Hot points da Terapia Nutricional no recém-nascido pré-termo
Apresentação de Rubens Feferbaum no XXXII Encontro Internacional de Neonatologia da Santa Casa de São Paulo, 12-17/5/2025
Realizado por Paulo R. Margotto.
São abordados os Desafios e Diretrizes da Terapia Nutricional em recém-nascidos pré-termos, com foco em nutrição parenteral (NP), enteral (NE), transição entre elas, colostroterapia e prevenção de complicações. Objetivos da Terapia Nutricional: promover crescimento semelhante ao intrauterino (15 g/kg/dia); garantir desenvolvimento neurológico adequado; prevenir doenças crônicas não transmissíveis a longo prazo; evitar subnutrição e catabolismo proteico; proteger o sistema nervoso central e reduzir inflamação, considerando eixos como intestino-cérebro e intestino-pulmão. Recomenda-se iniciar NP imediatamente após o nascimento com acesso vascular, fornecendo 1,5 g/kg/dia de aminoácidos (AA) no 1º dia, progredindo para 2,5–3,5 g/kg/dia (máximo 3 g/kg/dia para evitar sepse). Evidência: baixa, recomendação forte (ASPEN). Aminoácidos: Cisteína (antioxidante), taurina (desenvolvimento retinal) e arginina (óxido nítrico, insulina) são cruciais. Estabilizam glicemia e reduzem catabolismo. Lipídios: Iniciar com 1–2 g/kg/dia, progredindo para 3–4 g/kg/dia. Emulsões multicompartimentadas (óleo de peixe, ômega-3) reduzem inflamação e melhoram capacidade antioxidante. NICE (2020) recomenda início precoce. Eletrólitos: Suplementar sódio, potássio, cálcio e fósforo desde o 1º dia para evitar Síndrome de Realimentação (SR), caracterizada por hipofosfatemia (<4 mg/dL, grave <2,5 mg/dL), hipocalemia (<3 mEq/L) e hipomagnesemia (<1,5 mEq/L). Fósforo é crítico devido à depleção placentária. Micronutrientes: Zinco, selênio e outros são essenciais, mas há limitações no Brasil. Deficiência de selênio agrava displasia broncopulmonar e retinopatia. Colostroterapia: Modula microbiota intestinal, reduzindo enterocolite necrosante. Na ausência do colostro da própria mãe, pode ser usado o colostro pasteurizado (contém pré-bióticos, oligossacarídeos [HMOs] que são resistentes à pasteurização e promovem Lactobacillus e Bifidobacterium. Progressão: Avanço de 18–30 mL/kg/dia com leite humano não aumenta riscos (sepse, enterocolite). Não medir resíduo gástrico rotineiramente, salvo se colorido. Fortificação: Essencial para prematuros de muito baixo peso, garantindo crescimento e mineralização óssea. Transição NP/NE: Fase crítica para evitar déficits nutricionais. Manter NP até NE atingir 135 mL/kg/dia (leite fortificado) ou 110 kcal/kg/dia. Aporte proteico mínimo: 4 g/kg/dia. Complicações: Síndrome de Realimentação: Risco em 20–38% dos prematuros extremos, associada a hipofosfatemia e sepse. Prevenir com suplementação precoce de fósforo e monitoramento de eletrólitos. Colestase Associada à NP: Reduzida com NE precoce, ciclagem de NP (a cada 12 horas) e emulsões multicompartimentadas (óleo de peixe, vitamina E). Evitar jejum prolongado