Categoria: Infecções Bacterianas e Fúngicas

DIRETO AO PONTO -Respostas a questionamentos: Uso de Fatores Estimulantes de Colônia em recém-nascidos neutropênicos de mães com pré-eclâmpsia e neutropênicos com sepse

DIRETO AO PONTO -Respostas a questionamentos: Uso de Fatores Estimulantes de Colônia em recém-nascidos neutropênicos de mães com pré-eclâmpsia e neutropênicos com sepse

Paulo . Margotto.

Na Unidade de Neonatologia do HMIB/SES/DF não temos usado fatores estimuladores de colônia de granulócitos recombinante (G-CSF)  nos bebês de mães com pré-eclâmpsia que apresentam neutropenia e inclusive na sepse neonatal-

Infecções neonatais de pele em prematuros (Skin infections in preterm infants)

Infecções neonatais de pele em prematuros (Skin infections in preterm infants)

David Kaufman, US, University of  Virginia. VII Encontro Internacional de Neonatologia, 26-27 de março de 2021, online. Coordenação Geral: Drs. Rita Silveira e Renato Procianoy (RS).

Realizado por Paulo R. Margotto. Apesar das infecções neonatais de pele ocorrerem com muito frequência na UTI Neonatal (UTIN), infelizmente a literatura não reflete tão bem o grau com que vemos essas infecções. As celulite e dermatite são infecções invasivas que requerem tratamento. O diagnóstico precoce pode prevenir a disseminação para a corrente sanguínea. A cultura de pele e tratamento imediato são fundamentais. Culturas de pele facilitam a realização do diagnóstico correto, escolhendo o correto antimicrobiano e fazendo uma boa gestão de antibióticos. A pele tem um microbioma como o intestino e todas as partes da nossa anatomia humana têm esse microbioma. Os prematuros são mais susceptíveis às infecções de pele devido à menor quantidade de queratina na superfície da pele, facilitando assim a penetração dos micróbios e permitindo a entrada de água, além de um extrato córneo com menos camadas de células (3 a 4 versos 16 nos recém-nascidos a termo), além da baixa imunidade. Na infecção neonatal da pele, quando o rash estiver presente, o patógeno invadiu a pele e isso é uma infecção invasiva Assim, o rash cutâneo dever ser prontamente diagnosticado. O primeiro passo é fazer a cultura de pele e se possível, a biópsia ou raspagem (se indicada) e tratar imediatamente (terapia sistêmica) tal como na sepse nos prematuros. Com 24-48 horas após os resultados da cultura, avaliar o tratamento (5-7 dias para celulite, 14 dias para Candidíase cutânea congênita, 14-28 dias se severa infecção na pele e mofo. Quanto à candidíase cutânea: a Candida é um micróbio muito aderente ao endotélio, assim como as células epiteliais devido a um adesivo chamado INTI, além da produção de uma toxina chamada candidalysina, toxina peptídica citolítica que lesa membranas epiteliais e desencadeia uma resposta inflamatória. O Professor Kaufman apresenta 10 casos de infecção de pele interrogando diagnósticos, seguido por excelente discussão, além de trazer mais outros 4 casos, lembrando-nos  que nem todo rash é infecção (pode ser Epidermólise bolhosa) e com enfoque na candidíase cutânea congênita. Nos complementos trouxemos Gangrena venosa de extremidades inferiores e sepse por Staphylococcus aureus, Síndrome do lúpus eritematoso sistêmico neonatal: uma revisão abrangente, ectima gangrenoso, além de mais um caso nosso  de epidermólise bolhosa, onde discutimos os tipos simples, a juncional e a distrófica.

Tratamento bem-sucedido de Infecção por Klebsiella pneumoniae resistente a Pandrogas por ceftazidima-avibactam em um bebê prematuro. Um Relato de Caso

Tratamento bem-sucedido de Infecção por Klebsiella pneumoniae resistente a Pandrogas por ceftazidima-avibactam em um bebê prematuro. Um Relato de Caso

Successful Treatment of Pandrugresistant Klebsiella pneumoniae Infection With Ceftazidimeavibactam in a Preterm Infant: A Case Report.Coskun Y, Atici S.Pediatr Infect Dis J. 2020 Sep;39(9):854-856. doi: 10.1097/INF.0000000000002807.PMID: 32804464. İstanbul, Turkey. E-mail: coskunyesim@yahoo.com. Realizado por Paulo R. Margotto.

