Categoria: Infecções Bacterianas e Fúngicas

Mortalidade por Síndrome Congênita do Zika – Estudo de Coorte Nacional no Brasil

Mortalidade por Síndrome Congênita do Zika – Estudo de Coorte Nacional no Brasil

Mortality from Congenital Zika Syndrome – Nationwide Cohort Study in Brazil.Paixao ES, Cardim LL, Costa MCN, Brickley EB, de Carvalho-Sauer RCO, Carmo EH, Andrade RFS, Rodrigues MS, Veiga RV, Costa LC, Moore CA, França GVA, Smeeth L, Rodrigues LC, Barreto ML, Teixeira MG.N Engl J Med. 2022 Feb 24;386(8):757-767. doi: 10.1056/NEJMoa2101195.PMID: 35196428.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Análises de dados do registro nacional brasileiro mostraram que as taxas de mortalidade entre crianças com síndrome congênita do Zika até 3 anos de idade foram mais de 11 vezes maiores do que entre aquelas sem a síndrome. Entre as crianças nascidas vivas com síndrome congênita do Zika, o risco de morte não diferiu materialmente de acordo com o status de microcefalia ou o momento e a presença ou ausência de erupção cutânea relatada pela mãe. O risco de morte entre os bebês menores foi semelhante, independentemente do status da síndrome congênita do Zika; no entanto, as crianças com síndrome congênita do Zika que nasceram a termo ou que tiveram um peso normal ao nascer tinham mais de 12 vezes mais chances de morrer do que suas contrapartes sem a síndrome. Por fim, observamos que as condições classificadas como malformações congênitas, doenças do sistema nervoso e certa doenças infecciosas  eram mais comuns causas de morte entre crianças com síndrome congênita da Zika do que aquelas sem a síndrome.

Esses achados chamam a atenção para a importância da prevenção primária da infecção em mulheres em idade fértil contra picadas de Aedes aegypti.

Efeitos dos antibióticos no início da vida no microbioma e resistoma do intestino infantil em desenvolvimento: um estudo randomizado.

Efeitos dos antibióticos no início da vida no microbioma e resistoma do intestino infantil em desenvolvimento: um estudo randomizado.

Effects of early-life antibiotics on the developing infant gut microbiome and resistome: a randomized trial. Reyman M, van Houten MA, Watson RL, Chu MLJN, Arp K, de Waal WJ, Schiering I, Plötz FB, Willems RJL, van Schaik W, Sanders EAM, Bogaert D.Nat Commun. 2022 Feb 16;13(1):893. doi: 10.1038/s41467-022-28525-z.PMID: 35173154. Artigo Livre!

Realizado por Paulo R Margotto

Os autores detectaram efeitos significativos a longo prazo do tratamento antibiótico de amplo espectro para  SEPSE DE INÍCIO PRECOCE (sEONS) e eles acreditam  que esses dados sugerem que mais ênfase deve ser colocada na redução do número de neonatos que recebem antibióticos de amplo espectro para sEONS e, se necessário, prescrever preferencialmente penicilina + gentamicina, pois esse regime causa menos efeitos colaterais ecológicos

DECLARAÇÃO DE BEBBY BOGAERT, pesquisadora  da Universidade de Edimburgo e um dos autores do estudo

 

“Ficamos surpresos com a magnitude e a duração dos efeitos dos antibióticos. Isso, provavelmente, ocorre porque o tratamento com esses medicamentos é administrado no momento em que os bebês acabaram de receber os seus primeiros micróbios herdados da mãe e ainda não desenvolveram um microbioma resiliente”

 

Envolvimento Neurológico em Crianças e adolescentes hospitalizados nos Estados Unidos por COVID- 9 ou Síndrome Inflamatória Multissistêmica

Envolvimento Neurológico em Crianças e adolescentes hospitalizados nos Estados Unidos por COVID- 9 ou Síndrome Inflamatória Multissistêmica

Neurologic Involvement in Children and Adolescents Hospitalized in the United States for COVID19 or Multisystem Inflammatory SyndromeLaRovere KL, Riggs BJ, Poussaint TY, Young CC, Newhams MM, Maamari M, Walker TC et al. JAMA Neurol. 2021 May 1;78(5):536-547. doi: 10.1001/jamaneurol.2021.0504.PMID: 33666649.

