Categoria: Obstetrícia e Perinatologia

A CIÊNCIA DO CLAMPEAMENTO DO CORDÃO UMBILICAL- Clampeamento tardio do cordão e transfusão placentária: quais são as evidências científicas

A CIÊNCIA DO CLAMPEAMENTO DO CORDÃO UMBILICAL- Clampeamento tardio do cordão e transfusão placentária: quais são as evidências científicas

Stuart Hoope (Austrália).

7o Simpósio Internacional de Reanimação Neonatal, 5-7 de abril de 2018, Foz do Iguaçu, PR.

Realizado por Paulo R. Margotto, Professor de Neonatologia da 6a Série da Faculdade de Medicina da Universidade Católica de Brasília.

Unidade de Neonatologia do Hospital Materno Infantil de Brasília, SES/DF.

pmargotto@gmail.com.

O novo é o clampeamento precoce do cordão (CPC) e o velho, o CTC, pois já em 1796, o Dr. Erasmus Darwin, um médico e o avô de Charles Darwin, publicou em seu livro: “outra coisa muito prejudicial para a criança é clampear  e cortar do cordão umbilical cedo demais, o que não deve ser feito até que a criança tenha respirado não só várias vezes, mas até que a pulsação do cordão cessa. Caso contrário, a criança é muito mais fraca do que deveria ser, pois um parte do sangue está sendo deixado na placenta, que deveria ter sido da criança … ” Ao clampearmos precocemente o cordão umbilical ocorre diminuição do retorno venoso ao coração esquerdo e o DC cardíaco cai cerca de 50% em 60 segundos. Quando se fala em clampeamento tardio de cordão, é muito mais que uma transfusão placentária. Há muito mais benefícios e entre eles está a manutenção do débito cardíaco (DC) ao nascer. O débito cardíaco (DC) é a principal defesa do feto, principalmente para defender o cérebro de uma possível lesão hipóxica. Reduz a hipertensão de rebote nos recém-nascidos asfíxicos e reduz o risco de hipertensão pulmonar na hérnia diafragmática congênita. Outro o cordão umbilical é clampeado precocemente ocorre diminuição do retorno venoso ao coração esquerdo e o DC cardíaco cai cerca de 50% em 60 segundos, explicando a bradicardia inicial o porquê da bradicardia descrita nos gráficos de frequencia cardíaca após o nascimento. Quanto à transferência placentária: no final dos anos 6o um grupo sueco mostrou que a cada minuto após o nascimento havia aumento do volume sanguíneo do bebê e se você esperar 3 minutos vai ter 25 ml/kg de sangue a mais. Foi a partir daí que veio a idéia dos 3 minutos! No entanto ninguém refletiu sobre o que ocorre antes do nascimento. Durante o trabalho de parto o bebê perde volume sanguíneo e no final recupera o que perdeu (então, na verdade ele está recebendo o que perdeu durante o trabalho de parto e não recebendo algo de graça!) e isto explicaria o porquê que a transfusão placentária é menor na cesariana, pois o bebê não perdeu volume sanguíneo.Ao fazer a ordenha do cordão, ainda não aprovada pela Academia Americana de Pediatria (faltam estudos comparando clampeamento tardio versos ordenha do cordão), esta deve ser feita com o repreenchimento placentário para evitar brusco aumento de pressão arterial. Interessante é o que experimentalmente se evidenciou na hérnia diafragmática: o clampeamento mais tardio do cordão tornou a transição mais fácil, com 2 horas após o clampeamento a pressão arterial pulmonar foi 20 mmHg menor do que os que foram clampeados imediatamente (ao clampear imediatamente o cordão você tem que forçar o sangue a passar por um leito vascular menor e isto aumenta muito a pressão, causando vasoespasmo na circulação pulmonar que por algum motivo persiste, podendo talvez evoluir; a  teoria é que isto também tem haver com a hipertensão pulmonar!). Igualmente interessante, a mais recente informação:  estudo de 2018 de Fogarty M et al, publicado online no J Obstet Gynecol (metanálise com  18 estudos controlados e  randomizados, comparando  o atraso do clampeamento do cordão versos o clampeamento precoce, englobando 2834 recém-nascidos prematuros; a  maioria dos lactentes alocados para o clampeamento tardio recebeu um atraso de ≥60 segundos).Houve significativa redução da mortalidade (RR de 0,69-IC a 95% de 0,52-0,91; P = 0,009; no subgrupo de bebês ≤ 28 semanas de gestação: RR de  0,70, IC a 95% de 0,51 a 0,95; P = 0,02). Esta estratégia não afetou a hemorragia materna pós-parto ou a necessidade de transfusão de sangue materno, sendo esta estratégia segura para a mãe, além de não aumentar a necessidade de exsanguineotransfusão por hiperbilirrubinemia ou por policitemia  nestes prematuros). Fica a mensagem de Stuart Hoope: Temos sempre que entender a ciência antes de implementar o tratamento. Temos que entender o objetivo do tratamento, que ele não vai ocasionar dano e não devemos esperar que todos os bebes tenham o mesmo benefício do procedimento e o mais importante é otimizar o tratamento para obter o melhor benefício.