Tratamento bem-sucedido de Infecção por Klebsiella pneumoniae resistente a Pandrogas por ceftazidima-avibactam (CAZ-AVI) em um bebê prematuro (relato de caso). Esses autores turcos  identificaram  K. pneumoniae resistente a pandrogas como uma infecção do trato urinário nosocomial em um bebê prematuro de 25 dias que nasceu com 27 semanas de gestação. CAZ-AVI foi administrada na dose de 50mg /kg / dose a cada 8 horas devido à idade dos pacientes e a terapia foi concluída em 10 dias totalmente. No terceiro dia de terapia, a cultura de urina estava estéril e o paciente estava clinicamente estável. Como efeito adverso, foi detectado glicosúria que desapareceu após a suspensão do tratamento (poderia ser causada por comprometimento reversível das funções tubulares renais devido ao tratamento)

A exposição neonatal a antibióticos prejudica o crescimento da criança durante os primeiros seis anos de vida por perturbar a colonização microbiana intestinal.

A exposição neonatal a antibióticos prejudica o crescimento da criança durante os primeiros seis anos de vida por perturbar a colonização microbiana intestinal.

Neonatal antibiotic exposure impairs child growth during the first six years of life by perturbing intestinal microbial colonization.

Uzan-Yulzari A, Turta O, Belogolovski A, Ziv O, Kunz C, Perschbacher S, Neuman H, Pasolli E, Oz A, Ben-Amram H, Kumar H, Ollila H, Kaljonen A, Isolauri E, Salminen S, Lagström H, Segata N, Sharon I, Louzoun Y, Ensenauer R, Rautava S, Koren O.Nat Commun. 2021 Jan 26;12(1):443. doi: 10.1038/s41467-020-20495-4.PMID: 33500411. Finlândia, Israel e Alemanha. Realizado por Paulo R. Margotto. Neonatologista Ultrassonografista Cerebral da Maternidade Brasília/ UTI Neonatal do Hospital Santa Lúcia,  Unidade de Neonatologia do HMIB/SES/DF. www.paulomargotto.com.br ; pmargotto@gmail.com .

Acredita-se que a exposição a antibióticos nos primeiros dias de vida afete vários fatores fisiológicos no aspecto do desenvolvimento neonatal. Aqui, investigamos o impacto do tratamento com antibiótico no período neonatal e na primeira infância no impacto a longo no crescimento da criança em um nascimento não selecionado na coorte de 12.422 crianças nascidas a termo. Encontramos atenuação significativa de peso e ganho de altura durante os primeiros 6 anos de vida após a exposição neonatal a antibióticos em meninos, mas não em meninas, após o ajuste para possíveis fatores de confusão.

Em contraste, o uso de antibióticos após o período neonatal, mas durante os primeiros 6 anos de vida está associado a um índice de  massa corporal significativamente maior durante todo o período de estudo em meninos e meninas.

 A exposição neonatal a antibióticos é associado a diferenças significativas no microbioma intestinal, particularmente na diminuição da abundância e diversidade de Bifidobactérias fecais até os 2 anos de idade.

Finalmente, demonstramos que o transplante de microbiota fecal de crianças expostas a antibióticos para camundongos machos livres de germes, mas não fêmeas, resultou em prejuízo significativo do crescimento.

Assim, concluímos que a exposição neonatal aos antibióticos está associada a uma perturbação do microbioma intestinal a longo prazo e pode resultar em redução do crescimento em meninos durante os primeiros seis anos de vida, enquanto o uso de antibióticos mais tarde na infância está associada ao aumento do índice de massa corporal.