Apresentação :Ana Carolina Accioli. Coordenação: Alexandre Serafim

Neste estudo de 1.695 pacientes com 21 anos ou menos hospitalizados por COVID-19 aguda ou síndrome inflamatória multissistêmica, 365 (22%) tiveram envolvimento neurológico. Quarenta e três pacientes (12%) desenvolveram distúrbios neurológicos com risco de vida relacionados ao COVID-19, 11 (26%) morreram e 17 (40%) sobreviveram com novas sequelas neurológicas.

E TAMBÉM!

  • Neste estudo, o envolvimento neurológico foi comum em crianças e adolescentes com hospitalização relacionada à COVID-19 e é geralmente transitória.
  • Um espectro de envolvimento neurológico com risco de vida raramente ocorreu e foi associado a inflamação mais extrema e sequelas graves.
  • Futuros estudos imunológicos de respostas imunes mediados por células e citocinas em indivíduos jovens podem fornecer informações na patogênese da doença neurológica em COVID-19 e MIS-C.
  • Pacientes com envolvimento neurológico menos grave podem ter sequelas futuras.
  • Acompanhamento a longo prazo dos pacientes pediátricos com envolvimento neurológico relacionado ao COVID-19 é necessário para avaliar os efeitos sobre a cognição e o desenvolvimento.
Destruição e insuficiência do tecido placentário por COVID-19 causa natimorto e morte neonatal por lesão hipóxico-isquêmica: um estudo de 68 casos com placentite SARS-CoV-2 de 12 países

Destruição e insuficiência do tecido placentário por COVID-19 causa natimorto e morte neonatal por lesão hipóxico-isquêmica: um estudo de 68 casos com placentite SARS-CoV-2 de 12 países

Placental Tissue Destruction and Insufficiency from COVID-19 Causes Stillbirth and Neonatal Death from Hypoxic-Ischemic Injury: A Study of 68 Cases with SARS-CoV-2 Placentitis from 12 Countries. Schwartz DA, Avvad-Portari E, Babál P, Baldewijns M, Blomberg M, Bouachba A, Camacho J et al..Arch Pathol Lab Med. 2022 Feb 10. doi: 10.5858/arpa.2022-0029-SA. Online ahead of print.PMID: 35142798.

Realizado por Paulo  Margotto

                                         

                                           Nesse estudo as mães NÃO foram vacinadas para a COVID-19!

 

Esses autores descobriram que a placentite por SARS-CoV-2 pode causar danos extensos à placenta como resultado de lesões destrutivas e que o dano pode ser ainda mais exacerbado por anormalidades patológicas adicionais. Aumento da fibrina e deposição maciça de fibrina perivilosa, intervilosite histiocítica crônica e a necrose trofoblástica resulta em destruição considerável do leito capilar viloso acompanhada de obstrução do espaço interviloso, causando má perfusão e insuficiência placentária incompatíveis com a sobrevida intrauterina. A hipóxia fetal que se segue pode levar a uma morte fetal hipóxico-isquêmica ou morte neonatal. É uma sorte que essa sequência de eventos se desenvolva em apenas uma pequena porcentagem de mulheres grávidas com COVID-19.

ENTREVISTA A MÍDIA PELO PRINCIPAL AUTOR DA PESQUISA, DR. DAVID SCHWARTZ:

 

David Schwartz, o principal autor da pesquisa, relatou que anteriormente pensava-se que a Covid-19 afetava os fetos, assim como outros vírus fazem no momento da infecção. No entanto, o SARS-CoV-2 age diretamente na placenta, a destruindo amplamente.

