DEZ PASSOS BÁSICOS NO ATENDIMENTO AO RN COM ASFIXIA PERINATAL – 2021
Instituto Fernando Filgueira (IFF); FIOCRUZ -Fundação Oswaldo Cruz; Quali-Neo; Neonatologia Brasil e Instituto Protegendo Cérebros, Salvando Vidas
Instituto Fernando Filgueira (IFF); FIOCRUZ -Fundação Oswaldo Cruz; Quali-Neo; Neonatologia Brasil e Instituto Protegendo Cérebros, Salvando Vidas
Mohamed Al-Dib, da Universidade Harvard, Estados Unidos ocorrida no XVIII Encontro Internacional de Neonatologia da Santa Casa de São Paulo em 19/6/2021.
Realizado por Paulo R. Margotto.
O objetivo dessa Palestra é entender a importância do monitoramento cerebral para seleção de recém-nascidos (RN) para a Hipotermia Terapêutica (HT), delinear o valor de prognóstico do monitoramento cerebral durante a HT, para discutir a regra de neuromonitorização e detecção de crises convulsivas para demonstrar a importância do monitoramento neurológico multimodal durante a HT. Devemos ser cautelosos ao usarmos a EEG normal como um critério de exclusão para HT se outros critérios de inclusão forem atendidos. Devemos ser cautelosos ao usarmos o aEEG normal como um critério de exclusão para HT se outros critérios de inclusão forem atendidos (valor preditivo negativo de 77% (70-93%). Temos usado o aEEG como um critério de inclusão somente se o bebê ainda não cumprir os critérios clínicos. Quanto à evolução do aEEG na encefalopatia neonatal: durante a HT a recuperação do padrão do aEEG em 24 horas mostrou estar associada a um desfecho favorável da mesma forma que o inicio do ciclo sono-vigília antes das 36 horas de idade foi associado a um bom resultado. Quanto ao efeito da HT na predicção: um aEEG muito anormal não deve ser usado como preditivo de mau resultado antes de 24 horas de idade, eventualmente (Provavelmente devemos esperar até 48 -72 horas de vida). Foi mostrado aEEG alterado no inicio e no reaquecimento, voltagem normal continua com o seu ciclo sono-vigília, com correspondente ressonância magnética (RM) normal). aEEG anormal no reaquecimento associou-se a severas lesões cerebrais à RM. Quanto ao cEEG (eletroencefalograma convencional): é o padrão ouro para detectar convulsões e deve ser usado pelo menos 24 horas no início da hipotermia: um cEEG normal ou levemente anormal indica nenhum risco para o desenvolvimento de convulsões. Quanto à convulsões: essas geralmente ocorrem dentro de 24 horas de vida e também sabemos que a maioria das convulsões em RN em geral são apenas eletrográficas e também é mais desafiador quando sabemos que medicamentos podem causa dissociação eletroclínica, o que significa que o lado clínico da convulsão pode ser suprimido enquanto as convulsões eletrográficas continuam. Quando se trata de convulsões, o aEEG tem limitações claras e isso é esperado porque é sabemos que aEEG é um traçado muito comprimido, portanto perderá convulsões breves e de baixa amplitude e pode ser difícil lembrar o início da convulsão. Agora, combinando o aEEG com o cEEG, três quartos das convulsões possam ser identificadas e até 90% dos pacientes com convulsões poderiam ser identificadas. Por quanto tempo monitorar durante a HT: devemos continuar o EEG convencional por pelo menos 24 horas e sabemos que especificamente os bebês que estão sob hipotermia precisam de monitoramento completo durante o aquecimento porque ocorre um risco pequeno, mas reconhecível de convulsões durante a fase de aquecimento. Por outro lado sabemos que o aEEG quando normal ou levemente anormal, por exemplo, durante as primeiras 24 horas indica risco muito baixo de quaisquer convulsões subseqüentes. Quanto ao NIRS: o aumento da Saturação cerebral nos bebês com lesão hipóxico-isquêmica reflete a combinação de alto fluxo sanguíneo cerebral e extração de O2 associado com morte neuronal devido à falha secundária de energia. A combinação de aEEG e NIRS tem utilidade prognóstica mais aprimorada do que qualquer tecnologia isolada. Entre os outros monitores, é destacada a ocorrência de hipocapnia (monitor transcutâneo de CO2), ocorrência comum nos bebês que recebem HT: a hipocapnia tem potencial