Categoria: Síndromes ictéricas

AVALIAÇÃO DA HIPERBILIRRUBINEMIA NEONATAL INDIRETA CONFORME A ACADEMIA AMERICANA DE PEDIARIA (AAP) /2022

AVALIAÇÃO DA HIPERBILIRRUBINEMIA NEONATAL INDIRETA CONFORME A ACADEMIA AMERICANA DE PEDIARIA (AAP) /2022

Paulo R. Margotto, Fabiano Cunha Gonçalves, Priscila Guimarães

A AAP  convocado um Comitê de Diretrizes de Prática Clínica  que trabalhou de 2014 a 2022 para analisar novas evidências e identificar oportunidades para esclarecer e melhorar a diretriz de 2004 para os bebês ≥semanas de idade gestacional (IG). O Comitê aumentou os limiares da fototerapia num intervalo estreito que o Comitê considerou seguro. Um ponto discutido, foi o rebote: para evitá-los, recomenda-se suspender a fototerapia a 2mg/dl do nível que indicou para os RN>38 semanas e para os ≤ 38 semanas, nossa Equipe decidiu fixar esse valor em 3-4mg/dL abaixo do nível que indicou (para esse grupo de bebê a AAP recomenda que  pode ser prudente continuar fototerapia mais por causa do seu maior risco de hiperbilirrubinemia de rebote. Para os RN <35 semanas de IG continua a tabela proposta pelos Drs. Maisels MJ, Watchko JF, Bhutani VK, Stevenson DK.J Perinatol. 2012 Sep;32(9):660-4.

AVALIAÇÃO DA HIPERBILIRRUBINEMIA NEONATAL INDIRETA CONFORME A ACADEMIA AMERICANA DE PEDIARIA (AAP) /2022 (APRESENTAÇÃO)

AVALIAÇÃO DA HIPERBILIRRUBINEMIA NEONATAL INDIRETA CONFORME A ACADEMIA AMERICANA DE PEDIARIA (AAP) /2022 (APRESENTAÇÃO)

Paulo R. Margotto, Fabiano  Cunha Gonçalves, Priscila Guimarães

A AAP  convocado um Comitê de Diretrizes de Prática Clínica  que trabalhou de 2014 a 2022 para analisar novas evidências e identificar oportunidades para esclarecer e melhorar a diretriz de 2004 para os bebês ≥semanas de idade gestacional (IG). O Comitê aumentou os limiares da fototerapia num intervalo estreito que o Comitê considerou seguro. Um ponto discutido, foi o rebote: para evitá-los, recomenda-se suspender a fototerapia a 2mg/dl do nível que indicou para os RN>38 semanas e para os ≤ 38 semanas, nossa Equipe decidiu fixar esse valor em 3-4mg/dL abaixo do nível que indicou (para esse grupo de bebê a AAP recomenda que  pode ser prudente continuar fototerapia mais por causa do seu maior risco de hiperbilirrubinemia de rebote. Para os RN <35 semanas de IG continua a tabela proposta pelos Drs. Maisels MJ, Watchko JF, Bhutani VK, Stevenson DK.J Perinatol. 2012 Sep;32(9):660-4.

REVISÃO DAS DIRETRIZES DE PRÁTICA CLÍNICA: MANEJO DA HIPERBILIRRUBINEMIA EM RECÉM-NASCIDOS COM 35 OU MAIS SEMANAS DE GESTAÇÃO

REVISÃO DAS DIRETRIZES DE PRÁTICA CLÍNICA: MANEJO DA HIPERBILIRRUBINEMIA EM RECÉM-NASCIDOS COM 35 OU MAIS SEMANAS DE GESTAÇÃO

Clinical Practice Guideline RevisionManagement of Hyperbilirubinemia in the Newborn Infant 35 or More Weeks of GestationKemper AR, Newman TB, Slaughter JL, Maisels MJ, Watchko JF, Downs SM, Grout RW, Bundy DG, Stark AR, Bogen DL, Holmes AV, Feldman-Winter LB, Bhutani VK, Brown SR, Maradiaga Panayotti GM, Okechukwu K, Rappo PD, Russell TL.Pediatrics. 2022 Sep 1;150(3):e2022058859. doi: 10.1542/peds.2022-058859.PMID: 35927462. Email: alex.kemper@nationwidechildrens.org

Realizado por Paulo R. Margotto

 