“Muitos desses casos tiveram mais de 90% da placenta destruída – muito assustador”, disse Schwartz. “Nunca vimos esse nível de destruição de uma doença infecciosa antes. Isso tornou a placenta imprópria para cumprir suas funções”, completa ainda.

Normalmente, o tecido da placenta é um tom avermelhado, saudável e esponjoso, mas nas amostras analisadas estavam rígidos e com descolorações escuras de tecido morto.  “Não é o feto que está sendo atacado e destruído pelo vírus. É a placenta”, finaliza Schwartz.

 

 

CONEXÃO CÉREBRO-INTESTINO (gut-brain connection in the preterm infant)

CONEXÃO CÉREBRO-INTESTINO (gut-brain connection in the preterm infant)

Palestra proferida por Nicholas Embleton (Inglaterra), ocorrida no Neobrain Brasil Highlights em 6/11/2021, online.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Os prematuros estão cada vez mais complexos e temos que reconhecer a nossa capacidade de influenciar os resultados no cérebro por meio de uma melhor aplicação da nutrição. A maior necessidade de energia está no cérebro. O eixo cérebro-intestino influencia as funções intestinais e por sua vez, o intestino também influencia o desenvolvimento do cérebro. A nutrição desempenha um papel importante no desenvolvimento do cérebro desde a concepção até os 3 anos de idade. A prevenção de doença e da tempestade de citocinas é muito enfatizada pelo leite materno da própria mãe, reduzindo a enterocolite necrosante, a sepse, a retinopatia da prematuridade e a displasia broncopulmonar. Somos cheios de micróbios. 80% das células produtoras de anticorpos estão no intestino. Assim, o intestino é a parte mais importante do sistema imunológico. As células microbianas superam as células humanas em 2:1. Temos na verdade 100 vezes mais genes microbianos do que genes humanos. Portanto os humanos podem ser considerados “superorganismo” envolvidos em muitos processos metabólicos e imunológicos. O desenvolvimento humano seria impossível sem os micróbios (juntos esses micróbios pesam mais ou menos 1,5 kg que é o mesmo peso do cérebro!). A evolução humana pode ser pensada como um cabo de guerra em que temos que controlar os micróbios benéficos e excluir os micróbios nocivos. A colonização precoce é o evento chave da vida. Anaeróbios são mais abundantes na vida precoce. E. coli, Bifidobacterias, Bacteroides são espécies pioneiras que mantém o ambiente sustentável e isso é promovido pelo leite humano que afeta, através dos seus componentes, a microbiota do intestino. Isto nos leva a Hipócrates que sempre reconheceu que todas as doenças começam no intestino, o Tubo da Vida. Então, o que é o EIXO Cérebro Intestino? É uma via de sinalização bioquímica e neural bidirecional que afeta vários sistemas (nutrientes e metabólitos e comunidades microbiais do intestino que por meio do sistema nervo entérico manda essa sinalização para o sistema nervoso central que pode afetar aspectos de motilidade, ganho de peso, comportamento, ansiedade, estresse, fome, equilíbrio mediado por peptídeos e hormônios que podem afetar o humor, o comportamento e o estresse. Dados significativos agora em adultos associam estresse, ansiedade e até psicose à composição de micróbios intestinais. Sabemos que nas pessoas que desenvolvem a Doença de Parkinson apresentam 10 anos antes distúrbios intestinais que resultam em constipação. Aqui um breve exemplo do eixo cérebro – intestino quanto ao padrão de sono. Os bebês amamentados ao seio apresentam melhores padrões de sono do que os alimentados com fórmulas para recém-nascidos a termo, devido aos níveis de triptofano no leite materno (a melatonina que regula o sono e sintetizado a partir do triptofano!). Artigo de 2021 (Áustria), publicado há 2 meses, mostra como o desenvolvimento da microbiota intestinal impacta no sistema imune associado ao dano cerebral (o supercrescimento de Klebsiella no intestino é altamente preditivo de dano cerebral e está associado a um tônus ​​imunológico pró-inflamatório). Esses resultados sugerem que o desenvolvimento aberrante do eixo intestino-microbiota-imune-cérebro pode conduzir ou exacerbar lesão cerebral em neonatos extremamente prematuros e representa um alvo promissor para novas estratégias de intervenção. Esses achados sugerem que novas medidas terapêuticas direcionadas ao eixo intestino-microbiota-imune-cérebro podem ter potencial para proteger bebês prematuros da lesão da substância branca cerebral. Portanto, o crescimento do cérebro é rápido, requer alta quantidade de nutrientes, os micróbios são muito importantes no desenvolvimento do cérebro, lesão e reparo. Os componentes funcionais do leite humano são importantes (nunca serão replicados em fórmulas; o leite fresco da própria mãe é preferível ao leite de doadora). Existem várias maneiras de melhorar a saúde do intestino. Esse é um trabalho chave de Equipe. O eixo cérebro intestino terá um maior foco de pesquisa nos próximos 10 anos.