para exercer lesão cerebral por constrição dos vasos cerebrais, aumentando a excitabilidade neural, liberando aminoácidos excitatórios e diminuindo suprimento de oxigênio devido ao desvio para a esquerda na curva de oxi-hemoglobina. Apesar a importância da hipocapnia, o CO2 raramente é monitorado continuamente nesses bebês. Finalmente: a integração do monitoramento multimodal permite o atendimento ideal para bebês tão críticos (integrar todas essas informações provenientes do monitor cardiovascular, CO2 transcutâneo, cEEG, aEEG, ventiladores e NIRS). Segundo Gabriel Variane em seu comentário, todos os sistemas estão conectados e associados a sua função eletroencefalográfica, ou seja, função cerebral. Informação é poder. Quando você consegue ter informação a beira leito em tempo real permite você tomar as decisões mais acertadas. O monitoramento multimodal é o agora, porque no futuro muito próximo é coletar essas informações de uma forma muito mais inteligente, permitindo que se identifique esse enorme repertório de dados e mostrar mais que os olhos humanos podem mostrar, como valores preditivos, identificação automática de crises convulsivas e outras anormalidades. A inteligência artificial já está presente na nossa vida e com certeza vai promover uma verdadeira revolução não somente na Neonatologia como em todo setor de saúde nos próximos 5-10 anos. Nos complementos trouxemos a contribuição da ultrassonografia craniana, à luz da ressonância magnética, nos bebês com encefalopatia hipóxico-isquêmica, onde mostramos a importância do índice de resistência (IR) e os principais achados anormais nesses bebês com comprovação da ressonância magnética.
Neurodevelopmental outcome predictors of term newborns with neonatal seizures.Martins R, Coelho J, Dos Santos TP, Moreno T, Quintas S, Levy A.Rev Neurol. 2019 Nov 1;69(9):370-376. doi:10.33588/rn.6909.2019209.PMID: 31657449 Free article. English, Spanish. Artigo Gratuito!
Apresentação: Amanda Batista. Residente de Pediatria do HMIB/SES/DF. Coordenação: Marta David Rocha de Moura.
Abordagens futuras serão incentivadas pelo uso mais amplo de monitoramento de aEEG de longo prazo, que está mais prontamente disponível no ambiente de Unidades de Terapia Intensiva do que o monitoramento de vídeo-EEG. Esses achados são cruciais para a identificação oportuna das crises e o tratamento imediato.
Paulo R. Margotto
A beleza do US craniano vai além do exame, pois ao seu lado há quem espera de você um diálogo franco que possa manter a construção de um futuro programado desde a concepção para aquele bebê. Tudo é em tempo real!
Vinod Buthani, Palestra ocorrida no XVIII Encontro Internacional de Neonatologia da Santa Casa de São Paulo em 19/6/2021.
Realizado por Paulo R. Margotto.
A prática do tratamento da icterícia neonatal foi influenciada por uma série de mitos e folclore e espero podar alguns deles para vocês. A icterícia é um sinal clínico e esta condição está relacionada ao nível de bilirrubina temos que confiar nos níveis de bilirrubina e monitoramos esse nível de bilirrubina em idade (horas) prematuridade (dias) e produção de bilirrubina (ET-COc). A avaliação visual da icterícia no tratamento é apenas uma observação e não um teste que não é confiável. Por outro lado a hiperbilirrubinemia é demarcada por estar dentro ou acima da zona de risco intermediária que está acima do percentil 40. Nesse nomograma de bilirrubina não é a localização a bilirrubina que é preditiva, mas a zona de risco na qual a bilirrubina reside. Quando os bebês experimentam neurotoxicidade clínica, há um estágio mental (sonolento, letárgico, diminuição da ingesta, apneia, semicoma) tônus muscular (hipotonia, espasmo musculares dolorosos) e choro (agudo, estridente e inconsolável). A neurotoxicidade deve pode ser reversível como tratamento urgente imediato. Quanto à fototerapia: luz azul no espectro verde azulado de 460-490, irradiância entre 25 -35 microwatts/cm2 por níveis de área de superfície (evite abaixo de 25 e acima de 35!) e confirmação da homogeneidade da exposição à luz. A absorção de luz