Categoria: Humanização

Manuseio mínimo do recém-nascido

Manuseio mínimo do recém-nascido

Marta David Rocha de Moura.

Trata-se de um conjunto de condutas padronizadas realizadas pela equipe multiprofissional que garantem o menor número de manipulações possível do recém-nascido (RN) prematuro extremo internado em uma UTI Neonatal.

OBJETIVOS

◦Minimizar o estresse e dor causados aos

recém-nascidos devido a manuseios excessivos

◦Reduzir as taxas de hemorragia intracraniana e

outras enfermidades que possam ser induzidas pelo manuseio excessivo.

◦Melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos de sequelas e morte dos RNs menores de 1000g – 1500g

INDICAÇÕES

RN pré-termo  com peso de nascimento menor ou igual a 1000 – 1500 gramas.

Artigo 5221: Estratégias para prover neuroproteção todos os dias

Artigo 5221: Estratégias para prover neuroproteção todos os dias

Kathi Salley Randall (EUA).

NEOBRAIN BRASIL2019. Congresso Internacional-PBSF em Neuroproteção e Neuromonitorização Neonatal, São Paulo, 8-9 de novembro de 2019

Reprodução da Conferência realizada por Paulo R. Margotto.

Devemos prevenir primariamente as lesões (neuroproteção) aos recém-nascidos (RN) a termo com EHI, acidente vascular cerebral, convulsões, infecção e no prematuro com hemorragia intraventricular, convulsões, displasia broncopulmonar e infecção. A melhor forma de oferecer neuroproteção é proteger os neurônios de uma lesão adicional após o insulto. Entre as estratégias: o Posicionamento na linha média, com o objetivo de promover a flexão e evitar a extensão, principalmente nos 3 primeiros dias de vida no pré-termos (diminuição significativa da hemorragia intraventricular-HIV) e a elevação da cabeceira a 30º diminui significativamente a progressão da HIV e a HIV grau IV (infarto hemorrágico periventricular); lavagem consciente das mãos; evitar ventilação mecânica prolongada (essa induz uma cascata inflamatória complexa e instabilidade hemodinâmica, com repercussões no cérebro); evitar a hiper/hipocapnia e a hipertermia; convulsões neonatais (2/3 delas não são reconhecidas ou mal interpretadas; minimizar a dor e o estresse; o que prejudica as conexões funcionais e emocionais (separação – física e emocional [essa interrompe a conexão emocional que é crucial para o desenvolvimento emocional e cognitivo das crianças], em outro Hospital, em uma incubadora, desapegado emocionalmente, problemas pré-existentes de saúde mental materna); temos que envolver os pais para conversar, massagear e ler para os seus bebês [há melhora da linguagem aos 2 anos de vida]: se os pais não visitam muito os seus bebes, os Enfermeiros tem que trabalhar nessa estimulação por um período; o método canguru promove maturação cerebral; otimizar a nutrição-UTI Neonatal Neuronutritiva (perdemos muito gordura com a infusão do leite humano [LH], principalmente o LM descongelado no equipo [19% de perda]; a perda é menor se LH for fresco (5%); gordura é muito importante para o desenvolvimento da mielina, neurônios. Cuidamos de um cérebro que está desenvolvendo conexões a todo o momento, todos os dias, se temos um programa de “cuidado de desenvolvimento”  ou não. Lesões cerebrais e conectividade alterada são uma realidade de muitos bebês e famílias na UTI Neonatal . “Sou apenas uma. Não posso fazer tudo. Não dá para fazer tudo de uma vez, MAS POSSO FAZER ALGO!

Manuseio mínimo: um caminho para o neurodesenvolvimento adequado

Manuseio mínimo: um caminho para o neurodesenvolvimento adequado

Ludmylla de Oliveira Beleza, Tatiana Santos Freire Ribeiro Netto

Capítulo do Livro Assistência ao Recém-Nascido de Risco, 4a Edição, 2020, Editado por Paulo R. Margotto, no Prelo

O ambiente das Unidades de Terapia Intensivas Neonatais (UTIN) proporciona aos RN uma experiência bem diferente do intrauterino, pois apresenta iluminação intensa e contínua, barulhos, odores diferentes, grandes espaços sem contenção do RN, interrupções frequentes dos períodos de sono e repouso com procedimentos que podem ser dolorosos e manipulações quase que contínuas pelos mais diferentes profissionais. Todos estes fatores podem causar desconforto tanto físico como emocional, prejudicando o desenvolvimento neuromotor desses pequenos pacientes.