 

Uso profilático de fluconazol em pré-termos extremos colonizados por Candida spp

Uso profilático de fluconazol em pré-termos extremos colonizados por Candida spp

Camila Arfelli Cabrera et al. Uso profilático de fluconazol em pré-termos extremos (2016)

Apresentação: Thaiana Beleza –MR5-Neonatologia/HMIB. Coordenação: Nathalia Bardal

O uso de fluconazol profilático em recém-nascidos de extremo baixo peso COLONIZADOS  pode minimizar o número de casos de candidíase invasiva e, consequentemente, reduzir a letalidade por este agente nesta população

No Complementos: A mudança do perfil de Candida com o uso  profilático de fluconazol

O aumento da incidência de resistência antifúngica, especialmente o fluconazol, justifica seu uso criterioso como agente profilático em hospitais

 

ANTIBIÓTICOS PODEM AFETAR O CÉREBRO: Efeitos da exposição precoce à penicilina no microbioma intestinal e no córtex frontal e na expressão do gene da amígdala

ANTIBIÓTICOS PODEM AFETAR O CÉREBRO: Efeitos da exposição precoce à penicilina no microbioma intestinal e no córtex frontal e na expressão do gene da amígdala

Effects of early-life penicillin exposure on the gut microbiome and frontal cortex and amygdala gene expression. AngelinaVolkova, KellyRuggles, AnjeliqueSchulfer, ZhanGao, Stephen D.Ginsberg, Martin J.Blaser.

iScience, online. Available online 15 July 2021.

https://doi.org/10.1016/j.isci.2021.102797

Effects of early-life penicillin exposure on the gut microbiome …

Realizado por Paulo R. Margotto.

Estabelecemos sistemas experimentais para avaliar os efeitos de exposições precoces aos antibióticos sobre a microbiota intestinal e a expressão gênica no cérebro. Este modelo de sistema é altamente relevante para a exposição humana e pode ser desenvolvido em um modelo pré-clínico de distúrbios do neurodesenvolvimento em que o eixo intestino – cérebro é perturbado, levando a efeitos organizacionais que alteram permanentemente a estrutura e função do cérebro. A exposição de camundongos recém-nascidos a baixas doses de penicilina levou a mudanças substanciais na estrutura da população da microbiota intestinal e composição. Alterações transcriptômicas implicam vias perturbadas em distúrbios do neurodesenvolvimento e neuropsiquiátricos. Também havia substanciais efeitos no córtex frontal e na expressão do gene da amígdala por, afetando múltiplas vias subjacentes ao neurodesenvolvimento. Análises informáticas estabeleceram ligações entre populações microbianas intestinais específicas e a expressão no início da vida de genes particularmente afetados. Esses estudos fornecem modelos translacionais para explorar as funções do microbioma intestinal no normal e maturação anormal do sistema nervoso central vulnerável.

