Devemos acreditar na enterocolite necrosante associada à transfusão? Aplicando um GRADE à literatura

Devemos acreditar na enterocolite necrosante associada à transfusão? Aplicando um GRADE à literatura

Should we believe in transfusion-associated enterocolitis? Applying a GRADE to the literature.

Hay S, Zupancic JA, Flannery DD, Kirpalani H, Dukhovny D. Semin Perinatol. 2017 Feb;41(1):80-91. doi: 10.1053/j.semperi.2016.09.021. Epub 2016 Nov 17. Review.PMID: 27866662.Similar Articles.

Apresentação: Milena Pires. Coordenação: Miza Vidigal.

Aplicando um GRADE à literatura (em 1987 uma epidemia de ECN em um Centro único identificou transfusões de hemácias como um fator de risco potencial; a partir desse fato a maioria dos inúmeros estudos observacionais (caso-controle e coorte) identificou essa associação e medidas foram tomadas na as prevenção; o presente estudo cita que são gritantes as diferenças de evidências entre os estudos observacionais e os experimentais, pela presença de fatores de confusão nos estudos observacionais; aplicando a graduação da qualidade das evidências e a força das recomendações (GRADE) foi o objetivo desse estudo na avaliação da associação entre transfusão sanguínea e ECN;  um “alto” GRADE  ​​sugere que “é improvável que novas pesquisas mudem” essa confiança e uma classificação de “muito baixo” expressa que “qualquer estimativa de efeito é muito incerta; foram analisados 26 estudos, sendo 3 ensaios clínicos randomizados [ECR], 12 estudos de caso-controle e 11 estudos de coorte observacionais (nenhum dos estudos foi planejado para a avaliação entre transfusão sanguínea e ECN; a avaliação GRADE dos estudos mostrou que a qualidade geral das evidências para apoiar as transfusões de sangue associadas à ECN foi “baixa” a “muito baixa”.

Nos estudos observacionais tanto para ECN dentro de 48 horas ou qualquer tempo depois das transfusões, há substancial heterogeneidade em relação a essa potencial associação [93 e 86%, respectivamente]; nenhum estudo aplicou  um ajuste de risco fisiológico no dia, ou antes, da transfusão (ou seja, é possível que as transfusões consequentemente fossem dadas após o desfecho; interessante  que os estudos randomizados sugeriram que um limiar de transfusão mais liberal, resultando em mais transfusões, produziu um resultado de menor taxa de ECN,  embora estatisticamente não significativo; a ANEMIA ao invés da transfusão É O FATOR DE RISCO PARA A ECN [acredita-se que a anemia grave leve à hipoxia na parede intestinal, deixando o paciente em risco de estresse oxidativo durante a reperfusão aguda]; assim, os autores desse estudo aplicando o GRADE concluem que não há evidências suficientes para apoiar a possível associação entre transfusão e ECN; nos complementos trouxemos mais informações a respeito do papel da ANEMIA e os estudo reforçam que essa desempenha importante fator de risco (chega a aumentar 6 vezes os risco de ECN!); possíveis meios de prevenir a anemia nesses prematuros   incluem o CLAMPEAMENTO TARDIO DO CORDÃO E A ORDENHA DO CORDÃO; quanto à SUSPENSÃO DA ALIMENTAÇÃO  durante as transfusões:nos alimentados durante a transfusão tem sido mostrado queda significativa  da oxigenação mesentérica pós-prandial aumentando o risco de isquemia mesentérica e o  desenvolvimento de ECN relacionado à transfusão, principalmente se ANEMIA concomitante, embora precisamos dos resultados de estudos com maior poder em andamento ( embora seja reconhecido a necessidade de mais estudos com maior poder (Ensaio TOP: Transfusions of Prematures:TOP; WHEAT: Withholding Enteral Feeds Around Transfusion); a  Iniciativa de melhoria da qualidade para reduzir a taxa de ECN nos prematuros da Rede Vermont contempla a suspensão da dieta DURANTE a transfusão, norma adotada pela  Unidade Neonatal do HMIB..