Monografia (UTI Pediátrica/HMIB/2018): Perfil epidemiológico e clínico dos pacientes com diagnóstico de bronquiolite viral aguda internados na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica de um Hospital do Distrito Federal

Monografia (UTI Pediátrica/HMIB/2018): Perfil epidemiológico e clínico dos pacientes com diagnóstico de bronquiolite viral aguda internados na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica de um Hospital do Distrito Federal

Cíntia Costa Pereira e Silva.

Introdução: A Bronquiolite Viral Aguda (BVA) é a principal causa de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em lactentes, constituindo   a maior causa de hospitalização no primeiro ano de vida. Quadros graves são mais frequentes nos menores de 6 meses, prematuros e portadores de comorbidades. São estes considerados grupo de risco, com maior incidência de hospitalização e necessidade de internação em unidade de terapia intensiva. Objetivos: Descrever o perfil clínico-epidemiológico e o tratamento instituído nos casos de BVA confirmados por painel viral em lactentes, em uma unidade de terapia intensiva pediátrica (UTIP). Métodos: Estudo descritivo. Coleta de dados indireta através do livro de registro da UTIP, banco de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e prontuários eletrônicos. Resultados: No período entre janeiro de 2013 a junho de 2017, 22% das admissões na UTIP foram casos de SRAG em menores de 2 anos. Entre os 69 casos selecionados de BVA, 62% eram do sexo masculino, a mediana de idade foi 4 meses e 81% dos pacientes eram
portadores de fator de risco para evolução desfavorável. O principal agente etiológico identificado foi o vírus sincicial respiratório (VSR) em 81% dos casos, seguido por influenza A em 11%. O período de maior incidência de infecção por VSR foi entre os meses de março e junho e por influenza entre fevereiro e junho. Foi necessária ventilação mecânica (VM) em 90% dos pacientes, 68% receberam diuréticos, 62% foram submetidos a restrição hídrica. Em54%dos pacientes foi utilizado broncodilatador, em 36% corticoide sistêmico,
em 58% fosfato de oseltamivir e em 43% bloqueador neuromuscular (BNM). Em 91%da amostra foram utilizados antibióticos (ATB), com mediana de tratamento de 9 dias. O resultado do painel viral influenciou na suspensão da antibioticoterapia em apenas 11% dos
casos. A mediana do tempo de internação hospitalar foi de 13 dias e de permanência na UTIP de 5 dias. Foi identificado alto índice de complicações entre os pacientes. Conclusão: O percentual de pesquisa viral entre os casos suspeitos de SRAG vem aumentando ao longo dos anos. A sazonalidade do VSR apresentou alteração nos últimos 2 anos. Corticóides e broncodilatadores são frequentemente utilizados apesar de não recomendados pela literatura. Na maioria dos casos o oseltamivir é utilizado sem necessidade. A demora para resultado do painel viral e a carência de recursos laboratoriais resultam na utilização indiscriminada de antimicrobianos nos casos de BVA. O tempo de
internação hospitalar foi prolongado e foi identificado alto índice de complicações entre os pacientes. Estes achados podem estar associados a baixa idade da amostra e taxa elevada de necessidade de ventilação mecânica e de fatores de risco associados. A utilização de testes
rápidos para VSR e processamento em tempo hábil de PCR multiplex para vírus respiratórios diminuiria consideravelmente o uso indiscriminado de ATB e antiviral nos pacientes.