“O estudo sugere que a penicilina muda o microbioma, os trilhões de microrganismos benéficos que vivem dentro do nosso corpo, bem como a expressão gênica de áreas cerebrais essenciais para o desenvolvimento da criança”

Martin Blaser adianta que futuras pesquisas deverão determinar se os antibióticos afetam diretamente o desenvolvimento do cérebro ou se as moléculas do microbioma que viajam para o cérebro perturbam a atividade do gene e causam os déficits cognitivos. “Esse estudo é preliminar, mas mostra uma forte correlação entre a alteração do microbioma e mudanças no cérebro que devem ser exploradas mais a fundo.”

Martin Laser, pesquisador da Universidade de Rutgers e autor principal do estudo.

Incidência de candidemia após a adoção de fluconazol profilático em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal de um Hospital Materno Infantil do Distrito Federal

Incidência de candidemia após a adoção de fluconazol profilático em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal de um Hospital Materno Infantil do Distrito Federal

Antônio Thiago de Souza Coelho. Trabalho de Conclusão de Curso como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Neonatologia, do Programa de Pós-Graduação em Residência da Escola Superior de Ciências da Saúde.

O presente estudo comparou dois períodos pré e pós-profilaxia com fluconazol os bebês <1000g e ≥ 1000g. A incidência geral de candidíase invasiva foi de 4,4% (12/270) entre os recém <1000 g e 2% (26/1275) entre aqueles com peso > 1000g e 4,2% (9/214) entre os recém-nascidos de <1000g e 1,3% (14/1057) entre aqueles com peso ao nascer ≥ 1000g, não se observando diferenças significativas entre os períodos pré e pós-profilaxia. Antes do protocolo, a espécies de Candida mais comuns era albicans. Após a profilaxia,  o perfil da espécie de  Candida  mudou para parapsilosis  e famata. Torna-se importante a vigilância constante, a detecção de quebras de barreiras, o controle rigoroso do uso (racional) de antibióticos, assim como o seu tempo de uso, menor tempo de ventilação e de nutrição parenteral. É um trabalho de toda a Equipe no resgate das taxas cada vez menores de candidíase!

Doenças Maternas Infecciosas e Amamentação

Doenças Maternas Infecciosas e Amamentação

Doenças maternas infecciosas e amamentação
Departamento Científico de Aleitamento Materno

Presidente: Elsa Regina Justo Giugliani
Secretária: Graciete Oliveira Vieira

Conselho Científico: Carmen Lúcia Leal Ferreira Elias, Claudete Teixeira Krause Closs,
Roberto Mário da Silveira Issler, Rosa Maria Negri Rodrigues Alves,
Rossiclei de Souza Pinheiro, Vilneide Maria Santos Braga Diégues Serva

Apresentação: Thalita Ferreira MR5 de Neonatologia. Coordenação: Maria Luiza.

Está bem fundamentado que o leite materno é a forma mais completa de nutrição dos lactentes, incluindo os recém-nascidos pré-termo. No entanto, existe um número limitado de doenças infecciosas maternas em que a amamentação está contraindicada, como na infecção pelo HIV-1 e HIV-2 (em países como o Brasil) e pelo HTLV-1 e HTLV-2. Em outras doenças infecciosas, intervenções preventivas podem ser tomadas com o intuito de garantir a manutenção do aleitamento materno, como o uso de imunoglobulina sérica, vacinação ou medicação antimicrobiana profilática, que protegem as crianças contra a transmissão
vertical de doenças. Em algumas circunstâncias, a avaliação caso a caso pode ajudar o médico a decidir se a exposição a determinados vírus ou bactérias através do leite materno justifica a interrupção do aleitamento materno. O profissional de saúde deve despender esforços para que não seja realizada a interrupção desnecessária do aleitamento materno.

