Categoria: Farmacologia Neonatal

Paracetamol profilático de baixa dose para fechamento ductal e resultado do neurodesenvolvimento em bebês muito prematuros

Paracetamol profilático de baixa dose para fechamento ductal e resultado do neurodesenvolvimento em bebês muito prematuros

Prophylactic lowdose paracetamol for ductal closure and neurodevelopmental outcome in very preterm infants. Höck M, Sappler M, Hammerl M, Griesmaier E, Ndayisaba JP, Schreiner C, Pupp-Peglow U, Kiechl-Kohlendorfer U, Neubauer V.Acta Paediatr. 2023 Aug;112(8):1706-1714. doi: 10.1111/apa.16806. Epub 2023 May 12.PMID: 37103481. Áustria.

Realizado por Paulo R. Margotto.

249 lactentes Bebês <32 semanas de gestação que receberam paracetamol endovenoso (10mg/kg a cada 8 horas) no período neonatal  versos controle (292 que não receberam), não apresentaram, na idade corrigida de 24 meses, diferença significativa na taxa de atraso no neurodesenvolvimento (desenvolvimento psicomotor e mental. Inclusive Na idade corrigida de 12 meses, a taxa de atraso psicomotor foi menor no grupo do paracetamol (OR 2,22, IC 95% 1,28–3,94, p  = 0,004).

Nebulização profilática de surfactante para aeração precoce do pulmão prematuro: ensaio clínico randomizado

Nebulização profilática de surfactante para aeração precoce do pulmão prematuro: ensaio clínico randomizado

Prophylactic surfactant nebulisation for the early aeration of the preterm lung: a randomised clinical trial. Gaertner VD, Minocchieri S, Waldmann AD, Mühlbacher T, Bassler D, Rüegger CM; SUNSET study group.Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2023 May;108(3):217-223. doi: 10.1136/archdischild-2022-324519. Epub 2022 Nov 24.PMID: 36424125 Clinical Trial.

Realizado por Paulo R. Margotto

Nesse estudo randomizado e controlado, com bebês de 26 sem a 31 sem 6 dias. no grupo de intervenção foi nebulizado  200 mg/kg de surfactante por meio de um nebulizador de membrana vibratória personalizado. Não foi encontrado  efeito significativo do surfactante nebulizado  profilático na SDR na impedância pulmonar expiratória final 30 minutos após o nascimento, quando comparado com o tratamento padrão. A deposição pulmonar de nebulizadores de membrana vibratória é estimada em apenas 5% a 20% em situações ideais. Diferentes interfaces, tipos de nebulizador e, mais importante, concentrações de surfactante devem ser pesquisados ​​antes da implementação em futuros estudos clínicos.

Respostas pulmonares e cerebrais do pré-termo à ventilação mecânica e corticosteróides

Respostas pulmonares e cerebrais do pré-termo à ventilação mecânica e corticosteróides

Preterm lung and brain responses to mechanical ventilation and corticosteroids.Hillman NH, Jobe AH.J Perinatol. 2023 May 11. doi: 10.1038/s41372-023-01692-7. Online ahead of print.PMID: 37169913 Review. Realizado por Paulo R. Margotto.

Artigo de profunda reflexão sobre a ventilação mecânica (VM) e o impacto no cérebro. A VM, embora necessária em muitos bebês prematuros, causa alterações nas vias aéreas e no parênquima pulmonar observadas em bebês sobreviventes com DBP. A ventilação mecânica também causa danos ao cérebro por meio de flutuações no fluxo sanguíneo cerebral e neuroinflamação de citocinas liberadas sistemicamente. Evitar a ventilação mecânica ou limitar o período de ventilação provavelmente tem o maior efeito tanto na DBP quanto nos desfechos neurológicos. A extensão da lesão foi proporcional ao tempo de ventilação mecânica. AO INTUBAR: PROGRAME JÁ A SUA EXTUBAÇÃO! Quanto aos esteroides: um curso curto de dexametasona o entre 8 a 14 dias em lactentes com alto risco de DBP moderada a grave pode fornecer a maior redução na DBP sem comprometimento neurológico. Dados promissores em animais e humanos para o uso de budesonida e surfactante sugerem que esse regime pode diminuir a DBP, e grandes estudos randomizados estão quase completos.

Terapia com propranolol para quilotórax congênito

Terapia com propranolol para quilotórax congênito

Propranolol Therapy for Congenital ChylothoraxHandal-Orefice R, Midura D, Wu JK, Parravicini E, Miller RS, Shawber CJ.Pediatrics. 2023 Feb 1;151(2):e2022058555. doi: 10.1542/peds.2022-058555.PMID: 36651059.

