Clampeamento tardio do cordão é associado com melhora da dinâmica da autorregulação cerebral e diminuiu a incidência de hemorragia intraventricular nos recém-nascidos pré-termo

Clampeamento tardio do cordão é associado com melhora da dinâmica da autorregulação cerebral e diminuiu a incidência de hemorragia intraventricular nos recém-nascidos pré-termo

Delayed cord clamping is associated with improved dynamic cerebral autoregulation and decreased incidence of intraventricular hemorrhage in preterm infants.Vesoulis ZA, Liao SM, Mathur AM.J Appl Physiol (1985). 2019 Jul 1;127(1):103-110. doi:10.1152/japplphysiol.00049.2019. Epub 2019 May 2.PMID: 31046516.Similar articles.

Apresentação: Antonio Thiago de Souza Coelho. Coordenação:Nathália Bardal.

Um dos importantes achados do clampeamento tardio do cordão umbilical (CTC) nos pré-termo foi a redução de taxas de hemorragia intraventricular (HIV). No entanto, o mecanismo de efeito protetor permanece incerto apesar de muitas especulações. Nesse estudo os autores levantam a hipótese que o CTC (45 a 60 segundos)  possa exercer seu efeito através da estabilização da hemodinâmica cerebral, especificamente o sistema autorregulatório cerebrovascular. Os RN (28 semanas de idade gestacional) foram monitorados por 72 horas pelo   NIRS (near-infrared spectroscopy) a saturação de oxigênio tecidual cerebral  e pressão arterial média iniciando dentro das primeiras 24 horas. Os RN com CTC foram comparados com os RN com clampeamento imediato do cordão umbilical (CIC), controlando a severidade da doença,  sedação corioamnionite, inotrópicos, tipo de parto. O sistema autorregulatório cerebrovascular pode ser definido como uma “caixa preta”, que transforma flutuações na pressão sanguínea em fluxo sanguíneo cerebral suave e estável. A sua falha  tem um  impacto potencialmente devastador na lesão cerebral! O grau em que esse sistema amortece o fluxo sanguíneo sistêmico pode ser modelado matematicamente se a entrada e saída são conhecidas. Nesse estudo, a entrada é a Pressão Sanguínea Arterial e a saída é a Saturação de oxigênio tecidual cerebral (SctO2), representando o fluxo sanguíneo cerebral. Com essa tecnologia os autores demonstraram que os bebês prematuros com  CTC apresentaram  função autorregulatória cerebral dinâmica mais robusta e uma taxa significativamente menor de HIV, comprovando que o CTC exerce um efeito neuroprotetor em recém-nascidos prematuros, que é a estabilização do sistema cérebro-vascular e melhoria da resistência a flutuações da pressão arterial sistêmica. Os pré-termo com CIC apresentam  um alto grau de vasorreatividade na circulação cerebral. Quanto à ordenha do cordão, esses autores citam que ainda não está claro se tem um efeito semelhante, embora seja razoável supor um resultado semelhante, dado os resultados observados em estudos randomizados  mais recentes que  demonstraram diminuição da HIV. Nos complementos o melhor entendimento do mecanismo da ocorrência da HIV, no qual a deficiente autorregulação do fluxo sanguíneo cerebral desempenha primordial papel, assim como as repercussões da HIV, mesmo em baixos graus. O CTC evita 1 HIV para 15 bebês e assim, nos EUA, 3795 casos anuais de HIV poderiam ser evitados! Assim, NÃO ADOTAR A PRÁTICA DO ATRASO DO CLAMPEAMENTO DO CORDÃO: PODE EXPOR AS CRIANÇAS A UM RISCO DESNECESSÁRIO DE ATRASOS NO NEURODESENVOLVIMENTO, PARALISIA CEREBRAL E PROBLEMAS COMPORTAMENTAIS, AFETANDO A QUALIDADE DE VIDA DAS CRIANÇAS, COM PREJUÍZO FAMILIAR, GASTOS MÉDICOS EXCESSIVOS, além de uso de preciosos recursos desnecessariamente, como transfusão de concentrado de hemácias. Embora não haja diretrizes para os que precisam de reanimação, segundo Ola Saugstad (Noruega), são esses que mais precisam do sangue placentário, razão pela qual já existem carrinhos de reanimação permitindo a sua realização com o cordão umbilical intacto (são necessários mais estudos!) e a ordenha de cordão-OC (com repreenchimento placentário!) pode ser uma alternativa aceitável quando o CTC não for possível, não atrasando a reanimação (os dados recentes que mostram que a OC é equivalente ao CTC no aumento do sangue neonatal circulante). A OC no aumento a HIV como se supunha, pelo contrário diminui significativamente em relação a CIC. Segundo Peter Davis (Austrália), até 2020 essa lacuna deverá ser preenchida com vários ensaios em curso. Além disso, as células-tronco administradas com sangue do cordão umbilical podem atuar de maneira neuroprotetora através de diferentes mecanismos fisiológicos. Enfim, o CTC não aumenta a necessidade de fototerapia e exsanguineotransfusão, inclusive ocorreram menos exsanguineotransfusão nos bebês com CTC isoimunizados!!!.