Efeito da Avaliação Residual Gástrica na ingesta enteral em bebês prematuros extremos: Um ensaio clínico randomizado

Efeito da Avaliação Residual Gástrica na ingesta enteral em bebês prematuros extremos: Um ensaio clínico randomizado

Effect of Gastric Residual Evaluation on Enteral Intake in Extremely Preterm Infants: A Randomized Clinical Trial.Parker LA, Weaver M, Murgas Torrazza RJ, Shuster J, Li N, Krueger C, Neu J.JAMA Pediatr. 2019 Jun 1;173(6):534-543. doi:10.1001/jamapediatrics.2019.0800.PMID: 31034045 Free PMC article. Clinical Trial. ARTIGO LIVRE!

Apresentação: Marcus Vinicius Batista Machado  (R3 Neonatologia HMIB/SES/DF).Coordenação: Marta David Rocha de Moura.

A avaliação dos resíduos gástricos (97% dos Enfermeiros UTI Neonatal o fazem) foi considerada cuidado padrão por décadas sem evidência de apoio substancial. Grande resíduo gástrico tradicionalmente assume-se que representa: intolerância alimentar; risco de aspiração e pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM); em prematuros extremos, um sinal precoce de enterocolite necrosante.  Existe pouca evidência para indicar que a avaliação dos resíduos gástricos melhora os resultados do paciente e se omitir esta avaliação pode causar danos. As evidências sugerem que essa avaliação pode ser desnecessária. Em 143 recém-nascidos (RN) com idade gestacional média de 27 sem foram subdivididos em dois grupos (74 com peso médio de 888,8 g com e 69 com peso médio de 915,2 g sem avaliação de resíduos gástricos). Quanto à ingestão enteral diária, observou-se que o grupo não residual exibiu um aumento mais acentuado em comparação com o grupo residual (atingiu a dieta enteral plena 6 dias antes!) e consumiu mais leite nas semanas 5 e 6, além de apresentarem maior estimativa de peso, menos episódios de distensão abdominal e alta 8 dias antes. Não houve diferença ente os grupos quanto a enterocolite necrosante, PAVM, sepse, displasia broncopulmonar, tempo de ventilação e óbito. Em recém-nascidos prematuros extremos, grandes resíduos pode ser normal devido à imaturidade gastrointestinal e motilidade reduzida. Estudos têm mostrado que ao omitir a avaliação do resíduo gástrico, os bebês saíram do acesso venoso central 6 dias antes! Quando as dietas são interrompidas ou diminuídas devido a grandes resíduos gástricos, o crescimento pode ser negativamente afetado. Esses achados podem ser traduzidos em prática baseada em evidências no cuidado de bebês de muito baixo peso. Nos complementos, estudo de 2020, o efeito da aspiração e avaliação de resíduos gástricos no nível de inflamação intestinal, sangramento e peptídeo gastrointestinal: interessante que omitir aspiração e avaliação residual gástrica antes de cada alimentação não alterava os níveis de gastrina e motilina 3 semanas após o nascimento. Embora não significativo, os lactentes submetidos à avaliação residual gástrica apresentaram níveis mais elevados de calprotectina e S100A12 (marcadores de inflamação intestinal), que podem ser clinicamente importantes em lactentes nascidos com muito baixo peso e com risco de intolerância alimentar e doenças inflamatórias intestinais, como enterocolite necrosante. Assim, esse estudo fornece evidências adicionais para mostrar que avaliar rotineiramente os resíduos gástricos dos bebês antes de cada mamada pode ser desnecessário