Manejo hemodinâmico nas primeiras 72 horas de vida

Manejo hemodinâmico nas primeiras 72 horas de vida

Palestra proferida pelo Dr. Renato Procianoy   por ocasião do NEOBRAIN BRASIL-2024 entre  8-9 março, São Paulo

Realizado por Paulo R. Margotto

A instabilidade hemodinâmica tem papel chave nas lesões cerebrais do pré-termo extremo: hemorragia  peri/intraventricular (HPIV) e lesões isquêmicas de substância branca. Nos pré-termos nas primeiras 48 horas de vida, há uma associação entre pressão arterial e o fluxo sanguíneo sistêmico. Nos pré-termos doentes, os mecanismos de controle da autorregulação cerebrovascular são alterados. São fatores que interferem na autorregulação: a própria doença da membrana hialina, a ventilação mecânica, o baixo peso ao nascer e a baixa idade gestacional são fatores que interferem na autorregulação do fluxo sanguíneo cerebral (FSC). Dados nacionais mostram que a incidência de HP/HIV ocorreu em 32,2% sendo 30,4% grave (23-33 semanas e 6 dias). Em relação à lesão na substância branca, apesar da falta de ressonância magnética, dados mostram que bebês < 28 semanas 39,6% poderiam ter lesão na substância branca,  27,4% <32 semanas e 7,3% <37sem. Quanto ao NIRS, existe no momento um grande questionamento o quão o NIRS seria útil nesses pacientes <28 semanas. Quanto ao uso de inotrópicos, há dúvidas se há associação ou causa. Em relação à interpretação da pressão arterial, a maioria dos neonatologistas observa somente a pressão arterial média (PAM):tem que ver ambos os componentes, diastólico e sistólico. Às vezes o paciente está com uma PAM baixa, os neonatologistas usam  dopamina e acham  que resolveu o problema, usando dopamina para qualquer tipo pressão arterial média baixa e isso é um problema muito sério. De acordo com o componente da pressão arterial que está alterado, temos que usar um tratamento diferente (diastólica alta, significa alta resistência e caberia  um vasodilatador!). Também seria muito importante analisar a ecocardiografia funcional. Nos complementos, Patrick McNamara trás um caso de um prematuro de 28 semanas, que recebeu reanimação ao nascer, apresentou baixa PD e que fizeram: dopamina na dose de 5mcg/kg/min e a PD caiu mais ainda, então aumentaram a dopamina para 10mcg/kg/min, com piora da PD. Como não melhorou, acrescentaram um novo fármaco, epinefrina. O bebê estava acidótico, com lactato alto. Realizado ecocardiografia e  evidenciou canal arterial com baixo DC direito e  esquerdo. Foi introduzido  dobutamina e o bebê melhorou em 6 horas e em 24 horas o bebê foi extubado.