Categoria: Obstetrícia e Perinatologia

Sulfato de Magnésio Pré-Natal e Resultados Gastrointestinais Adversos em Bebês Prematuros – uma Revisão Sistemática e Metanálise.

Sulfato de Magnésio Pré-Natal e Resultados Gastrointestinais Adversos em Bebês Prematuros – uma Revisão Sistemática e Metanálise.

Antenatal Magnesium Sulfate and adverse gastrointestinal outcomes in Preterm infants-a systematic review and meta-analysis.v Prasath A, Aronoff N, Chandrasekharan P, Diggikar S.J Perinatol. 2023 Sep;43(9):1087-1100. doi: 10.1038/s41372-023-01710-8. Epub 2023 Jun 30.PMID: 37391507 Review.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Um total de 38 estudos não randomizados  e 6 randomizados  envolvendo 51.466 prematuros incluídos na análise final mostrou que o sulfato de magnésio pré-natal não aumentou a incidência de morbidades ou mortalidade gastrointestinais em bebês prematuros. Com as atuais preocupações com as evidências, os efeitos adversos da administração de MgSO4 que levam a enterocolite necrosante ou perfuração intestinal espontânea ou mortalidade relacionada ao trato gastrointestinal em bebês prematuros não devem ser um obstáculo no seu uso rotineiro em mães pré-natais.

 

Fatores de risco e epidemiologia da perfuração intestinal espontânea em bebês nascidos com 22 a 24 semanas de idade gestacional

Fatores de risco e epidemiologia da perfuração intestinal espontânea em bebês nascidos com 22 a 24 semanas de idade gestacional

Risk factors and epidemiology of spontaneous intestinal perforation among infants born at 22-24 weeks’ gestational age. Thakkar PV, Sutton KF, Detwiler CB, Henegar JG, Narayan JR, Perez-Romero M, Strausser CM, Clark RH, Benjamin DK Jr, Zimmerman KO, Goldberg RN, Younge N, Tanaka D, Brian Smith P, Greenberg RG, Kilpatrick R.J Perinatol. 2023 Sep 27. doi: 10.1038/s41372-023-01782-6. Online ahead of print.PMID: 37759034.

Realização: Paulo R. Margotto.

Neste grande estudo de coorte multicêntrico de bebês nascidos com 22 a 24 semanas de IG (9.712 bebês), a exposição ao magnésio pré-natal, indometacina pré-natal, hidrocortisona pós-natal, indometacina pós-natal e perda de peso ≥15% foram associadas à perfuração intestinal espontânea (essa condição  afeta 3–5% dos bebês nascidos com 22–24 semanas de IG, com uma mortalidade de 20–30% e frequentemente se apresenta como uma perfuração isolada do íleo).

Hemorragias intracranianas em bebês de mães diabéticas: um estudo de coorte nacional

Hemorragias intracranianas em bebês de mães diabéticas: um estudo de coorte nacional


Intracranial hemorrhages in infants of diabetic mothers: A national cohort study.
Farghaly MAA, Qattea I, Ali MAM, Saker F, Mohamed MA, Aly H.Early Hum Dev. 2023 Aug;183:105796. doi: 10.1016/j.earlhumdev.2023.105796. Epub 2023 Jun 4.PMID: 37300990.

Realizado por Paulo R. Margotto.

A partir de dados nacionais dos EUA (11.318.691 bebês), em comparação com os controles, os recém-nascidos de diabéticas apresentaram prevalência aumentada de hemorragia intraventricular (HIV) de 1,18 vezes mais ( p  < 0,001) e outras hemorragias intracranianas (subracnoideas e cerebelares) de  1,18vezes mais  p  = 0,001). No entanto: sem aumento da HIV grau IV.  O diabetes mellitus (DM)  Gestacional não foi associado ao aumento da HIV, porém, houve aumento de hemorragia subaracnoide (1,60 vezes mais- p  = 0,01). O DM materno associa-se à policitemia  fetal e à trombose (tal associação pode aumentar plausivelmente o risco de hemorragia nesses bebês). Interessante: A deficiência da proteína C foi relatada em pacientes com DM, especialmente com glicemia não controlada; esse pode ser outro mecanismo para explicar a HIV no bebê de diabética. Portanto,  veja a possibilidade do ultrassom cerebral pelo menos nesses grupos selecionados de diabetes materno.

 

Vacina bivalente de pré-fusão F na gravidez para prevenir a doença por VSR em bebês

Vacina bivalente de pré-fusão F na gravidez para prevenir a doença por VSR em bebês

Bivalent Prefusion F Vaccine in Pregnancy to Prevent RSV Illness in Infants. Kampmann B, Madhi SA, Munjal I et al. MATISSE Study Group.N Engl J Med. 2023 Apr 20;388(16):1451-1464. doi: 10.1056/NEJMoa2216480. Epub 2023 Apr 5.PMID: 37018474 Clinical Trial.

Realizado por Paulo R. Margotto.