O crescimento significativamente reduzido foi evidente em meninos que receberam antibióticos empíricos por suspeita de infecção, mas a infecção foi descartada (o comprometimento do crescimento parecia ser um pouco mais pronunciado em neonatos recebendo um curso completo de antibióticos )

Uso de Lactobacillus casei Subespécie Rhamnosus GG e Colonização gastrointestinal por espécies de Candida em Recém-nascidos prematuros

Uso de Lactobacillus casei Subespécie Rhamnosus GG e Colonização gastrointestinal por espécies de Candida em Recém-nascidos prematuros

Use of Lactobacillus casei subspecies Rhamnosus GG and gastrointestinal colonization by Candida species in preterm neonates. Manzoni P.J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2007 Dec;45 Suppl 3:S190-4. doi: 10.1097/01.mpg.0000302971.06115.15.PMID: 18185091 Review.

Apresentação: Antônio Coelho – R4 Neonatologia/HMIB/SES/DF. Coordenação: Nathália Bardal. Revisão: Paulo R. Margotto.

Essa publicação de 2007 levanta a hipótese de que LGG ou outros probióticos podem ser eficazes na prevenção de infecção fúngica sistêmica devendo ser testada em estudos. No entanto, estudo recente (2020) sobre o Uso e segurança de probióticos na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, um achado inesperado (RN entre 23-29 semanas de idade gestacional) foi o risco aumentado para infecções por Candida entre crianças expostas a probióticos, o que é contraditório com estudos anteriores. Segundo Chan et al (2020), a segurança é um grande problema ao se considerar a prescrição de probióticos para bebês prematuros.

Probiotic Use and Safety in the Neonatal Intensive Care Unit: A Matched Cohort Study. Gray KD, Messina JA, Cortina C, Owens T, Fowler M, Foster M, Gbadegesin S, Clark RH, Benjamin DK Jr, Zimmerman KO, Greenberg RG.J Pediatr. 2020 Jul;222:59-64.e1. doi: 10.1016/j.jpeds.2020.03.051. Epub 2020 May 14.PMID: 32418818

Identificação precoce de IgA anti-SARSCoV-2 no leite materno de mãe com infecção por COVID-19

Identificação precoce de IgA anti-SARSCoV-2 no leite materno de mãe com infecção por COVID-19

Early Identification of IgA Anti-SARSCoV-2 in Milk of Mother With COVID-19 Infection. Lebrão CW, Cruz MN, Silva MHD, Dutra LV, Cristiani C, Affonso Fonseca FL, Suano-Souza FI.J Hum Lact. 2020 Sep 28:890334420960433. doi: 10.1177/0890334420960433. Online ahead of print.PMID: 32985922.

Realizado por Paulo R. Margotto

Em conclusão, o SARS-CoV-2 IgA no leite de mulheres infectadas com COVID-19 pode estar relacionado à proteção contra a transmissão e à gravidade da doença em seus bebês. Estudos de acompanhamento com um número adequado de pares mãe-bebê incluídos, que levam em consideração a proximidade mãe e bebê, quantidade de amamentação e têm acompanhamento de longo prazo, melhorariam nosso conhecimento sobre os efeitos protetores do SARS-CoV-2 IgA no leite materno.

Pacientes pediátricos com COVID-19 internados em unidades de terapia intensiva no Brasil: um estudo multicêntrico prospectivo

Pacientes pediátricos com COVID-19 internados em unidades de terapia intensiva no Brasil: um estudo multicêntrico prospectivo

Pediatric patients with COVID19 admitted to intensive care units in Brazil: a prospective multicenter study.

Prata-Barbosa A, Lima-Setta F, Santos GRD, Lanziotti VS, de Castro REV, de Souza DC, Raymundo CE, de Oliveira FRC, de Lima LFP, Tonial CT, Colleti J Jr, Bellinat APN, Lorenzo VB, Zeitel RS, Pulcheri L, Costa FCMD, La Torre FPF, Figueiredo EADN, Silva TPD, Riveiro PM, Mota ICFD, Brandão IB, de Azevedo ZMA, Gregory SC, Boedo FRO, de Carvalho RN, Castro NAASR, Genu DHS, Foronda FAK, Cunha AJLA, de Magalhães-Barbosa MC; Brazilian Research Network in Pediatric Intensive Care, (BRnet-PIC).J Pediatr (Rio J). 2020 Aug 4:S0021-7557(20)30192-3. doi: 10.1016/j.jped.2020.07.002. Online ahead of print.PMID: 32781034 Free PMC article .Artigo Livre!

