Monografia-Pediatria (HMIB-2019): Alergia ao leite de vaca: análise da percepção dos pais sobre a dieta e impacto na qualidade de vida

Monografia-Pediatria (HMIB-2019): Alergia ao leite de vaca: análise da percepção dos pais sobre a dieta e impacto na qualidade de vida

Andressa Mary Cardoso de Sousa.

Objetivo: Avaliar a percepção dos pais das crianças com alergia ao leite de vaca sobre as restrições e permissões na dieta e se há impacto na qualidade de vida.
Metodologia: Foram aplicados dois questionários para os pais que acompanhavam no Hospital da Criança de Brasília (HCB): em um foi questionado critérios clínicos-epidemiológicos, frequência em que liam os rótulos e ingesta inadvertida de leite na dieta; em seguida foram apresentadas fotos de dezesseis alimentos do mercado, questionando se o alimento é permitido ou não na dieta da criança com restrição à proteínas do leite de vaca. No segundo, foi aplicado o Food Allergy Quality of Life Questionnaire- Parent Form (FAQL-PF) e avaliado a qualidade de vida da criança. Foi realizado revisão de prontuários para coleta de outras variáveis clínico-epidemiológicas.
Resultados: Obteve-se uma amostra no total de 25 pais entrevistados. Sobre a renda familiar, 80% ganhavam de meio a 2 salários mínimos mensais. 4% de 5 a 10 e 16% acima de 10 salários mínimos; no quesito escolaridade, 8% responderam ter fundamental incompleto, 40% fundamental completo, 16% ensino médio completo e nível superior completo representava 36% da amostra. A respeito dos sintomas que levaram ao diagnóstico, os gastrointestinais como vômitos (52%), distensão abdominal (44%), diarreia (40%) e enterorragia (24%) ocorreram com maior frequência; urticária e angioedema representaram 20% e 12% respectivamente. A anafilaxia foi apresentada por 16% dos pacientes. Em relação ao questionário alimentar, a média dos acertos foi de 13,16. O grau de escolaridade ou a renda familiar não influenciaram no maior ou menor número de acertos dos alimentos. Em relação a qualidade de vida os escores variaram de 0,57 a 6,00. A média foi de 2,85 +- 1,41 e quando correlacionados os dados de acertos dos alimentos com a qualidade de vida, não houve significância estatística (p=0.064). A presença de anafilaxia teve impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes com ALV (p=0,009), enquanto a presença de urticária (p = 0,101) ou enterorragia (p = 0,321) não demonstrou impacto.
Conclusão: Constatou-se que os pais que acompanham no HCB tem um conhecimento satisfatório sobre a dieta das crianças; e renda e escolaridade não afetaram essa percepção; porém chama a atenção a tendência para dietas mais restritivas, necessitando o reforço nas orientações tanto nas consultas com a equipe multiprofissional quanto com a equipe médica a fim de não só evitar as exposições aos alérgenos, mas também evitar restrições dietéticas desnecessárias, principalmente naquelas crianças com anafilaxia onde verificou-se uma pior qualidade de vida.