Nos complementos, Vacinação da  Gestante e Amamentação:

  • O Departamento Científico de Imunizações da Sociedade de Pediatria (2021) para grávidas e puérperas recomenda para as mulheres pertencentes ao grupo de risco e nestas condições, a vacinação poderá ser realizada após avaliação cautelosa dos riscos e benefícios e com decisão compartilhada, entre a mulher e seu médico prescritor.
  • Até o momento não existe documentação de transmissão pelo leite materno
  • Afim com o CDC norte americano e o RCOG de Londres, a SBP recomenda a amamentação em mães suspeitas ou infectadas e orienta   que  ao amamentar a mãe deve lavar AS MÃOS antes de tocar no bebê na hora da mamada, USAR MÁSCARA FACIAL DURANTE A AMAMENTAÇÃO
  • O Aleitamento Materno deve ser a primeira opção de alimentação para RN de mãe com suspeita ou confirmação de COVID 19
Hiperglicemia e Infecção na UTI Neonatal

Hiperglicemia e Infecção na UTI Neonatal

Paulo Manzoni (Itália).

Conferência ocorrida no dia  27/3/2021 por ocasião do VI Encontro Internacional e Neonatologia, sob Coordenação Geral dos Drs. Rita Silveira e Renato Procianoy (RS), 100% online.

Realizado por Paulo R. Margotto.

A hiperglicemia se se associa os desfechos que incluem aumento da morbimortalidade, maior frequência de morte antes da alta, assim como a hemorragia intracraniana, indução da retinopatia da prematuridade (ROP), displasia broncopulmonar (DBP), enterocolite necrosante (ECN) e permanência hospitalar prolongada. O limite para esses desfechos não está claro (>150mg%%; >200mg%). O que se sabe é que quanto mais tempo a hiperglicemia dura, mais frequentes são os desfechos graves. Atualmente a hiperglicemia está associada ao aumento da mortalidade nos bebês com sepse, assim como taxas aumentadas de infecção por Candida com risco de candidemia nos bebês de extremo baixo peso. A associação da hiperglicemia com infecção se deve ao aumento da adesão dos patógenos às células, aumento do crescimento de patógenos nos líquidos corporais, incentivo à formação de biofilme (as colônias se multiplicam mais rapidamente quando a concentração de glicose excede 200-240mg%) e níveis baixos de IGF-1 e aumento da concentração de glicose nos líquidos de superfície da via aérea, propiciando infecção por S.aureus e P. aeruginosa. Análise secundária de 2 estudos multicêntricos realizados na última década por Manzoni  P et al (800 bebês), após controlar todas as variáveis significativamente associadas com infecção,  como exposição a lactoferrina, peso  ao nascer, idade gestacional, a ocorrência de pelo menos um episódio de hiperglicemia teve uma associação significava e  independente com a ocorrência de sepse tardia (p=0,03-OR de 2,32). De nota, o início da infecção foi significativamente mais precoce nos bebês com hiperglicemia em relação aos normoglicêmicos. Houve uma associação muito forte e significativa de infecção tardia por gram-positivo (OR de 5,45-IC de 1,92-15,42-p=0,006) e para Candida (OR de 3,37 com IC de 1,00-11,97 p= 0,05), mas não para gram-negativo (p=0,23). O ponto chave dessa diferença está na indução do biofilme produzido pelo ambiente hiperglicêmico. A hiperglicemia foi também fortemente associada com colonização fúngica entérica (p=0,005). Gram-positivo e espécies fúngicas podem se alojar no biofilme e isso é menos provável com os gram-negativos A hiperglicemia foi fortemente associada com a ocorrência de severa ROP (p<0,001 ; OR de 6,44) e todas as causas de mortalidade antes da alta (OR de 7,18).O uso de insulina é arriscado devido às flutuações  dos níveis de glicemia que pode ser pior que a hiperglicemia.