Apresentação: Antonio Batista de Freitas Neto (HMIB – UTI Pediátrica). Coordenação: Alexandre P. Serafim. Revisão: Paulo R. Margotto.

■Até onde sabemos, este é o primeiro estudo sobre o COVID-19 em pacientes de UTIP no Brasil.

■Foi demonstrado que as características desta doença em locais tropicais e subtropicais são semelhantes às de outros países.

■Nessa coorte, a letalidade foi baixa e as doenças crônicas e outras comorbidades desempenharam um papel importante no desenvolvimento das formas graves da doença.

■Ao contrário de outros estudos, a idade inferior a 1 ano não foi associada a um pior prognóstico.

■ Pacientes com MIS-C apresentaram sintomas mais graves, biomarcadores inflamatórios mais elevados e maior predominância do sexo masculino.

Neurossonografia Neonatal-compartilhando imagens: Toxoplasmose Congênita-como evoluem as calcificações

Neurossonografia Neonatal-compartilhando imagens: Toxoplasmose Congênita-como evoluem as calcificações

Paulo R. Margotto.

Recém-nascido (RN) prematuro tardio (36 semanas e 4 dias), peso de 2.435g, AIG, com 2 dias de vida, veio á ecografia transfontanelar para investigar comprometimento cerebral pela Toxoplasmose congênita (mãe IgM+). O exame de fundo de olho evidenciou coriorretinite. Exame realizado pela Dr. Joseleide de Castro que mostrou  hidrocefalia (VD=24,4 mm e VE=20,3 mm), com presença de calcificações cerebrais.

Desafios no diagnóstico e manejo da sepse neonatal

Desafios no diagnóstico e manejo da sepse neonatal

 

Challenges in the diagnosis and management of neonatal sepsis.Zea-Vera A, Ochoa TJ.J Trop Pediatr. 2015 Feb;61(1):1-13. doi: 10.1093/tropej/fmu079. Epub 2015 Jan 20.PMID: 25604489 Free PMC article. Review. Artigo Livre!

Apresentação: Antonio Thiago de Souza Coelho. (R4 em Neonatologia no HMIB/SES/DF). Coordenação: Diogo Pedroso

Uma das maiores dificuldades no manejo da sepse neonatal é obter um diagnóstico preciso, tornando-se necessária uma combinação de achados para fornecer um diagnóstico correto de sepse neonatal. Os valores da PCR são afetados pela ruptura prematura das membranas, febre materna, aspiração de mecônio, sofrimento fetal e etiologia da infecção. A  procalcitonina aumenta mais rapidamente que a PCR, tornando-o um biomarcador muito atraente,  sendo mais sensível na sepse tardia. Quanto ao uso de Calculadora para o risco de sepse nos RN ≥34 semanas (Calculadora de Puopolo): em recente publicação, a Academia Americana de Pediatria sugere que a observação clínica atenta nas primeiras 48 horas possa ser mais eficaz.

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL- Compartilhando imagens: Meningite Purulenta / Morte Encefálica

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL- Compartilhando imagens: Meningite Purulenta / Morte Encefálica

Caso Clínico:

Admitido a UTI Neonatal aos 29 das de vida (2/6/2020) em  posição opistótono, com rigidez de MMSS e MMII, fontanela abaulada e tensa, desconforto respiratório. Recebeu fenobarbital e hidantal e hemotransfusão (Htc de 18% e Hb 5g%).

Realizada US no dia 2/6 que mostrou dilatação biventricular (15 mm), incluindo o 3º Ventrículo, com presença de microdebris em ambos os ventrículos. Ao movimentar o crânio, em tempo real, parecia haver uma massa densa se locomovendo nos ventrículos, o que nos fez pensar num quadro de meningite (purulenta).