Apresentação: Karoline Silva de Araujo. R4 Neonatologia/ HMIB/ SES/DF. Coordenação: Paulo R.  Margotto

O estudo mostra o uso off label de propranolol em fetos e recém-nascidos com quilotórax congênito  refratário e então descreve 4 casos de com diagnóstico pré-natal tratados com propranolol pré-natal (n = 2) ou pós-natal (n = 2). A presente  série de casos sugere que o tratamento com propranolol pré-natal ou pós natal foi benéfico para o quilotórax congênito refratário grave. Grandes derrames pleurais diagnosticados no pré-natal que necessitam de toracocentese transuterina podem se beneficiar de um curso de propranolol pré-natal administrado à mãe, com uma dose máxima de 40 mg 4x/dia. Os 2 casos apresentou resolução em 30 a 40 dias. A  dose para recém-nascido foi de 0,3 mg/kg/dia com aumento  para 1 a 2 mg/kg/dia. Não houve complicações maternas ou neonatais significativas decorrentes do uso de propranolol pré-natal ou pós-natal. O propranolol pode ser eficaz no tratamento de quilotórax fetal congênito grave.

 

Exposição materna ao ácido acetilsalicílico e risco de eventos hemorrágicos em prematuros extremos

Exposição materna ao ácido acetilsalicílico e risco de eventos hemorrágicos em prematuros extremos

Exposure to maternal acetylsalicylic acid and the risk of bleeding events in extreme premature neonates. Morin J, Delaney J, Nunes GC, Simoneau J, Beltempo M, Goudie C, Malhamé I, Altit G.J Perinatol. 2023 Mar 13. doi: 10.1038/s41372-023-01644-1. Online ahead of print.PMID: 36914800 No abstract available.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Esse estudo (incluiu uma coorte retrospectiva de recém-nascidos extremamente prematuros nascidos com menos de 29 semanas e internados em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal nível 3 entre 2015 e 2019) mostrou que prematuros extremos expostos ao AAS materno não apresentaram eventos hemorrágicos (hemorragia intraventricular, hemorragia pulmonar) e taxas de mortalidade mais significativas quando comparados ao grupo não exposto.

Farmacologia do Canal arterial hemodinamicamente significativo: Ibuprofeno oral em alta dose x ibuprofeno oral dose padrão

Farmacologia do Canal arterial hemodinamicamente significativo: Ibuprofeno oral em alta dose x ibuprofeno oral dose padrão

Paulo R. Margotto.

O ibuprofeno oral é mais efetivo  do que o ibuprofeno venoso (devido à absorção mais lenta do ibuprofeno oral que permitiu maior tempo de meia vida, prolongando o contato com o ducto, propiciando maior resposta no seu fechamento). O mesmo com o paracetamol: a taxa de fechamento foi maior no grupo oral. Tanto o ibuprofeno oral quanto ao paracetamol oral tem equivalente eficácia. A combinação de ibuprofeno + paracetamol não mostrou evidências de superioridade sobre o ibuprofeno. QUANTO A ALTAS DOSES DE IBUPROFENO os autores concluem que o tratamento precoce da persistência do canal arterial (PCA) com altas doses de ibuprofeno (20-10-10 mg/kg/dia) é mais eficaz do que o atual esquema posológico (10-5-5 mg/kg/dia) no fechamento da PCA em prematuros <29 semanas de gestação, sem aumentar a taxa de efeitos adversos, como  enterocolite necrosante, uma grande preocupação dos médicos (quando a idade pós-natal aumenta de 1 para 8 dias, a depuração plasmática do ibuprofeno também aumenta, levando a uma diminuição de sua meia-vida (42,2 h em 3 dias vs. 19,7 h em 5 dias).  Isso provavelmente decorre da maturação pós-natal do complexo citocromo P450 e, mais especificamente, da subfamília CYP2C9 e CYP2C8 que metaboliza o ibuprofeno.  Eles sugeriram, portanto, aumentar a dose durante o período pós-natal. A dose de ibuprofeno que é tradicionalmente usada (10 mg/kg, 5 mg/kg e 5 mg/kg, cada uma administrada em intervalos de 24 horas) é baseada em dados farmacocinéticos antigos obtidos das experiências de bebês prematuros. Portanto, outros autores sugerem que se o bebê não responde ao primeiro esquema convencional, um segundo esquema de dose elevada estaria indicada.  Alta dose de ibuprofeno diminuiu significativamente as taxas de ligadura da PCA em comparação com a dose padrão (RR 0,33, 95% CI 0,16 -0,70, 5 estudos, N = 309).

DIRETO AO PONTO: Dipirona na Neonatologia

DIRETO AO PONTO: Dipirona na Neonatologia

Paulo R. Margotto.

