Gel de dextrose profilático não previne hipoglicemia neonatal:um estudo piloto quase-experimental
Prophylactic Dextrose Gel Does Not Prevent Neonatal Hypoglycemia: A Quasi-Experimental Pilot Study. Coors SM, Cousin JJ, Hagan JL, Kaiser JR. J Pediatr. 2018 Mar 28. pii: S0022-3476(18)30213-0. doi: 10.1016/j.jpeds.2018.02.025. [Epub ahead of print] PMID: 29605395. Similar articles.
Apresentação:Fernanda Reginatto Bau (R4), Daniela Megumi R.Yoshimoto (R3). Coordenação: Joseleide de Castro Gomes, Paulo R. Margotto. Unidade de Neonatologia do Hospital Materno Infantil de Brasília/SES/DF.
Tem sido já evidenciada que a aplicação do gel de dextrose à mucosa bucal como tratamento para hipoglicemia neonatal transitória demonstrou, em estudos randomizados e não randomizados, reduzir pela metade com segurança as internações na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) por hipoglicemia pela metade. Também tem sido associado a significante aumento da amamentação exclusiva ao seio (reduz a incidência de separação da mãe-bebê para o tratamento, com aumento da probabilidade da amamentação plena ao seio na alta, além da redução de gastos hospitalares. Recente metanálise da Cochrane não encontrou efeitos adversos do gel de dextrose a 40% durante o período neonatal ou aos 2 anos de idade e recomendou o uso de gel de dextrose como uma abordagem de primeira linha para o controle glicêmico de prematuros tardios e bebês a termo. Como profilático, Hegarty et al (200mg/kg) evidenciaram que com uma dose única de gel de dextrose a 40% profilático reduziu a hipoglicemia (<47mg%) durante as primeiras 48 horas de vida, assim como a redução de internação. No entanto o presente estudo aqui Apresentado (Coors SM et al), utilizando um gel de dextrose a 77% e com conservantes não evidenciaram estes resultados, sendo atribuídos esta diferença a maior concentração de dextrose no gel usado. Talvez a maior concentração de carboidratos do gel utilizado (77%), comparado com a dose mais efetiva de 200mg/kg/dose (gel a 40%) causou resposta hiperinsulinêmica e não preveniu a hipoglicemia com o seu uso profilático. Também nos links trouxemos o capítulo de Hipoglicemia atualizado em que frisamos o entendimento da homeostase da glicose durante os primeiros horas em que os mecanismos de contrarregulação são especialmente ativos (não queira e não exija que o bebê tenha um glicemia ≥50 mg% ao nascer, especialmente nos RN a termo). A queda de glicose parece essencial para facilitar a transição fisiológica para a vida neonatal incluindo um aumento na produção de glicose por glicogenólise, gliconeogênese, estimulação do apetite, adaptação aos ciclos de jejum e pós-prandial e promoção de um metabolismo oxidativo da gordura usando lipídios dos depósitos e ingeridos no leite. Nestes RN concentrações transitórias de glicose no sangue tão baixas quanto 30 mg% são comuns nas primeiras 1 a 2 horas após o nascimento, mas, geralmente aumentam acima de 45 mg% até 12 horas de idade