Severa retinopatia da prematuridade prediz atraso na maturação da substância branca e deficiente neurodesenvolvimento
Severe retinopathy of prematurity predicts delayed white matter maturation and poorer neurodevelopment.Glass TJA, Chau V, Gardiner J, Foong J, Vinall J, Zwicker JG, Grunau RE, Synnes A, Poskitt KJ, Miller SP.Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2017 Nov;102(6):F532-F537. doi: 10.1136/archdischild-2016-312533. Epub 2017 May 23.PMID: 28536205.Similar articles.
Apresentação: Mariana Giani, Marina Tani, Martha Isabella, Bruna Serpa, Gabriela Daltro, Débora Moura. Coordenação: Paulo R. Margotto.
O estudo compreendeu 98 recém-nascidos (RN) avaliados para retinopatia da prematuridade ROP) entre 24-28 semanas de gestação, sendo estudados através da tratografia (ressonância avançada) com o objetivo de estudar o desenvolvimento microestrutural do cérebro (a mediana da realização da primeira ressonância magnética [RM] foi com 32, 4 sem e a segunda, com 39,8 sem). O neurodesenvolvimento foi avaliado com 18 meses de idade corrigida. Desses 98 RN, 19 RN necessitaram de tratamento para a ROP grave (19%). Usando a análise de regressão, regiões de substância branca com menor FA (anisotropia fracional: análise quantitativa usada para demonstrar a densidade e mielinização das fibras que compõe a substância branca do cérebro; quanto maior FA: maior maturação da substância branca) na ROP severa incluiu as radiações ópticas, membro posterior da cápsula interna e cápsula externa em exames com 34 a 37 semanas e 42 semanas ou mais de idade gestacional. Na substância branca posterior e radiações ópticas, houve uma relação com ROP severa nos eixos radial e axial de difusão. Quanto ao neurodesenvolvimento, em um modelo multivariado, a relação entre ROP grave e os escores motor e cognitivos permaneceu significativa ao ajustar para idade gestacional ao nascimento e lesão da substância branca grave e / ou hemorragia intraventricular. No entanto, nenhum lactente cumpriu as diretrizes para deficiência visual grave. Thompson DK et al (2014) demonstraram aos 7 anos de idade atraso na microestrutura de radiação óptica em crianças com história de ROP grave em comparação com aqueles com ROP mais leve. Concluindo, esse estudo mostrou que as crianças com ROP grave que requer terapia de fotocoagulação a laser estão associadas com maturação tardia na associação motora e visual, além de menor funcionamento cognitivo aos 18 meses de idade corrigida, independente de lesão cerebral grave e idade gestacional ao nascimento. Nos complementos, dois estudos de 2018, um (Voskuil-Kerkhof ESM et al) demonstrando que a ROP grave associa-se a menores volumes cerebelares e de tronco cerebral e com menor quociente de desenvolvimento e outro (Sveinsdóttir K et al) demonstrando que a ROP, independente do estágio, associa-se a um volume cerebelar inferior e menor quantidade de substância branca não mielinizada na idade equivalente a termo, além de comprometimento do desenvolvimento cognitivo e motor aos 2 anos de idade corrigida. Esses achados também levantam a possibilidade de caminhos comuns essenciais para o desenvolvimento da retina e do cérebro. Portanto, estratégias destinadas a prevenir qualquer estágio da ROP também podem ter efeitos neuroprotetores no cérebro em desenvolvimento. Assim, o acompanhamento desses bebês com ROP até a infância é necessário para avaliar as consequências a longo prazo desses achados