Categoria: Neurossonografia Neonatal

Atualização em Neonatologia: avanços em monitoramento e terapias: Uso da Ultrassonografia Doppler Cerebral em Neonatologia

Atualização em Neonatologia: avanços em monitoramento e terapias: Uso da Ultrassonografia Doppler Cerebral em Neonatologia

Paulo R. Margotto. Live do artigo publicado no PRORN 21, 2024. Disponível em 3 de novembro as 14 horas  por 3 dias!

A Utrassonografia Doppler cerebral (USD-c)é um procedimento médico não invasivo que utiliza ondas sonoras de alta frequência para examinar o cérebro do recém-nascido (RN). Ela se estabelece como uma valiosa ferramenta de triagem no diagnóstico e manejo de neonatos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal. A beleza e o benefício do ultrassom craniano residem em ser seguro, econômico e portátil, podendo ser realizado sequencialmente e em tempo real na beira do leito, o que é crucial para a tomada de decisões clínicas. Os avanços em equipamentos e técnicas melhoraram significativamente sua capacidade de detecção. A USD-c deve fazer parte da avaliação da Assistência aos RNs nas Unidades Neonatais, especialmente naqueles com extremo baixo peso ou idade gestacional menor ou igual a 34 semanas. Principais Indicações e Achados A USD-c é essencial para: 1. PREMATURIDADE: Diagnóstico e monitoramento de lesões hemorrágicas e isquêmicas, sendo a hemorragia peri/intraventricular (HP/HIV) o foco nos primeiros 3–4 dias de vida, e a leucomalácia periventricular (LPV) (necrose da substância branca cerebral) uma lesão simétrica importante. O monitoramento sequencial é feito, por exemplo, a cada 7 dias se houver HP/HIV. 2. ENCEFALOPATIA HIPÓXICO-ISQUÊMICA (EHI): A USD-c é fundamental para analisar a hemodinâmica cerebral, já que distúrbios hemodinâmicos são o principal fator fisiopatológico da EHI.3. DOPPLERFLUXOMETRIA (ÍNDICE DE RESISTÊNCIA – IR): A determinação do IR (Valor normal: 0,73 ± 0,08) é uma ferramenta acessível para medir a dinâmica vascular cerebral e a autorregulação do fluxo.     ◦ Baixo IR (≤0,55) sugere diminuição da resistência/alta velocidade de fluxo (típico de EHI grave ou pós-operatório de cardiopatia congênita crítica) e está associado a resultados adversos (paralisia, atraso no desenvolvimento).     ◦ Alto IR (≥0,85) sugere aumento da resistência/baixa velocidade de fluxo (visto em HIV e LPV, secundário à vasoconstrição). 4. INFECÇÕES CONGÊNITAS: Ajuda a identificar malformações e achados específicos como calcificações periventriculares (principal achado do Citomegalovírus), ventriculomegalia (comum em Citomegalovírus, Parvovirose e ZIKV), microcefalia (ZIKV, Toxoplasmose), e abscessos e debris intraventriculares (meningite). 5. MALFORMAÇÕES E OUTRAS LESÕES: Inclui o auxílio diagnóstico para hidrocefalia, malformações congênitas, Acidente Vascular Cerebral (AVC) neonatal isquêmico e hemorrágico, e a Malformação Arteriovenosa da Veia de Galeno. Além do diagnóstico técnico, o uso da USD-c capacita a equipe a fornecer explicações embasadas aos pais sobre as perspectivas futuras e a importância da intervenção precoce, garantindo um cuidado que visa vidas com qualidade.

Ultrassonografia nas malformações cerebrais

Ultrassonografia nas malformações cerebrais

Paulo R. Margotto (Curso de Ultrassonografia Avançada Pediátrica-NEXUS, Brasília).

Nessa Apresentação discutimos  sua importância para alertar clínicos e pais, possibilitando intervenções precoces devido ao risco de sequelas no neurodesenvolvimento.Abordamos Agenesia do Septo Pelúcido (Displasia Septo-Ótica/Síndrome de Morsier, Agenesia do Corpo Caloso (ACC), Malformação de Arnold-Chiari, Complexo Dandy-Walker e Megacisterna MagnaHoloprosencefalia, Esquisencefalia,m Lesões Cerebelares, Malformação da Veia de Galeno, Cisto Interhemisférico Tipo 2 de Barkovich, Cistos do Corno Frontal (coartação dos ventrículos).Portanto, ultrassonografia cerebral  é essencial para o diagnóstico precoce de malformações cerebrais, permitindo intervenções que minimizem sequelas. Achados específicos, como formações císticas e alterações ventriculares, orientam a investigação complementar com RM (ressonância magnética) ou TC (tomografia de crânio)

Aspectos ultrassonográficos das infecções perinatais crônicas

Aspectos ultrassonográficos das infecções perinatais crônicas

Paulo R. Margotto (Curso Avança do Ultrassonografia Pediátrica-NEXUS, Brasília).