Este artigo atualiza e substitui as diretrizes de prática clínica da Academia Americana de Pediatria (AAP) de 2004 para o manejo e prevenção da hiperbilirrubinemia em recém-nascidos com ≥35 semanas de gestação. O Comitê aumentou os limiares da fototerapia num intervalo estreito que o Comitê considerou seguro. A albumina sérica baixa pode aumentar o risco de neurotoxicidade devido à maior disponibilidade de bilirrubina não ligada (isto é, bilirrubina não ligada à albumina). Concentração de albumina <3,0 g/dL um fator de risco de neurotoxicidade por hiperbilirrubinemia. Assim, a medição da albumina é recomendada como parte da intensificação dos cuidados. Concentração sérica de bilirrubina direta  >1,0 mg/dL como anormal (uma concentração direta de bilirrubina >20% do total não é mais considerada  necessária para o diagnóstico de  colestase. O uso da luz solar como uma ferramenta terapêutica confiável e, portanto, é não é recomendado. É uma opção medir bilirrubina  transcutânea (TcB) em vez de bilirrubina sérica total (TSB) se já se passaram pelo menos 24 horas desde a interrupção da fototerapia. A hiperbilirrubinemia de rebote é definida como uma concentração de TSB que atinge o limiar de fototerapia para a idade do bebê dentro de 72 a 96 horas após a interrupção da fototerapia. Os hospitais devem verificar se os sistemas de fototerapia fornecem a irradiância pretendida. A interrupção da fototerapia é uma opção quando a TSB diminuiu pelo menos 2 mg/dL abaixo do limite específico da hora no início da fototerapia. Um período mais longo de fototerapia é uma opção se houver fatores de risco Sempre que possível, o bebê deve ser internado diretamente na UTIN, e não através do pronto-socorro, para evitar atrasos no atendimento. A relação bilirrubina/albumina pode ser usada em conjunto com o nível de TSB para determinar a necessidade de exsanguineotransfusão.

 

Fototerapia: um novo fator de risco para enterocolite necrosante em prematuros de muito baixo peso? um estudo retrospectivo caso-controle

Fototerapia: um novo fator de risco para enterocolite necrosante em prematuros de muito baixo peso? um estudo retrospectivo caso-controle

Phototherapy: a new risk factor for necrotizing enterocolitis in very low birth weight preterm infants? a retrospective case-control study.Li J, Zhong XY, Zhou LG, Wu Y, Wang L, Song SJ.J Perinatol. 2023 Aug 7. doi: 10.1038/s41372-023-01744-y. Online ahead of print.PMID: 37550528

Realizado por Paulo R. Margotto

A exposição a > 120 h e > 4 números de cursos de fototerapia foram significativamente associados com ECN em análises univariadas e multivariadas ( p < 0,05). Possíveis explicações: mudanças na flora probiótica intestinal e aumentos de citocinas pró-inflamatórias de recém-nascidos durante a fototerapia. Os achados destacam a importância dos neonatologistas terem cautela ao usar fototerapia em bebes de muito baixo peso, considerando os danos potenciais da ECN. Nos complementos, os riscos da fototerapia (câncer, convulsão).

Fatores de risco para reinternação para fototerapia por icterícia em recém-nascidos saudáveis: um estudo retrospectivo observacional

Fatores de risco para reinternação para fototerapia por icterícia em recém-nascidos saudáveis: um estudo retrospectivo observacional

Risk factors for readmission for phototherapy due to jaundice in healthy newborns: a retrospective, observational study.Blumovich A, Mangel L, Yochpaz S, Mandel D, Marom R.BMC Pediatr. 2020 May 26;20(1):248. doi: 10.1186/s12887-020-02157-y.PMID: 32456623 Free PMC article. Artigo Livre!

Apresentação: Amanda Batista. (R4 de Neonatologia  HMIB/SES/DF).Coordenação: Miza Vidigal.

Nesses bebês  o estudo identificou o nível de hematócrito, perda de peso do lactente > 5% e menor tempo de internação como fatores de risco adicionais para aumento do risco de reinternação de neonatos de baixo risco com icterícia fisiológica. Na suspensão da foto para evitar o rebote trouxemos orientação de Chang et al: para o grupo de RN  <38 semanas, suspendendo a fototerapia  com 5,5mg% abaixo  do nível que iniciou, a probabilidade de rebote cai para 2,6%, semelhante para os RN com IG ≥38 semanas

Fatores de risco e preditores de hiperbilirrubinemia de rebote em um recém-nascido a termo e prematuro tardio com hemólise

Fatores de risco e preditores de hiperbilirrubinemia de rebote em um recém-nascido a termo e prematuro tardio com hemólise

Risk Factors and Predictors of Rebound Hyperbilirubinemia in a Term and Late-Preterm Infant with Hemolysis. Almohammadi H, Nasef N, Al-Harbi A, Saidy K, Nour I.Am J Perinatol. 2022 Jun;39(8):836-843. doi: 10.1055/s-0040-1718946. Epub 2020 Nov 23.PMID: 33231268.