O mecanismo do efeito analgésico da dipirona  não é exatamente conhecido. A dipirona é um inibidor da ciclooxigenase, tanto COX-1 quanto COX-2. Acredita-se que a inibição da biossíntese de prostaglandinas contribua para a atividade analgésica. Em contraste, seu uso em muitos outros países foi proibido devido ao possível risco de agranulocitose (contagem de neutrófilos ˂500/μL ). A agranulocitose é uma condição de saúde potencialmente fatal. Esse risco de agranulocitose parece aumentar com o tempo de uso, embora desapareça 10 dias após a última dose. Devido ao risco de agranulocitose, não é mais utilizado nos Estados Unidos desde o início da década de 1970, quando foi retirado do mercado farmacêutico. Na Alemanha, o seu uso é liberado a partir de 3 meses.  Outras complicações: hipotensão arterial, sudorese excessiva, hipotermia  e edema. Documento Científico elaborado pelos Departamentos Científicos de Pediatria Ambulatorial e de Infectologia sobre a dipirona alerta o uso de dipirona 1gta/kg (1 gota contém 25 mg de dipirona!!!!). Documento Científico desse Departamento   cita o  paracetamol  como  o único antitérmico recomendado para febre em menores de 1 mês, sendo sua dose ajustada segundo a idade  gestacional. A literatura não respalda usar a combinação de dois deles (paracetamol, ibuprofeno, dipirona), intercalando-os para melhor efeito terapêutico (baixar a temperatura), pois o risco de eventos adversos. Todos os antitérmicos têm o mesmo mecanismo de ação (inibição da PgE2). O paracetamol pode ter efeitos centrais, mediados através de vias serotoninérgicas e tem uma influência metabólica ativa nos receptores canabinóides. Já disponível no Brasil o paracetamol endovenoso.

Epinefrina versus norepinefrina em pacientes com parada cardíaca em choque pós-ressuscitação

Epinefrina versus norepinefrina em pacientes com parada cardíaca em choque pós-ressuscitação

Epinephrine versus norepinephrine in cardiac arrest patients with post-resuscitation shock. Bougouin W, Slimani K, Renaudier M, Binois Y, Paul M, Dumas F, Lamhaut L, Loeb T, Ortuno S, Deye N, Voicu S, Beganton F, Jost D, Mekontso-Dessap A, Marijon E, Jouven X, Aissaoui N, Cariou A; Sudden Death Expertise Center Investigators.Intensive Care Med. 2022 Mar;48(3):300-310. doi: 10.1007/s00134-021-06608-7. Epub 2022 Feb 7.PMID: 35129643.

Apresentação: Júlia de Andrade (MR5 UTI  PEDIÁTRICA-HMIB). Orientador: Alexandre Serafim (Intensivista Pediátrico).

Esse estudo realizado em adulto mostrou que  em pacientes internados com vida na UTI que sofreram parada cardíaca em ambiente não hospitalar com choque pós-ressuscitação ressuscitados com sucesso, o uso de epinefrina foi associado a maior mortalidade por todas as causas e cardiovascular específica, em comparação com a infusão de norepinefrina. Até que dados adicionais estejam disponíveis, os intensivistas podem querer escolher norepinefrina em vez de epinefrina para o tratamento de choque pós-ressuscitação nesses pacientes.

O efeito da noradrenalina nos parâmetros clínicos e hemodinâmicos em neonatos com choque: um estudo de coorte retrospectivo

O efeito da noradrenalina nos parâmetros clínicos e hemodinâmicos em neonatos com choque: um estudo de coorte retrospectivo

The effect of norepinephrine on clinical and hemodynamic parameters in neonates with shock: a retrospective cohort study. Gupta S, Agrawal G, Thakur S, Gupta A, Wazir S.Eur J Pediatr. 2022 Jun;181(6):2379-2387. doi: 10.1007/s00431-022-04437-4. Epub 2022 Mar 11.PMID: 35277734.

Realizado por Paulo R. Margotto.

A norepinefrina (NE) é um α agonista não seletivo potente com algum efeito no receptor β1. Seu principal efeito cardiovascular é a vasoconstrição periférica combinada com inotropia positiva moderada. Além disso, um efeito vasodilatador pulmonar foi postulado em neonatos com alto tônus ​​vascular pulmonar basal. Na dose de  0,1–0,4 mcg/kg/min, a NE em neonatos com choque (em 51% dos casos, séptico) foi eficaz em aumentar a pressão arterial com diminuição do uso de todos os inotrópicos.

PRESCRIÇÃO SEGURA

PRESCRIÇÃO SEGURA

ENF MARIA GRASIELA DE PAULA – GRASY  FARM. PRISCILA RABELO GUIMARAES. Hospital Materno Infantil de Brasília/SES/DF.

-11.285  pacientes  internados  em  12  hospitais pediátricos dos Estados Unidos.

-15%  dos  pacientes  sofreram  pelo  menos  um erro de medicação (administração  de  doses  incorretas,  medicamentos  errados ou omissão de medicamentos.

-16 hospitais pediátricos em 9  países europeus : 0,6 a 20,8 por 100 administrações de medicamentos (administração  de  doses  incorretas  e  medicamentos errados)

-1.339  relatórios  de  eventos  adversos  em um hospital pediátrico  dos Estados  Unidos  21,5% dos eventos – erros  de medicação e

58,3% resultaram em lesões    significativas para o paciente