Identificação e reconhecimento das convulsões neonatais (Identification and Management of Neonatal Seizures)

Identificação e reconhecimento das convulsões neonatais (Identification and Management of Neonatal Seizures)

Donna M. Ferrieri (EUA).22º Simpósio Internacional de Neonatologia do Santa Joana, São Paulo, 11-14 de setembro de 2019.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Nessa Conferência a Dra. Donna M Ferriero destaca a necessidade da monitorização eletroencefalográfica. Há má discordância entre os especialistas em epilepsia (em 50% discordam ao apresentar um vídeo). Precisamos de um EEG para esclarecer, sendo essa mais uma razão da necessidade do EEG. Em 20 videoclipes (11 com convulsões e 9 sem) foram avaliados por 91 doutores e 46 enfermeiras. O número de eventos corretamente identificados foi 10 de 20. Muitas vezes, é impossível diferenciar com precisão entre os movimentos convulsivos e os não convulsivos em bebês usando apenas a avaliação clínica. A avaliação de vídeos de bebês com encefalopatia hipóxico-isquêmica tratados com hipotermia mostrou que em mais de 1/3 desses pacientes (34%-14/41) apresentaram convulsões e status epilepticus em 10% (4/41); 6/14 crianças (43%) nunca tiveram correlação clínica. A maior parte das convulsões neonatais é ocasional, ainda que sejam eventos reativos a insultos agudos, porém existe uma percentagem significativa emergente que apresenta os seus primeiros sintomas no período neonatal, mas realmente eles tem epilepsia de início neonatal ou encefalopatia neonatal que requerem tratamento personalizado. A distinção precoce entre convulsões agudas e epilepsia de início neonatal tem implicações terapêuticas e prognósticas importantíssimas, pois os medicamentos que usamos para as convulsões sintomáticas aguda no período neonatal normalmente não funcionam em epilepsias genéticas. Em um perfil de epilepsia neonatal podemos ver que 83% com encefalopatia epiléptica podem ser confirmados com testes genéticos (KCNQ2 foi o mais alto associado com epilepsia familiar benigna neonatal e com variáveis malignas). 3/4 das epilepsias neonatais tem causas patogênicas e temos que entender esses fenótipos, razão pela qual, o estes genéticos são de primordial importância. Doses maciças de fenobarbital e midazolam podem exacerbar a epilepsia neonatal familiar benigna. Podemos ter temos uma resposta rápida e segura com doses baixas de carbamazepina nos casos de epilepsia neonatal familiar benigna (19 lactentes com convulsões neonatais, dos quais 16 tinham história familiar de convulsões, 14 de 19 com mutações do KCNQ2 e 2 de 19, com mutação do KCNQ3). Interessante que 88% ficam leis de convulsões dentro de 1 hora. Então, usando a carbamazepina e as convulsões pararam; você agora sabe trata-se de uma epilepsia neonatal genética provavelmente devido a uma mutação do KCNQ2. Então é o KCNQ2 que achávamos que fosse só familiar benigna, mas é um fenótipo emergente de uma encefalopatia epiléptica neonatal. Esse é um artigo belíssimo que acabou de descrever isso. Isso sugere que a triagem do KCNQ2 deve ser incluída na investigação diagnóstica de crises refratárias neonatais de origem desconhecida. A Dra. Donna M. Ferriero conclui que há possíveis etiologias subjacentes que podem necessitar de tratamentos específicos. Convulsões não controladas / não tratadas definitivamente pioram o prognóstico. É necessária a monitorização do cérebro e sem o EEG Não dá para fazer o diagnóstico clínico de convulsões. Como vimos mesmos os especialistas em epilepsia erravam na metade das vezes no diagnóstico das convulsões clínicas. Vocês querem errar na metade do tempo? O RN precisa do medicamento? Vou fazer o medicamento errado? Precisamos SIM do EEG. Tem que pressionar. Não precisaria do vídeo. O EEG dos pobres é o aEEG, mas muitas vezes você não consegue detecta convulsões que ocorrem com menos de 10 segundos. Novamente enfatizo que a monitorização EEG é de importância capital. Você não pode ter uma Unidade se você não puder medir uma pressão arterial, saturação de O2 e frequência cardíaca. Por que você vai ter uma Unidade se você não vai poder medir a atividade cerebral que é tão essencial para o desfecho? É um custo tão pequeno em relação aquilo que você tem que lidar e que você vai ter depois em relação ao desfecho e o cuidado que terá com o bebê que ficou sem tratamento porque não tinha o equipamento na Unidade. Você precisa buscar atividade convulsiva nos recém – nascidos com EHI e tratá-la. Nos complementos excelente artigo de Cornet e Cílio sobre Epilepsias Genéticas de Início Neonatal, onde abordam o papel das canalopatias e do BRAT1 na síndrome de rigidez neonatal severa e convulsões multifocais.