A vacina baseada na proteína F de pré-fusão de VSR (RSVpreF) administrada durante o final do segundo ou terceiro trimestre de gravidez (32 a 36 semanas de idade gestacional) pode proteger os bebês da doença grave por VSR durante os primeiros meses de vida, com eficácia de  81% na prevenção da infecção grave pelo VSR associada a infecção do trato respiratório inferior, sendo aprovada  pela FDA (Food and Drug Administration) dos EUA com o nome de ABRYSVO.

Desfechos do Neurodesenvolvimento de Bebês Muito Prematuros Nascidos após Restrição de Crescimento Fetal Precoce Com Ausência de Fluxo Umbilical Diastólico Final

Desfechos do Neurodesenvolvimento de Bebês Muito Prematuros Nascidos após Restrição de Crescimento Fetal Precoce Com Ausência de Fluxo Umbilical Diastólico Final

Neurodevelopmental outcomes of very preterm infants born following early foetal growth restriction with absent end-diastolic umbilical flow. Della Gatta AN, Aceti A, Spinedi SF, Martini S, Corvaglia L, Sansavini A, Zuccarini M, Lenzi J, Seidenari A, Dionisi C, Pilu G, Simonazzi G.Eur J Pediatr. 2023 Jul 25. doi: 10.1007/s00431-023-05104-y. Online ahead of print.PMID: 37490110.

Realizado por Paulo R. Margotto

 

Os bebês com restrição do crescimento fetal  associado a ausência de fluxo diastólico detectado de 32 semanas apresentam maior risco de óbitos  e complicações perinatais, além de deficiente neurodesenvolvimento. Interessante que as  características do Doppler provaram ser um preditor independente do domínio de desempenho em 12 meses de idade corrigida. Esses bebês devem s ser monitorados cuidadosamente durante o período neonatal e na primeira infância

 

Miocardiopatia hipertrófica em recém-nascidos de mãe diabética: uma condição heterogênea, a importância da anamnese, exame físico e acompanhamento

Miocardiopatia hipertrófica em recém-nascidos de mãe diabética: uma condição heterogênea, a importância da anamnese, exame físico e acompanhamento

Hypertrophic cardiomyopathy in infant newborns of diabetic mother: a heterogeneous condition, the importance of anamnesis, physical examination and follow-up.Codazzi AC, Ippolito R, Novara C, Tondina E, Cerbo RM, Tzialla C.Ital J Pediatr. 2021 Sep 30;47(1):197. doi: 10.1186/s13052-021-01145-x.PMID: 34593008 Free PMC article. Artigo Livre!

Apresentação: Cristiane Lima R5 UTI PED HCB. Coordenação: Nathalia Bardal.

A Miocardiopatia hipertrófica (MCH) em bebês de mães diabéticas, tem uma  incidência variando de 10 a 71%(geralmente explicada pelo efeito anabólico do hiperinsulinismo fetal relacionado à hiperglicemia materna), com melhora aos 6 meses de idade com o uso de betabloqueadores (propranolol). No entanto, o agravamento da MCH deve ser pensada  em distúrbios metabólicos, como doença de Pompe (glicogenose tipo II).

Exposição materna ao ácido acetilsalicílico e risco de eventos hemorrágicos em prematuros extremos

Exposição materna ao ácido acetilsalicílico e risco de eventos hemorrágicos em prematuros extremos

Exposure to maternal acetylsalicylic acid and the risk of bleeding events in extreme premature neonates. Morin J, Delaney J, Nunes GC, Simoneau J, Beltempo M, Goudie C, Malhamé I, Altit G.J Perinatol. 2023 Mar 13. doi: 10.1038/s41372-023-01644-1. Online ahead of print.PMID: 36914800 No abstract available.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Esse estudo (incluiu uma coorte retrospectiva de recém-nascidos extremamente prematuros nascidos com menos de 29 semanas e internados em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal nível 3 entre 2015 e 2019) mostrou que prematuros extremos expostos ao AAS materno não apresentaram eventos hemorrágicos (hemorragia intraventricular, hemorragia pulmonar) e taxas de mortalidade mais significativas quando comparados ao grupo não exposto.

Transmissão da microbiota de mãe para filho e desenvolvimento da microbiota infantil em vários locais do corpo (Os bebês recebem bactérias essenciais de suas mães após o parto natural, bem como após a cesariana)

Transmissão da microbiota de mãe para filho e desenvolvimento da microbiota infantil em vários locais do corpo (Os bebês recebem bactérias essenciais de suas mães após o parto natural, bem como após a cesariana)


Mother-to-infant microbiota transmission and infant microbiota development across multiple body sites.
Bogaert D, van Beveren GJ, de Koff EM, Lusarreta Parga P, Balcazar Lopez CE, Koppensteiner L, Clerc M, Hasrat R, Arp K, Chu MLJN, de Groot PCM, Sanders EAM, van Houten MA, de Steenhuijsen Piters WAA.Cell Host Microbe. 2023 Mar 8;31(3):447-460.e6. doi: 10.1016/j.chom.2023.01.018.PMID: 36893737. Artigo Integral!