Realizado por Paulo R. Margotto

 

Este estudo apresentado  teve como objetivo avaliar a incidência e os preditores de rebote em recém-nascidos a termo e prematuros tardios com hiperbilirrubinemia hemolítica pós-fototerapia. Terapia prolongada indevida aumenta o risco de permanência hospitalar prolongada, custo injustificado, falha na amamentação e rompimento do vínculo do recém-nascido, além do risco de epilepsia e câncer. O rebote da bilirrubina foi definido como o retorno da bilirrubina sérica total (TSB) ao limiar de fototerapia dentro de 72 horas após pós-fototerapia. Nessa coorte de estudo, 11,4% (44 de 386) tiveram hiperbilirrubinemia de rebote. O único preditor independente de hiperbilirrubinemia rebote em recém-nascidos com evidência de hemólise foi o nível de bilirrubina total sérica na descontinuação da fototerapia em relação ao limiar de tratamento da Academia Americana de Pediatria após o controle de outras variáveis (nesse estudo, 11,11mg%- alta predicção ocorrência de rebote (98%).

Na Unidade de Neonatologia do HMIB/SES/DF adotamos essa regra de previsão mais simples para hiperbilirrubinemia de rebote de Chang PW, Newman TB:

 (mg% de bilirrubina total abaixo do nível que indicou)

   RN38 semanas: 2mg%

   RN <38 semanas: 5,5 mg%

 

 

Manejo da hiperbilirrubinemia grave no neonato colestático: uma revisão e uma abordagem

Manejo da hiperbilirrubinemia grave no neonato colestático: uma revisão e uma abordagem

Management of severe hyperbilirubinemia in the cholestatic neonate: a review and an approach. Watchko JF, Maisels MJ.J Perinatol. 2022 Jun ;42(6):695-701. doi: 10.1038/s41372-022-01330-8. Epub 2022 Feb 10.PMID: 35145210 Review

Realizado por Paulo R Margotto.

 

Kernicterus tem sido relatado em bebês com hiperbilirrubinemia total grave nos quais tanto a bilirrubina sérica total (BST) quanto à bilirrubina direta estavam elevadas. Dados atuais confirmam que a hiperbilirrubinemia direta é comum em casos de doença hemolítica aloimune grave do recém-nascido,  ~ 13% e o  os preditores de colestase incluem transfusão intrauterina (93% dos casos de colestase) e doença hemolítica mediada por Rh(D) (95% dos casos de colestase). É seguro dizer que a colestase pode complicar a hemólise robusta, independentemente da causa subjacente. A maioria dos casos de kernicterus está associada à doença hemolítica e apresenta hiperbilirrubinemia total extrema (BST  ≥ 25 mg/dl [427 µmol/L]) que atinge o pico durante a primeira semana de vida, e mais frequentemente uma fração de bilirrubina direta < 50% da BST. A  exsanguineotransfusão  (ET) deve ser realizada se o nível de  bilirrubina indireta  “subir a alturas perigosas ou o bebê mostrar os menores sinais clínicos de kernicterus”. No entanto a colestase não hemolítica raramente é associada ao kernicterus, a não ser que a bilirrubina indireta se eleva a níveis grave. Quanto a Síndrome do bebê bronzeado: não aumenta ainda mais o risco de neurotoxicidade da bilirrubina em neonatos colestáticos e, portanto, não deve ser uma contraindicação ao uso de fototerapia (não há evidência que a bilirrubina direta desloca a bilirrubina da albumina). Portanto, dado o risco de kernicterus no neonato colestático com hiperbilirrubinemia grave, parece razoável fornecer fototerapia a esses bebês quando indicado (os valores séricos de bilirrubina direta diminuem em paralelo com BST durante a fototerapia). A hiperbilirrubinemia em recém-nascidos colestáticos com bilirrubina direta <50% do BST deve ser tratada com fototerapia ou ET com base na BST sozinho consistente com as diretrizes atuais de gerenciamento de hiperbilirrubinemia da Academia Americana de Pediatria e os de outros. Se a hemólise for confirmada, alguns sugerem que o tratamento da hiperbilirrubinemia deve ter como objetivo manter a fração bilirrubina indireta abaixo de 17-19 mg/dL (embora a bilirrubina direta não seja tóxica sua presença indica doença grave e implica a presença de outros fatores, como altos níveis de pigmento heme, anóxia e acidose, que aumentam o risco de kernicterus). Uma opção mais conservadora seria realizar a ET quando o TSB for ≥25 mg/dL (nos casos de kernicterus relatados em neonatos com doença hemolítica e DB > 50% do TSB, todos tiveram níveis de BST > 25 mg/dL). Nos complementos, o uso de ursacol profilático nos prematuros em nutrição parenteral mostrou-se benéfico na prevenção da colestase associada à nutrição parenteral total .