RN pré-termos internados em UTIN encontram-se em uma fase de rápido desenvolvimento cerebral e eventos estressantes e dolorosos, quando aplicados repetidamente para salvar a vida desses bebês, influenciam negativamente nas suas funções motoras, sociais e emocionais a curto, médio e longo prazo. Assim, o ambiente da UTIN, se não manipulado para garantir um melhor e maior período repouso e uma menor quantidade de interrupções para procedimentos desnecessários, pode interferir na maturação e organização do sistema nervoso central dos prematuros.

Cuidados diários voltados para o neurodesenvolvimento no recém-nascido com encefalopatia hipóxico-isquêmica (Developmental care for babies with HIE)

Cuidados diários voltados para o neurodesenvolvimento no recém-nascido com encefalopatia hipóxico-isquêmica (Developmental care for babies with HIE)

Kathi Salley Randal (EUA). NEOBRAIN BRASIL 2009 (8 a 9 de novembro).

Reprodução da Conferência realizada por Paulo R. Margotto.

O cuidado do desenvolvimento tem emergido como um conceito de cuidado neuroprotetor na prevenção de consequências a longo prazo associadas ao ambiente físico, promoção da ótima organização e desenvolvimento do prematuro na UTI Neonatal, assim como a Integração dos Pais com os Cuidadores.Entre as medidas:

1) o posicionamento com cabeça e tronco alinhados na linha média, membros flexionados [promover a flexão e evitar a extensão]; 2) promover o sono: normalização precoce do aEEG e início precoce do sono-vigília prevê um bom resultado; nunca alcançar o sono-vigília sempre prediz resultado ruim;

3) otimizar a nutrição: os que receberam nutrição enteral que era 10 ml começaram a interromper a nutrição parenteral  4 dias antes, iniciaram a dieta oral plena 10 dias antes e o tempo de hospitalização foi de 9 dias antes; 4) cuidados para evitar a necrose gordurosa subcutânea 5) dor: sedoanalgensia durante a hipotermia é prevalente, mas não é uma conduta uniforme entre os Centro: os opioides foram administrado em 64% dos neonatos e houve aumento de 30% de 2008  2015);6) percepção dos pais no resfriamento: incorporar os pais nos cuidados da UTI Neonatal, deixando-os voltarem a ser pais, tocar, segurar os bebes; o reaquecimento deve ser considerado um tempo de renascimento; os bebes com EHI não podem perder a chance de experiências precoces de ligação com os seus pais; Ao sair do reaquecimento você deve fornecer elementos aos pais para  o bebê voltar a ser deles

Após o resfriamento: esses bebês  que foram  resfriados tem um tipo de fenótipo de comportamento:pobre estado de sono e vigília,  eles não tem  um bom controle do tônus, não sugam, alterações  nas vias aéreas ; 80% apresentavam essas alterações, mas caiu para  50-10% próximo à alta. Então é importante avaliar; e necessária uma estimulação oral precoce; perceber esses sinais de excesso: esses bebês choram, dormem, depois choram de novo: podemos  ensinar aos pais como lerem esses sinais: respeitar quando o bebe quer dizer “eu preciso sair um pouquinho, está de demais para mim”, ficam  revirando os olhos, mas você diz que quer ver ele, precisamos de  dar eles um tempo e depois eles voltam.

Portanto, recém-nascidos com encefalopatia hipóxico-isquêmica que estão em resfriamento  e seus pais: evitar o risco de consequências negativas da experiência na UTI Neonatal; simples intervenção pode desempenhar papel na melhora do neurodesenvolvimento e nos desfechos emocionais após a alta. O que você escolhe fazer?

