Influência do controle da PaCO2 nos resultados clínicos e de neurodesenvolvimento em bebês de extremo baixo peso ao nascer

Influência do controle da PaCO2 nos resultados clínicos e de neurodesenvolvimento em bebês de extremo baixo peso ao nascer

Influence of PCO2 Control on Clinical and Neurodevelopmental Outcomes of Extremely Low Birth Weight Infants.Thome UH, Dreyhaupt J, Genzel-Boroviczeny O, Bohnhorst B, Schmid M, Fuchs H, Rohde O, Avenarius S, Topf HG, Zimmermann A, Faas D, Timme K, Kleinlein B, Buxmann H, Schenk W, Segerer H, Teig N, Ackermann B, Hentschel R, Heckmann M, Schlösser R, Peters J, Rossi R, Rascher W, Böttger R, Seidenberg J, Hansen G, Bode H, Zernickel M, Muche R, Hummler HD; PHELBI Study Group.Neonatology. 2018;113(3):221-230. doi: 10.1159/000485828.Epub 2018 Jan 4.PMID: 29298438.Similar articles

 

Apresentação: Bruna Gomes, Brunna Garotti, Esther Agnes e Júlia de Andrade. Coordenação: Paulo R. Margotto

O estudo procurou determinar se a PaCO2 nas primeiras 2 semanas de vida pode influenciar a saúde a curto e longo prazo nos prematuros extremos (23-28 semanas;400g a 1000g em ventilação mecânica nas primeiras 24 horas de vida). A hipótese é que diferentes trajetórias de PaCO2 podem estar associadas a diferentes taxas e resultados diversos. Os bebês foram divididos em 3 grupos de acôrdo com a média de PaCO2 (43 mmHg, 50 mmHg e 60 mmHg, como hipocánicos, normocápnicos e hipercápnicos, respectivamente).Os bebês hipercápnicos tiveram mortalidade e incidência de displasia broncopulmonar (DBP) moderada a severa  significativamente mais elevada, apresentaram maior propensão a receber hidrocortisona pós-natal, maior CRIB  e a desenvolver enterocolite necrosante, além de menor ganho ponderal e menores valores do escore MDI e mais propensos a ter um MDI <70 e paralisia cerebral pelo GMFCS escore (≥2). Também apresentaram maior MAP x FiO2, indicando pior complacência pulmonar e aumento do espaço morto ventilatório e esta condição associou-se, na regressão logística,  juntamente com o menor peso,  a morte-DBP e morte-DBP-Hemorragia intraventricular. A PaCO2 pode, assim, ser vista como um medidor da gravidade da doença pulmonar. Nos links pesquisados por nós, quanto à Hipercapnia Permissiva não tem sido provada ser uma terapia benéfica para os bebês ventilados. Não se conhece altos níveis seguros de PaCO2 (comparando níveis de 55-65 mmHg com 40-50mmHg, houve maior mortalidade-DBP e pior neurodesenvolvimento com níveis mais altos).Altos  níveis de PaCO2 não melhorou a inflamação pulmonar.Níveis elevados de PaCO2 prejudicaram significativamente a microcirculação periférica em prematuros, como mostrado por uma diminuição da densidade funcional dos vasos, presumivelmente secundária à vasoconstrição periférica. No entanto Hipercapnia leve  (45-55 mmHg) parece ser segura. Noori et al realizaram estudo para determinar  níveis de CO2 acima dos quais o impacto no fluxo sanguíneo cerebral (FSC)) pode ser exagerado, em RN menor  ou igual a 30 semanas nos primeiros 3 dias de vida e verificaram um ponto de inflexão (>52 mmHg), acima do qual ocorre aumento do FSC, com alto risco de lesão cerebral.Tão ruim quanto à hipercapnia são as flutuações abruptas da PaCO2 na primeira semana de vida nos pré-termo, assim como a hipocapnia (risco de hemorragia intracraniana, leucomalácia periventricular, aumenta a resistência das vias aéreas, broncoespasmo, piora da complacência pulmonar, injúria parenquimatosa pulmonar e depleção de corpos lamelares, atenua a vasoconstrição pulmonar hipóxica piorando o shunt intrapulmonar). A hipocapnia agrava lesões cerebrais nos bebês ventilados durante a hipotermia terapêutica. Assim, nos bebês em hipotermia terapêutica ventilados, realizar controle rigoroso dos gases sanguíneos, ajustando rigorosamente os níveis de PaC02 (lembramos de corrigir  o pH e PaCO2 durante a hipotermia terapêutica (33°C): pH se elevara a 7.5 e PaCO2 baixa para 34 mmHg).A segura e a ótima variabilidade da PaCO2 na definição da hipercapnia permissiva  são desconhecidas no momento atual. Á luz das evidências parece-nos prudente aceitarmos para os bebês de muito baixo peso uma PaCO2 no máximo de 55mmHg com pH>7,20 (nos primeiros 3-4 dias, 50 mmHg), mantendo um limiar inferior de 45 mmHg (ou seja: 45-55 mmHg). A freqüente monitorização da PaCO2 pode ser importante e que variações bruscas devem ser evitadas em RN de muito baixo peso, principalmente nos primeiros 3-4 dias de vida. Não se admite ventilar estes bebês prematuros realizando estes controles com longos intervalos, como 12-24 horas!!!!Na UTI Neonatal tratamos de cérebros!