Nessa apresentação destacamos  os achados ultrassonográficos (de infecções perinatais crônicas, que causam neuropatias por inflamação, infiltração meníngea/vascular, necrose cerebral e proliferação microglial/astroglial. As infecções abordadas incluem citomegalovírus (CMV), toxoplasmose, parvovírus, zika vírus (ZKV), incluindo meningite e candidíase. A ultrassonografia cerebral é essencial para detectar alterações cerebrais em infecções perinatais crônicas, como calcificações, ventriculomegalia e lesões destrutivas, orientando diagnóstico diferencial e acompanhamento. Achados como hidrocefalia e abscessos indicam prognóstico reservado, exigindo seguimento com TC ou RM.

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL- Compartilhando imagens: ENCEFALOPATIA HIPÓXICO-ISQUÊMICA-LESÃO LEUCOCORTICAL (Ressonância aos 8 dias de vida).

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL- Compartilhando imagens: ENCEFALOPATIA HIPÓXICO-ISQUÊMICA-LESÃO LEUCOCORTICAL (Ressonância aos 8 dias de vida).

Paulo R. Margotto

 

Trata-se de um caso de  encefalopatia hipóxico-isquêmica  com ressonância magnética (RM) aos 8 dias de vida evidenciando  extenso hipersinal T2/flair leucocortical, com restrição à difusão que acomete hemisférios cerebrais, mais evidente do lado direito e a ultrassonografia  mostrou lesões císticas   nessa região aos 18 dias de vida e na discussão abordamos as idades da indicação da hipotermia terapêutica e da realização da RM, assim como o seu papel no neurodesenvolvimento da EHI.

 

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL- Compartilhando imagens: INFARTO HEMORRÁGICO/HEMORRAGIA NA SUPRARRENAL – TROMBOCITOPENIA

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL- Compartilhando imagens: INFARTO HEMORRÁGICO/HEMORRAGIA NA SUPRARRENAL – TROMBOCITOPENIA

Paulo R. Margotto.

Trata-se de um bebê de cesariana por sofrimento fetal durante o trabalho e paro, 36 semanas, Apgar de 7/9, peso de 2.695g, AIG. Apresentou desconforto respiratório precoce, sendo transferido a UTI Neonatal com O2 contínuo em cateter nasal por 3 dias e depois intermitente por mais 4 dias. Apresentou trombocitopenia (plaqueta de 60.000/mm3). Eco abdominal realizado pela Dra. Naima que mostrou imagem sugestiva de hemorragia adrenal a esquerda sendo repetida com 7 dias, mostrando evolução típica (em fase de liquefação). Alta em acompanhamento com a neuropediatria e hematologia. Entre os tipos de trombocitopenia, a trombocitopenia isoimune neonatal é uma causa incomum, mas importante, de lesões hemorrágicas intrauterinas. Quanto a hemorragia na suprarrenal trouxemos a lembrança do ESCROTO AZUL como sinal de hemorragia na suprarrenal. Confira na discussão!

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL- Compartilhando imagens: ANOMALIA DO DESENVOLVIMENTO VENOSO FRONTAL

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL- Compartilhando imagens: ANOMALIA DO DESENVOLVIMENTO VENOSO FRONTAL

Paulo R. Margotto.

Trata-se de um recém-nascido de 28 semanas que mostrou ao ultrassom cerebral área hiperecogênica frontal a esquerda acima do centro semioval, persistindo aos 48 dias de vida. A ressonância magnética mostrou provável foco de ossificação na foice anterior associada a uma anomalia do desenvolvimento venoso frontal

Impacto agudo da dilatação ventricular pós-hemorrágica na oxigenação cerebral em recém-nascidos prematuros com hemorragia intraventricular (HIV).

Impacto agudo da dilatação ventricular pós-hemorrágica na oxigenação cerebral em recém-nascidos prematuros com hemorragia intraventricular (HIV).

Acute impact of posthemorrhagic ventricular dilatation on cerebral oxygenation in preterm infants with intraventricular haemorrhage.Steiner M, Elis J, Giordano V, Kienast P, Ciglar L, Langs G, Vignolle GA, Olischar M, Berger A, Goeral K.Acta Paediatr. 2024 Dec;113(12):2573-2581. doi: 10.1111/apa.17375. Epub 2024 Aug 8.PMID: 39115973.ARTIGO GRÁTIS! Áustria