pela hemoglobina pode ser menor no comprimento de onda de 478 nm!). Sem necessidade d mudança de posição dos neonatos durante a fototerapia (o local primário para isomerização ocorre nos capilares da pele). A ação da luz é quase imediata (os fótons bombardeiam a pele, as moléculas de bilirrubina no sistema vascular sanguíneo na microcirculação são fotoisomerizadas e isso acontece em segundos e atinge um pico de duas horas). Fototerapia dupla não é melhor que uma simples. Deve ser usada a bilirrubina total. Outros tratamentos devem ser evitados, como uso de supositórios laxativos e catárticos, fluidos endovenosos (exceto se desidratado), imunoglobulina (questionado) e luz solar (luz ultravioleta com alta irradiância que pode ser prejudicial. Entre as causas, sensibilização materna não reconhecida, incompatibilidade ABO, hematomas, hemorragias fechadas, como cefalohematoma, fome (fator de confusão, especialmente quando a perda de peso é superior a 6%) ou se houver policitemia com hematócrito acima de 65%. Entre as causas raras: a primeira na lista é a deficiência de glicose 6 fosfato desidrogenase (G6PD), cuja hiperbilirrubinemia pode ser agravada por gatilhos e pela concomitante imaturidade da formação da bilirrubina. Uma a taxa repentina de ascensão da bilirrubina é o que chamamos de FAVISMO. Aja dentro de 1 hora! A exsanguineotransfusão (ET) reduz drasticamente os níveis de depósito de bilirrubina (salva vidas!), mas não altera o processo de lesão subjacente que continua ou pode diminuir e geralmente não reverte o quadro de neurotoxicidade causada pela bilirrubina. Devemos então confiar ar na fototerapia para fazer o nosso trabalho (luz no espectro verde azulado, irradiância de 25-35 microwatts/cm2 e ampla área de cobertura). As manifestações clínicas da toxicidade da bilirrubina são melhores observadas entre as idades de 9 a 18 meses quando podem ser confirmadas com uma ressonância magnética que mostra sinalização anormal do globo pálido em uma imagem T2. A colestase não tem contra indicação, podendo causar transitoriedade de bronzeamento, mas sem déficit neurológico. Nos complementos: quando suspender a fototerapia para evitar o rebote: em geral bilirrubina 2mg% abaixo do indicado, mas para bebês prematuros, segundo orientação de Maisels a partir do estudo de Chang et al, considerar níveis maiores podendo chegar até 5 mg%.
Sérgio Henrique Veiga
Ana Frante (AL), Paulo R. Margotto (DF)
Caso Clínico>
RN de 36 semanas, peso de 2850g, AIG, comprimento de 48 cm, Perímetro cefálico de 38 cm (acima do Percentil 95 da Curva de Crescimento Intrauterino de Margotto: Macrocrania), Apgar de 4,8 e 10. Cesariana, mãe com 29 anos, Doença específica da gravidez. Ultrassom obstétrico: dilatação dos ventrículos
A New Hour–Specific Serum Bilirubin Nomogram for Neonates ≥35 Weeks of Gestation. Bahr TM, Henry E, Christensen RD, Minton SD, Bhutani VK.J Pediatr. 2021 May 21:S0022-3476(21)00489-3. doi: 10.1016/j.jpeds.2021.05.039. Online ahead of print.PMID: 34023346.
Realizado por Paulo R. Margotto.
Neonatologista Ultrassonografista Cerebral da Maternidade Brasília/ UTI Neonatal do Hospital Santa Lúcia, Unidade de Neonatologia do HMIB/SES/DF.
Um nomograma de bilirrubina neonatal Bhutani atualizado e mais informativo, com base em 140 vezes o número de bebês incluídos na versão de 1999, agora está em vigor no Sistema de Saúde.
As informações obtidas incluíram dados robustos nas primeiras 12 horas após o nascimento (que não foi incluído no nomograma de 1999), concordância geral com o nomograma de 1999 para valore de bilirrubina total nas primeiras 60 horas, mas valores superiores aos percentis 75 e 95 nessa nova versão, nenhuma diferença entre crianças do sexo masculino e feminino, valores mais altos entre recém-nascidos com gestação menor (350/7 a 366/7 semanas vs ≥37 semanas, P <0,0001), e menores valores em neonatos de raça negra (P <.0001) e valores mais altos em neonatos de raça asiática (P <.001
Ana Amélia Menezes Fialho Moreira – I Simpósio de Obstetrícia e Terapia Intensiva Neonatal da DASA-Maternidade Brasília-3/8/2021