Associação entre exposição à fototerapia neonatal e neoplasia infantil

Associação entre exposição à fototerapia neonatal e neoplasia infantil

Association Between Neonatal Phototherapy Exposure and Childhood Neoplasm. Bugaiski-Shaked A, Shany E, Mesner O, Sergienko R, Wainstock T.J Pediatr. 2022 Feb 1:S0022-3476(22)00077-4. doi: 10.1016/j.jpeds.2022.01.046. Online ahead of print.PMID: 35120988.

Realizado por Paulo R. Margotto.

.O objetivo do presente estudo foi explorar associações entre fototerapia para  hiperbilirrubinemia neonatal (recém-nascidos maior ou igual a 32 semanas  e o risco de neoplasia benignas  antes dos 18 anos de idade). A população do estudo foi acompanhada por uma mediana de 9,5 anos (variação, 0-18 anos). A fototerapia foi associada a um risco significativamente aumentado de malignidades infantis e tumores benignos (após ajuste para nascimento prematuro e taxa de risco para a idade materna: 1,89 [IC 95%, 1,35-2,67] para malignidades e 1,27 [IC 95%, 1,02-1,57] para neoplasias benignas tumores) Especificamente, a fototerapia foi associada a cânceres hematopoiéticos e leucemia (taxa de risco, 2,29 [IC 95%, 1,48-3,54; P  < 0,01] para cânceres hematopoiéticos e 2,51 [IC 95%, 1,52-4,14;  < 0,001] para leucemia), mas não com tumores sólidos  e linfoma. Assim, nesse grande estudo israelense de base populacional (342.172 bebês!) com seguimento de até 18 anos, os autores encontraram uma associação entre a exposição neonatal à fototerapia e o risco de desenvolver neoplasias, tanto benignas quanto malignas, e especificamente um maior risco de leucemia. A associação entre fototerapia e risco de malignidade pode estar relacionada a diversos mecanismos, principalmente processos envolvendo danos ao DNA causados ​​pela fototerapia, estando relacionado mais à DURAÇÃO do que a intensidade da fototerapia. O  presente  estudo e outros enfatizam a importância de seguir protocolos de tratamento de limiares para fototerapia, como conforme os critérios da Academia Americana de Pediatria,  para minimizar a exposição desnecessária à fototerapia. Nos casos em que a fototerapia for considerada necessária antes que os níveis de bilirrubina atinjam o limite das diretrizes, isso deve ser claramente documentado. Assim, a fototerapia pode não ser inofensiva e  os riscos, bem como os benefícios devem ser pesados ​​antes de ligar a fototerapia (principalmente se níveis de bilirrubina abaixo das diretrizes de tratamento atuais)

Hiperbilirrubinemia Direta: Colestase neonatal

Hiperbilirrubinemia Direta: Colestase neonatal

Apresentação: Anna Amélia Varela Alvarenga – Residente de Neonatologia (R4)-HMIB/SES/DF. Coordenação: Miza Vidigal

Nos complementos: ácido ursodeoxicólico profilático na colestase neonatal por nutrição parenteral? Risco de lesão cerebral pela bilirrubina direta

Nos recém-nascidos, especialmente nos prematuros, que requerem nutrição parenteral prolongada, a alteração hepática que cursa com colestase representa um importante problema. Uma complicação da nutrição parenteral é a lesão hepática, principalmente nas crianças com exigência de longo tempo de nutrição parenteral total. Deve-se, se possível, iniciar nutrição enteral tão logo que possível e avance tão rapidamente quanto tolerado, de preferência com leite materno. Cada 10 mL/kg de aumento na dieta significam uma redução de risco de 34% de colestase associada a nutrição parenteral. Deve-se também rever as soluções parenterais: diminuir proteína e lipídeos, trocando este, se possível, para preparados a base de óleo de peixe; utilizar nutrientes específicos como taurina e colina.

A profilaxia com ácido ursodeoxicólico  é benéfica na prevenção da colestase associada à nutrição parenteral total em neonatos de UTIN que recebem NP prolongada (2022)