Categoria: Neurossonografia Neonatal

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL-compartilhando imagens: HIDROCEFALIA-DVP-INFECÇÃO

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL-compartilhando imagens: HIDROCEFALIA-DVP-INFECÇÃO

Paulo R. Margotto

                                                                                                              DVP-INFECÇÃO

A derivação ventrículo-peritoneal (DVP) é um dos procedimentos mais realizados em neurocirurgia. No entanto, a incidência de infecção secundária ao shunt V-P é um problema sério com uma taxa de infecção variando de 0,3% a 40%. A recorrência de infecção pelo shunt ocorreu em 27,27%. Todos os pacientes com infecção do shunt foram tratados com drenagem ventricular externa (DVE) e antibióticos. Staphylococcus epidermidis, Enterococcus fecium e Escherichia coli foram os organismos mais frequentemente identificados. S. epidermidis, E. fecium e E. coli foram freqüentemente detectados em pacientes com shunt associado à mielomeningocele.

Shunts inseridos para o tratamento de hidrocéfalos são mais vulneráveis à infecções bacterianas. No estudo de Arslan et al, as infecções de shunt ocorreram a uma taxa de 19,39%.

Com base na etiologia do hidrocéfalo, vários estudos foram realizados. A incidência de infecção de shunt é de 16 a 40% para crianças com mielomeningocele, 11 a 33% para aquelas com hemorragia intraventricular, 6 a 35% para pacientes com hidrocéfalo por obstrução congênita e 27 a 45% para crianças com infecção recorrente de shunt.

A hemorragia da matriz germinativa é o tipo mais comum de hemorragia intraventricular em bebês prematuros, particularmente bebês com muito baixo peso ao nascer. Crianças com hidrocéfalo secundário à hemorragia intraventricular são mais vulneráveis a desenvolver infecções de shunt devido à deficiência imunológica congênita. Portanto, a hemorragia intraventricular de recém-nascidos é um fator de risco potencial.

A colocação precoce de shunt para hidrocefalia  pós-hemorrágica é amplamente ineficaz e associada a um risco aumentado de infecção. Um estudo que incluiu 19 prematuros com hidrocefalia  pós-hemorrágica revelou uma taxa de infecção do shunt de aproximadamente 21%.

Medidas temporárias, como drenagem extraventricular ou punção ventricular, podem ser realizadas até que a tolerância do paciente aumente.

No estudo de Arslan et al a  incidência de infecção pelo shunt ventrículo-peritoneal ocorreu em 14,5% dos bebês com hemorragia intraventricular.

A perfuração intestinal tardia após a operação de DVP é uma causa de meningite recorrente, ocorrendo com uma incidência de 43%-48%. Para pacientes com meningite recorrente frequente, a perfuração intestinal deve ser considerada.

Sciubba et al, citados por Arslan et al,  relataram que a colocação de shunt V-P em neonatos prematuros foi associada a um aumento de aproximadamente cinco vezes no risco de infecções do shunt.

Uma revisão retrospectiva de Vinchon et al (citados por Arslan et L). sobre a incidência de infecções de shunt em neonatos prematuros levantou a recomendação de que punções ventriculares  e drenagem ventricular externa nessas crianças são eficazes até o tratamento mais definitivo com colocação de shunt.

 

TEMAS LIVRES (1o Congresso Internacional de Neonatologia do DF, 30/11 a 1/12/2022): Cuidados paliativos em recém-nascido com hidranencefalia e microcefalia: um relato de caso

TEMAS LIVRES (1o Congresso Internacional de Neonatologia do DF, 30/11 a 1/12/2022): Cuidados paliativos em recém-nascido com hidranencefalia e microcefalia: um relato de caso

Amanda Quaresma Hoffmann1, Ana Heloisa Nascimento Beserra1, Bárbara Sabrina Cardoso Comper1
Christieny Mochdece2, Juan Llerena Jr2
1 Acadêmica da Faculdade de Medicina de Petrópolis; 2 Docente e Preceptor do internato da Faculdade de Medicina de Petrópolis

Ecografia transfontanela: o que ela pode nos dizer? (1o Congresso Internacional de Neonatologia do Distrito Federal: 30/11 a 2/2/2022)

Ecografia transfontanela: o que ela pode nos dizer? (1o Congresso Internacional de Neonatologia do Distrito Federal: 30/11 a 2/2/2022)

Paulo R. Margotto.