Como Fazer a Retirada de Opioide/Midazolam no Recém-Nascido na UTI; Síndrome de Abstinência Neonatal; Intoxicação por Metadona (2022)

Como Fazer a Retirada de Opioide/Midazolam no Recém-Nascido na UTI; Síndrome de Abstinência Neonatal; Intoxicação por Metadona (2022)

Paulo R. Margotto

Joseleide de Castro

Priscila Guimarães

A literatura apresenta várias abordagens para prevenir sintomas de abstinência de opiáceos. O uso de um protocolo padronizado de desmame de opioides reduziu as taxas de abstinência em comparação com os planos de desmame não padronizados (a ocorrência de abstinência à retirada dos opioides na pediatria varia de 0 a 100%, com literatura mais recente citando 45 a 86% na UTI Pediátrica). O objetivo dessa abordagem é a padronização do desmame do opioide (fentanil) e benzodiazepínico (midazolam) na prevenção mais segura dos sintomas de abstinência, além de abordarmos a Síndrome de Abstinência Neonatal de mães usuárias de crack, com enfoque também na intoxicação por metadona. No processo do desmame do opioide, tolerância e sintomas de abstinência são efeitos potencialmente prejudiciais que estão relacionados com a dose total e duração da infusão de fentanil. A síndrome de abstinência pela retirada do opioide ocorre devido ao uso inadequado da dose de metadona e que uma dose de metadona corretamente calculada a partir da taxa de infusão de fentanil antes de sua descontinuação, significaria diminuir a incidência da síndrome de abstinência aos opioides. Nesse desmame, diferentes estratégias tem sido utilizadas, assim como a dose de equivalência entre fentanil e metadona tem variado entre os autores, associada à falta de evidências robustas sobre o tema. Devido aos efeitos adversos neurológicos do Midazolam nos prematuros (deficiente nível de consciência, movimentos discinéticos, mioclonia e atividade epileptiforme, déficits neurológicos) além de hipotensão arterial, não temos usado esse sedativo em prematuros, de forma especial nos prematuros extremos. Há menos informação na literatura e experiência quanto ao desmame dos benzodiazepínicos, além de diferentes estratégias. Como com os opioides, equivalentes de ação mais longa são disponíveis para os benzodiazepínicos e barbitúricos com agentes como lorazepam e fenobarbital. Quanto a Síndrome de Abstinência Neonatal pelo uso materno de drogas ilícitas (crack, heroína, morfina), a decisão da abordagem farmacológica após a avaliação clínica usando a Escala de Avaliação de Lipsitz, a literatura sugere o uso de metadona. Devemos estar atento à intoxicação pela metadona na UTI Neonatal que além da depressão respiratória, depressão do estado mental, disforia, prurido e hipotensão, o RN pode também apresentar Síndrome de Rigidez Torácica, tal como pode ocorrer com ouso de fentanil. Para essa condição temos a naloxona (ou naloxone), antagonista potente e competitivo do receptor μ-opioide, deslocando os opioides dos receptores cerebrais e restaurando a respiração e a consciência. Atua rapidamente para reverter à depressão respiratória mediada centralmente como resultado da sobredosagem de opioides (geralmente leve de 2-5 minutos para fazer efeito). Nessa situação e principalmente se convulsão, o fenobarbital pode atuar como indutor enzimático (a metadona é metabolizada para um metabólito inato principalmente pela enzima do citocromo P450 (CYP), principalmente CYP3A4, que por sua vez é ativada pelo fenobarbital). Frisamos também que para evitar a superdosagem de metadona, a Equipe de cuidados deveria implementar a testemunha obrigatória de diluição de medicação (por exemplo, um segundo membro para verificar os cálculos de diluição). Finalmente, frisamos que a implementação de um protocolo padronizado de desmame de opioides e benzodiazepínicos (os mais usados, fentanil e midazolam) beneficiaria os pacientes, reduzindo adequadamente a exposição à opioides e / ou benzodiazepínicos e prevenindo a abstinência, além de evitar a exposição prolongada e desnecessária a esses medicamentos.

Frisamos também que para evitar a superdosagem de metadona, Equipes de cuidados deveriam implementar a testemunha obrigatória de diluição de medicação (por exemplo, um segundo membro para verificar os cálculos de diluição).

POSTER – Aplicabilidade do Método Canguru na Primeira Maternidade Privada em Brasília (Hospital Maternidade Brasília)

POSTER – Aplicabilidade do Método Canguru na Primeira Maternidade Privada em Brasília (Hospital Maternidade Brasília)

Moutinho M.S.;  Ferreira D.B.; Silva C.A.L.; Araújo J.B.; Costa L.B.; Moreira A.A.M.F.; Aragão J.F.C,; Sato S.Y.C.F (VI Encontro Internacional de Neonatologia/IV Simpósio Interdisciplinar de Atenção ao Prematuro, Gramado, 11-13 de abril de 2019)