Os bebês recebem bactérias essenciais de suas mães durante o nascimento e imediatamente depois, independentemente de terem nascido de parto natural ou cesariana ( bebês nascidos por cesariana recebem menos do microbioma intestinal de suas mães  durante o parto, mas parecem compensar isso em parte recebendo bactérias do leite materno). Assim, A amamentação torna-se ainda mais importante para as crianças que nascem por cesariana e que, portanto, não recebem micróbios intestinais e vaginais de suas mães. Ao comparar bebês nascidos por cesariana com bebês nascidos de parto normal, esses autores descobriram  que o impacto do leite materno foi significativamente mais forte em bebês nascidos por cesariana! um método polêmico chamado semeadura vaginal, também conhecido como microbirthing, que consiste em recolher amostras do fluido da vagina logo após o parto e passá-la na pele do bebê. “Ainda não foi comprovado, em estudos, que a semeadura vaginal tenha um efeito positivo a longo prazo, por exemplo, no risco de asma ou obesidade. O método também traz possíveis riscos, como a transmissão de vírus, razão pela qual ainda não é recomendado pelas sociedades profissionais. Agora temos a primeira prova de que você não precisa necessariamente fazer isso — o que é um alívio. Os dados do estudo mostram que os bebês de cesariana se beneficiam muito da amamentação e muito mais rapidamente do que os bebês de parto normal.

Anormalidades ultrassonográficas intracranianas e mortalidade em prematuros com e sem restrição de crescimento fetal estratificado por resultados do estudo Doppler fetal

Anormalidades ultrassonográficas intracranianas e mortalidade em prematuros com e sem restrição de crescimento fetal estratificado por resultados do estudo Doppler fetal

Intracranial ultrasound abnormalities and mortality in preterm infants with and without fetal growth restriction stratified by fetal Doppler study results.Kim F, Bateman DA, Goldshtrom N, Sheen JJ, Garey D.J Perinatol. 2023 Jan 30. doi: 10.1038/s41372-023-01621-8. Online ahead of print.PMID: 36717608.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Em um modelo de regressão logística, restrição do crescimento fetal (RCF) com Dopplers anormal foi associado a mais de três vezes mais chances de morte, hemorragia intraventricular  grave ou leucomalácia periventricular (OR 3,2, IC 95% 1,54,6,49; p < 0,001) assim como  incidência significativamente maior de displasia broncopulmonar (p<0.01). Estudos avaliaram o uso de um novo marcador ultrassonográfico emergente, conhecido como razão cerebroplacentária (CPR), que é calculada como uma razão entre o índice de pulsatilidade (PI) da artéria cerebral anterior e índice de pulsatilidade (IP) da artéria umbilical (AU) e representa o grau de redistribuição cerebral no paciente em um estado hipoxêmico . Uma CPR ANORMAL tem sido associada a velocidade de crescimento fetal prejudicada e resultados perinatais adversos, incluindo morbidades neonatais, e pode fornecer mais informações sobre o risco de lesão intracraniana em fetos afetados que têm pouco ou muito efeito poupador cerebral. Estudo sobre alterações do fluxo sanguíneo em artéria umbilical na síndrome hipertensiva gestacional realizado pela Marta David R. de Moura e cl mostrou, no grupo com alterações maior risco de mortalidade (1,6; IC95% 1,2 – 2,2), maior tempo de ventilação mecânica, mais restrição do crescimento intrauterino e   maior dependência de O2 aos 28 dias de vida.

Morbidade em crianças após oclusão traqueal endoluminal por fetoscopia por hérnia diafragmática congênita grave: resultados de uma clínica multidisciplinar

Morbidade em crianças após oclusão traqueal endoluminal por fetoscopia por hérnia diafragmática congênita grave: resultados de uma clínica multidisciplinar

Morbidity in children after fetoscopic endoluminal tracheal occlusion for severe congenital diaphragmatic hernia: Results from a multidisciplinary clinic. Sferra SR, Nies MK, Miller JL, Garcia AV, Hodgman EI, Penikis AB, Engwall-Gill AJ, Burton VJ, Rice JL, Mogayzel PJ, Baschat AA, Kunisaki SM.J Pediatr Surg. 2023 Jan;58(1):14-19. doi: 10.1016/j.jpedsurg.2022.09.042. Epub 2022 Oct 14.PMID: 3633312.

Apresentação:  Amanda do Carmo Alves|R4 Neonatologia. Coordenação: Diogo Pedroso

Em 35 pacientes com HDC grave, dos quais 18 foram  submetidos a oclusão traqueal endoluminal por fetoscopia temporária (FETO) e 17 não foram FETO, observaram-se menor taxa de ECMO nos pacientes FETO, além de tendência a menor tempo em ECMO e maior taxa de alta para casa nos pacientes FETO em relação aos pacientes não FETO, embora sem significância na mortalidade entre os dois grupos. A taxa de sobrevida a longo prazo de 67% no grupo FETO foi consideravelmente maior do que a taxa de sobrevida de 40% em 6 meses relatada no estudo TOTAL (Tracheal Occlusion to Accelerate Lung Growth). Esses dados devem ser inestimáveis para o aconselhamento pré-natal de famílias interessadas em resultados de FETO de longo prazo.