Leite humano e desenvolvimento cerebral de recém-nascidos prematuros

Leite humano e desenvolvimento cerebral de recém-nascidos prematuros

Palestra administrada por Mandy Belfort no IX  Encontro Internacional de  Neonatologia, Gramado, RS, 3-5 de abril de 2025.

Realizado por Paulo R. Margotto.

A internação na UTIN coincide com uma janela crítica (24-29 semanas gestacionais) onde o cérebro dos prematuros é sensível aos estímulos ambientais, como nutrição. A subnutrição nesse período leva a um transtorno de crescimento pós-natal, com peso e perímetro cefálico abaixo das curvas de referência intrauterina. Estudos mostram que uma dieta baseada no leite materno promove melhor neurodesenvolvimento, especialmente em prematuros extremos (<30 semanas). Os benefícios incluem maior QI, melhores resultados em matemática, leitura, memória de trabalho, função motora e menos sintomas de TDAH aos 7 anos. O leite materno fortificado é superior à fórmula, com maior ganho de peso e crescimento cefálico. Exames de ressonância mostram que prematuros alimentados com leite materno (>50% da dieta) maior apresentam volume de substância cinzenta nuclear profunda, melhor mielinização da substância branca (ex.: corpo caloso) e maior organização microestrutural cerebral na idade equivalente ao termo, correlacionando-se com estudos neurocognitivos. Componentes como DHA (ácido ducosahexaenoico), lactoferrina e mio-inositol no leite materno são benéficos para o crescimento cerebral, conectividade neuronal e proteção contra lesões (ex.: enterocolite necrosante). Suplementação de DHA mostrou aumento de QI aos 5 anos. Leite de doadora não apresentou vantagens neurodesenvolvimentais significativas em comparação com a fórmula fortificada, possivelmente devido a déficits nutricionais.