O ultrasssom (US) craniano é uma valiosa ferramenta de triagem no diagnóstico e manejo dos neonatos na UTI Neonatal.
Tem o adicional benefício de ser seguro, econômico e portátil. Avanços em equipamentos e técnicas do ultrassom têm significativamente melhorado suas habilidades de detecção.

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL: ENTENDENDO O SIGNIFICADO DA VASCULOPATIA LENTICULOESTRIATA

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL: ENTENDENDO O SIGNIFICADO DA VASCULOPATIA LENTICULOESTRIATA

Placental pathology associated with lenticulostriate vasculopathy (LSV) in preterm infants. Sisman J, Leon RL, Payton BW, Brown LS, Mir IN.J Perinatol. 2022 Nov 15. doi: 10.1038/s41372-022-01557-5. Online ahead of print.PMID: 36376451.

Realizado por Paulo R. Margotto

A vasculopatia lenticuloestriada (LSV) é diagnosticada pela ultrassonografia craniana (USc) com base na aparência de ramificação linear de ecogenicidades nos gânglios da base e/ou tálamo.

 

Em conclusão, recém-nascidos com estágio mais alto de vasculopatia lentículoestriata  parecem ter aumento do risco de placenta GIG sem associação materna diabetes. Dado que as placentas GIG podem refletir uma adaptação ambiente intrauterino adverso, a LSV pode representar o sequelas de estresse intrauterino, déficit nutricional, hipóxia e/ou inflamação. Embora a LSV seja um achado radiológico com variada correlação patológica, representa um distúrbio neurológico pouco estudado que merece foco contínuo para elucidar sua etiologia e significado. Estudos adicionais são necessários para confirmar esta associação entre placenta GIG e LSV, e explorar bases fisiopatológicas potenciais.

OU SEJA: A associação entre LSV e placenta GRANDE PARA A IDADE GESTACIONAL pode indicar uma resposta vascular compartilhada a um AMBIENTE PR-E-NATAL ADVERSO

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL: Compartilhando imagens: ENTENDENDO O INFARTO HEMORRÁGICO PERIVENTRICULAR (“Hemorragia Intraventricular [HIV] Grau IV”: HIV com hemorragia parenquimatosa) (não é uma extensão da hemorragia intraventricular)

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL: Compartilhando imagens: ENTENDENDO O INFARTO HEMORRÁGICO PERIVENTRICULAR (“Hemorragia Intraventricular [HIV] Grau IV”: HIV com hemorragia parenquimatosa) (não é uma extensão da hemorragia intraventricular)

Paulo R. Margotto.

CASO CLÍNICO

 

RN de 26 semanas 600g, AIG, sexo masculino, cesariana (Síndrome HELLP), bolsa rota no ato, Reanimado com 2 ciclos de VPP (baby P com FiO2 de 80%) Intubado, surfactante pulmonar, Apgar de 6/7 persistência do canal arterial (PCA) sem repercussão hemodinâmica (3mm, com fluxo bidirecional com predomínio esquerda-direita, Foramem oval patente (2mm) com fluxo direita-esquerda, convulsão (clínica) aos 2 dias de vida (fenobarbital), Hemorragia pulmonar aos 4 dias de vida. Faleceu  aos 6 dias de vida.

                          Por que a sua ocorrência está associada à hemorragia na matriz germinativa?

 Comumente e erroneamente, o infarto hemorrágico parenquimatoso foi denominado como uma extensão da hemorragia intraventricular (HIV).

 

 

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL- Compartilhando imagens: ARMADILHAS NA FORMAÇÃO DA IMAGEM

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL- Compartilhando imagens: ARMADILHAS NA FORMAÇÃO DA IMAGEM

Paulo R. Margotto / Naima Moura Hamidah.

Muitos artefatos sugerem a presença de estruturas que de fato não estão presentes. Aqueles incluem a reverberação e a refração.

Os artefatos de reverberação se originam quando o sinal ultrassonográfico reflete repetidamente entre interfaces reflexivas, porém nem sempre próximas ao transdutor.

As reverberações podem também dar a falsa impressão de estruturas sólidas em áreas onde apenas liquido está presente.

