um componente padrão do tratamento conservador da PCAhs. A clorotiazida não tem efeito sobre a PGE2, mas são necessários mais estudos para entender o papel da clorotiazida no tratamento conservador. A falta de dados recentes de alta qualidade limita severamente as recomendações de tratamento que podem ser feitas para a furosemida no manejo conservador da PCAhs.

Pontas dos dedos: uma nova abordagem para o tratamento de isquemia neonatal de membros com risco de vida

Pontas dos dedos: uma nova abordagem para o tratamento de isquemia neonatal de membros com risco de vida

Finger tips: A novel approach to managing life-threatening neonatal limb ischaemia.Barzegar R, Halliday RJ, Piasini C.J Paediatr Child Health. 2022 May;58(5):891-893. doi: 10.1111/jpc.15680. Epub 2021 Aug 2.PMID: 34338376 No abstract available.

Grace Centre for Newborn Intensive Care The Sydney Children’s Hospitals Network Randwick and Westmead Sydney New South Wales Australia.   

Realizado por Paulo R. Margotto.

Da Austrália trouxemos um caso clínico sobre lesão tecidual periférica, um achado clínico preocupante dentro da UTI neonatal que pode resultar em necrose e subsequente perda de extremidades e membros distais tratado com sucesso com pomada tópica de nitroglicerina (0,2%) aplicada em ambas as mãos e em todos os dedos, bem como oxigênio umidificado de alto fluxo fornecido através de um air bag aquecido envolvendo os membros afetados (nitroglicerina: resulta na produção de óxido nítrico que por sua vez aumenta níveis de monofosfato de guanosina causando vasodilatação localizada e o oxigênio: é útil na promoção da cicatrização tecidual através da defesa bacteriana, aumento da produção de energia e estimulação da angiogênese).

Dopamina e Hipertensão Pulmonar Neonatal – Necessidade de um Pressor Melhor? (Dopamine and Neonatal Pulmonary Hypertension-Pressing Need for a Better Pressor?)

Dopamina e Hipertensão Pulmonar Neonatal – Necessidade de um Pressor Melhor? (Dopamine and Neonatal Pulmonary Hypertension-Pressing Need for a Better Pressor?)

Dopamine and Neonatal Pulmonary Hypertension-Pressing Need for a Better Pressor?McNamara PJ, Giesinger RE, Lakshminrusimha S.J Pediatr. 2022 Mar 18:S0022-3476(22)00207-4. doi: 10.1016/j.jpeds.2022.03.022. Online ahead of print.PMID: 35314154 No abstract available.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Normalmente, a dopamina intravenosa é o pressor inicial de escolha para a hipotensão sistêmica neonatal, muitas vezes independentemente da fisiologia subjacente e sem a devida consideração de sua variação nos efeitos farmacológicos.

A atenção aos riscos e benefícios é relevante no que se refere à estratégia comumente utilizada para melhorar a eficácia da oxigenação visando níveis “supranormais” de pressão arterial sistêmica na tentativa de reverter a direcionalidade do shunt atrial e/ou ductal pulmonar para o sistêmico (direita – para a esquerda).

A forma mais comum de hipertensão pulmonar  aguda ocorre quando a resistência vascular pulmonar (RVP) permanece elevada após o nascimento  e a derivação ductal direita-esquerda oferece um meca

O estresse pós-carga leva a várias mudanças na mecânica do VD que se tornam progressivamente patológicas. A dopamina, uma droga com ações vasoconstritoras não seletivas em uma variedade de receptores de catecolaminas na circulação pulmonar e sistêmica, tem potencial para impactar negativamente essa fisiologia.

Na presença de hipertensão  pulmonar aguda e/ou vascularização remodelada, a dopamina eleva acentuadamente a pressão na artéria pulmonar sem melhora na oxigenação, podendo ser prejudicial para ambos os ventrículos. Assim, os autores não conseguiram  encontrar nenhuma evidência que sustente a dopamina como vasopressor de escolha no cenário da hipertensão pulmonar aguda. Em vez de se concentrar exclusivamente na pressão arterial, sugere-se uma abordagem focada na otimização da RVP, saúde do VD e melhora do fluxo sistêmico.

CRONOGRAMA PARA O DESMAME DE FENTANIL NA UNIDADE DE NEONATOLOGIA DO HMIB/SES/DF

CRONOGRAMA PARA O DESMAME DE FENTANIL NA UNIDADE DE NEONATOLOGIA DO HMIB/SES/DF

Paulo R. Margotto, Joseleide de Castro e Priscila Guimarães

A literatura apresenta várias abordagens para prevenir sintomas de abstinência de opiáceos e a aplicação de um protocolo de desmame diminuiu a incidência de síndrome de abstinência, com ênfase naqueles que usam por tempo mais prolongado (<7dias) tanto de opioides (fentanil), como benzodiazepínicos (midazolam). Apesar da falta de consenso, principalmente quanto ao uso da metadona, é importante que a Unidade tenha um protocolo para que se permita uma avaliação e possíveis ajustes