ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) EM RECÉM-NASCIDOS: PEQUENOS CÉREBROS, GRANDES CONSEQUÊNCIAS

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) EM RECÉM-NASCIDOS: PEQUENOS CÉREBROS, GRANDES CONSEQUÊNCIAS

Donna M. Ferriero (EUA)

22º Simpósio Internacional de Neonatologia do Santa Joana, São Paulo, 11-14 de setembro de 2019.

Realizado por Paulo R. Margotto.

A incidência anual de Acidente Vascular cerebral (AVC): 1 AVC por ~2000 nascidos vivos, sendo tão comum como AVC em idosos, mas não recebem atenção, principalmente dos órgãos financiadores. São abordados os seguintes tipos de AVC: Do lado arterial temos o AVC isquêmico arterial ou pode ser um AVC arterial presumido (significa uma apresentação tardia). A meningite pode acusar inflamação das artérias e o AVC pode ter a presença de hemorragia. No lado venoso podemos ter a trombose cerebral venosa (todo recém-nascido a termo com hemorragia intraventricular deve ser considerada a trombose venosa, devendo ser feita a ressonância magnética!) ou hemorragia ou infarto em torno dos ventrículos, principalmente nos nascidos prematuros. Nos neonatos, os AVCs isquêmicos arteriais são de maior número (compreende 90% dos casos publicados) seguida pela trombose venosa. Muitos desses AVCs isquêmicos (em 90% dos casos publicados ocorre no lado esquerdo) ocorrem nos RN a termo, podendo ocorrer também em prematuros. Entre os fatores de risco para o AVC arterial isquêmico se destacam diabetes materno, hipertensão materna, tabagismo, gestação gemelar, primeira gestação; reanimação, hipoglicemia, meningite, aspiração meconial.  Na apresentação clínica se destacam a convulsão focal motora, movimentos clônicos de uma extremidade, hipotonia, letargia e apneia (a apneia pode ser um sinal de convulsão subclínica; eu diria faça pelo menos um ultrassom da cabeça e se os achado do ultrassom estiverem confusos, faça ressonância magnética; recomendo também fazer o EEG de amplitude integrada; você tem que ter certeza que aquela apneia não se deve a uma convulsão subclínica). Bebê que se apresenta aos 6 meses ao ambulatório como hemiparesia (a mãe percebe que ele só usava a mão direita; a mão esquerda sempre estendida); o braço direito levanta e não levanta perna esquerda; a mãe percebe que ele só usa a mão direita; olhar sempre para a direita; ele não enxerga no lado esquerdo), deve ser pensado em AVC isquêmico arterial presumido. Entre os dados pré—clínicos no tratamento, a eritropoietina (EPO) se destaca: protege o cérebro mesmo dado 7 dias depois; atua criando novos neurônios promovendo a neurogênese; a resposta é boa, a função cerebral melhora. Quanto ao déficit neurológico na alta, a quantificação da difusão do trato corticoespinhal prediz o desenvolvimento motor no AVC arterial isquêmico. Quando o ramo da artéria cerebral média é comprometido, 100% vai ter efeitos adversos em qualquer domínio. Se não for o ramo principal e sim a basal ganglia talâmica (BGT), pedúnculo cerebelar e lesões bilaterais é mais provável ter epilepsia (lesões bilaterais), paralisia cerebral (pedúnculo) e se for na BGT, déficit motor, comportamental e cognitivo. Na compreensão do AVC de ramos perfurantes (Stroke perfurator) é fundamental o conhecimento da anatomia vascular para a sua com AVC de ramos perfurantes isolado, exceto quando o braço posterior da cápsula interna for comprometido. A boa notícia, melhor de todas que podemos dar aos pais: a taxa de recorrência em crianças com AVC neonatal é de <1% comparado com taxa de AVC na infância que é 25 a 30%. Os Neonatologistas são os guardiões, aqueles que devem estar muito alertas para conseguir identificar o AVC, tratar e seguir esses bebes que são de alto risco.