Os artefatos de reverberação podem usualmente ser reduzidos ou eliminados pela mudança no ângulo de aquisição das das imagens 

-A refração provoca uma curvatura no feixe de som de maneira que aqueles que não estejam ao longo do eixo do transdutor sejam atingidos. Suas reflexões são então detectadas e mostradas na imagem. Isto pode fazer com que apareçam estruturas na imagem que de fato estão fora do volume que o investigador presume que está sendo examinado.

IMPORTÂNCIA DO ULTRASSOM (US) TRANSFONTANELAR NA UTI NEONATAL

IMPORTÂNCIA DO ULTRASSOM (US) TRANSFONTANELAR NA UTI NEONATAL

Paulo R. Margotto.

Live do Hospital Brasília, REDE DASA.

Brasília 13 de junho de 2022.

OBJETIVO: reflexão  do porque você solicitou o US transfontanelar.

“A enorme massa do saber quantificável e tecnicamente utilizável não passa de veneno se for privada da força libertadora da reflexão” (eu acrescentaria: do compartilhamento)

J. Adorno

NEUROIMAGEM NA UTI NEONATAL: Protocolo em Aprovação

NEUROIMAGEM NA UTI NEONATAL: Protocolo em Aprovação

Paulo R. Margotto, Sérgio Henrique Veiga, Joseleide G. Castro

                                                    ULTRASSOM CRANIANO

 -O ultrassom craniano (USc), QUANDO SERIADO, fornece informações críticas sobre:

-a lesão cerebral em bebês prematuros e

-sua evolução ao longo do tempo

O USc seriado (semanal nos pré-termos extremos e sempre na idade equivalente a termo) permite:

-detectar cistos na substância branca tão pequenos quanto 2mm!

– permite a avaliação do crescimento do cérebro, um importante preditor do resultado do neurodesenvolvimento (importância de ser realizado na idade equivalente a termo)

-documentar a incidência da hemorragia na matriz germinativa e permite a identificação de fatores de risco pré-natais e perinatais e tempo da lesão,

-identificar lesões cerebelares 4mm pela mastóide (os <4 mm, somente pela ressonância magnética)

-acompanhar a progressão da dilatação ventricular pós-hemorrágica antes dos sintomas clínicos,

-diagnosticar infartos isquêmico e hemorrágico cerebrais

-identificar a LPV cística e

-identificar sinais subsequentes de perda de volume da substância branca cerebral (ventriculomegalia com bordas ventriculares irregulares, afastamento da cisura interhemisférica).

Ao combinarmos o reconhecimento dessas formas de lesão cerebral com avaliação do crescimento do cérebro na idade equivalente termo por meio de medidas quantitativas, podemos melhorar a capacidade preditiva da ultrassonografia craniana

 

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL- Compartilhando imagens: ABSCESSO CEREBRAL

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL- Compartilhando imagens: ABSCESSO CEREBRAL

Paulo R. Margotto.

Trata-se de um lactente de 4 meses de vida, ex-prematuro de 28 semanas e 4 dias (reanimação  ao nascer, surfactante,  sepse precoce, apneias e assistência ventilatória não invasiva).

Ultrassom transfontanelar com 30 dias, sem anormalidades. Ecocardiograma (13 dias) normal. Fundo de olho (2 meses) normal. Hemoculturas mostraram  Staphylococcus  haemophyticus, sensível  à vancomicina e linezolida, Klebisiella pneumoniae/Enterobacter cloacae.

Há 15 dias mãe relata aumento do crânio, porém com bom estado geral e amamentando. Há 10 dias, febre (38,8º C), quando procurou atendimento ambulatorial , sendo iniciado amoxacilina (sem relato de dose). No 6º dia da medicação, voltou a apresentar febre, sendo levado ao atendimento médico, quando foram coletados exames (leucocitose de 30.000) e EAS normal. Iniciado ceftriaxona (100mg/kg/dia).

Dois dias após, vômitos, sonolência, fontanela abaulada, sendo realizado TC de crânio (1/4) que mostrou extensa área hipodensa e com efeito expansivo acometendo grande parte do lobo frontal direito, região insular, núcleo capsular à direita, além de comprometimento ventricular. O ceftriaxona foi mantido. Perímetro cefálico de 40 cm.

Avaliado pela neurocirurgia que fez punção ventricular de alívio, sendo retirado 40 ml de LCR (citobioquímica compatível com infecção do SNC).