Realizado por Paulo R. Margotto

O desenvolvimento da dilatação ventricular pós-hemorrágica (PHVD) está fortemente associado a comprometimento grave do neurodesenvolvimento, pois leva a um aumento na pressão intracraniana e lesão por radicais livres induzida por inflamação, causando danos principalmente à substância branca cerebral. Em neonatos prematuros com HIV ocorre uma diminuição prolongada da saturação regional de oxigênio (rScO 2) e um aumento na extração fracionada de oxigênio do tecido cerebral (cFTOE) que pode peristir até 7 dias! Esse estudo mostra que a implementação precoce da drenagem do líquido cefalorraquidiano por meio de punções lombares repetidas não apenas atinge uma redução preliminar na pressão intracraniana e melhora da oxigenação cerebral, mas também pode ajudar a adiar a necessidade de intervenções neurocirúrgicas mais invasivas. Além disso, nossos resultados sugerem que o NIRS é uma ferramenta potencial para auxiliar na tomada de decisão clínica no tratamento de pacientes com PHVD progressiva. Marcadores como rScO 2 baixo e/ou um aumento no cFTOE podem indicar a necessidade de descompressão ventricular.

 

ULTRASSOM CEREBRAL DOPPLER NA ENCEFALOPATIA HIPÓXICOISQUÊMICA (EHI): ESTADO DA ARTE

ULTRASSOM CEREBRAL DOPPLER NA ENCEFALOPATIA HIPÓXICOISQUÊMICA (EHI): ESTADO DA ARTE

Apresentado por Paulo R. Margotto no 1º Congresso Internacional de neonatologia do Distrito Federal, 28-29 de novembro, 2024.

Para um diagnóstico preciso da EHI neonatal  a neuroimagem é o tratamento padrão para confirmar o diagnóstico (  (às vezes pode ser uma malformação cerebral), determinar o momento, a natureza e  a extensão da lesão e confirmar o prognóstico ((para um plano de acompanhamento na dependência. A Ressonância Magnética cerebral (RM) é o  padrão ouro para imagens de bebês com EHI (no entanto, após a hipotermia terapêutica (HT) com  RM normal, 43% com resultados adversos!). o Ultrassom (US) é uma  poderosa ferramenta alternativa à RM, quando não disponível ou quando  o bebê não está estável o  suficiente para ser transportado.  Considerado modalidade de neuroimagem de primeira linha para estudar o cérebro neonatal. Às vezes é a única ferramenta disponível na imensa maioria das Unidade Neonatais do país para avaliar o cérebro dos recém-nascidos. De preferência, que o US seja realizado pelo neonatologista, sempre ciente da história clinica. A importância do Índice de Resistência é devido ser o distúrbio hemodinâmico cerebral o principal fator do mecanismo fisiopatológico da EHI neonatal.

 

 

Escroto azul como sinal de hemorragia adrenal neonatal

Escroto azul como sinal de hemorragia adrenal neonatal

Blue Scrotum as a Sign of Neonatal Adrenal Hemorrhage. Puzone S, Montaldo P.J Pediatr. 2024 Nov;274:114186. doi: 10.1016/j.jpeds.2024.114186. Epub 2024 Jul 8.PMID: 38986928 Artigo Grátis! No abstract available.

Realizado por Paulo R. Margotto

O exame físico logo após o nascimento DE UM RN DE PARTO foi normal, apesar do parto difícil. Dois dias após o nascimento, uma descoloração azulada e inchaço indolor do hemiscroto direito foram observados. Este achado (sinal de Bryant) sugeriu uma hemorragia adrenal neonatal, que foi posteriormente confirmada por ultrassonografia do abdômen. A hemorragia adrenal é tipicamente contida dentro da cápsula da glândula adrenal. No entanto, o sangue pode às vezes se espalhar para o retroperitônio ou para a cavidade peritoneal e causar descoloração azulada e inchaço do escroto.

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL- Compartilhando imagens: LEUCOMALÁCIA MULTICÍSTICA NO CENTRO SEMI-OVAL

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL- Compartilhando imagens: LEUCOMALÁCIA MULTICÍSTICA NO CENTRO SEMI-OVAL

Paulo R. Margotto.

Trata-se de um recém-nascido de 31 semanas, Apgar 8/9, 1970g ao nascer, evoluindo com desconforto respiratório ao nascimento e necessitando de CPAP na Sala de Parto. Apresentou pneumonia, PCA hemodinamicamente significativo, enterocolite necrosante, monitorização aEEG mostrou eventos epiléticos. O US mostrou hiperecogenicidade, principalmente na região frontal, evoluindo para leucomalácia no centro semi-oval. Segundo o Dr. Sérgio Veiga, neuropediatra, “os centros semi ovais, a direita e esquerda são as duas porções de substância branca dos hemisférios cerebrais que estão entre o córtex cerebral e os ventrículos laterais; é formado por fibras que ligam regiões corticais do mesmo hemisfério, outras que ligam áreas homólogas dos hemisférios opostos e áreas do córtex e de regiões subcorticais; quando se observa cistos nelas, a criança poderá ter uma variedade de sintomas motores, distúrbio de movimento e outros sensitivos bilaterais; geralmente resulta na paralisia cerebral mista, assimétricas, quadriparética de intensidade que depende da intensidade das lesões”.