 

Cesariana eletiva com 38-39 semanas comparada a >39 semanas nos resultados neonatais: estudo de coorte prospectivo

Cesariana eletiva com 38-39 semanas comparada a >39 semanas nos resultados neonatais: estudo de coorte prospectivo

Elective caesarean section at 38-39 weeks gestation compared to > 39 weeks on neonatal outcomes: a prospective cohort study.

Pirjani R, Afrakhteh M, Sepidarkish M, Nariman S, Shirazi M, Moini A, Hosseini L.BMC Pregnancy Childbirth. 2018 May 8;18(1):140. doi: 10.1186/s12884-018-1785-2.PMID: 29739452.Free PMC Article.Similar articles. Artigo Integral! Apresentação: Déborah Carneiro Nunes de Lima. Coordenação: Carlos A. Zaconeta

Mesmo com inúmeros trabalhos sugerindo que crianças nascidas por parto cirúrgico eletivo antes das 39 semanas de gestação apresentam mais intercorrências, os médicos continuam com esta prática, o que pode se dever à própria opinião deles, práticas já estabelecidas, desejo materno de cesárea precoce, escolha pela data de nascimento ou qualquer outra razão

Exposição pré-natal ao sulfato de magnésio é associada com redução da hemorragia Cerebelar nos recém-nascidos pré-termos

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Apresentação : Marcos Paulo, Walter Borges.
Internato em Neonatologia-6ª Série.
Faculdade de Medicina da Universidade Católica de Brasília.
Coordenação: Paulo R. Margotto

O ZIKA VÍRUS INFECTA PROGENITORES DA CÓRTEX NEURAL HUMANA E ATENUA SEU CRESCIMENTO

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Tang H, Hammack C, Ogden SC, Wen Z, Qian X, Li Y, Yao B, Shin J, Zhang F, Lee EM, Christian KM, Didier RA, Jin P, Song H, Ming GL. 
Cell Stem Cell. 2016 Mar 3. 

Realizado por Paulo R. Margotto, Prof. de Neonatologia  (6a Série) da Faculdade de Medicina da Universidade Católica de Brasília)

Zika virus prejudica o crescimento em neuroesferas humanas e organóides cerebrais

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Garcez PP, Loiola EC, Madeiro da Costa R, Higa LM, Trindade P, Delvecchio R, Nascimento JM, Brindeiro R, Tanuri A, Rehen SK. 
Science. 2016 Apr 10. 

Realizado por Paulo R. Margotto, Prof. de Neonatologia  (6a Série) da Faculdade de Medicina da Universidade Católica de Brasília).

 

Achados tomográficos em microcefalia associados com o Zika Virus

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Hazin AN, Poretti A, Cruz DD, Tenorio M, van der Linden A, Pena LJ, Brito C, Gil LH, Miranda-Filho DB, Marques ET, Martelli CM, Alves JG, Huisman TA; Microcephaly Epidemic Research Group. 
N Engl J Med. 2016 Apr 6

Realizado por Paulo R. Margotto, Prof. de Neonatologia (6a Série) da Faculdade de Medicina da Universidade Católica de Brasília.

Infecção intrauterina Zika Vírus causa anormalidade cerebral do feto e microcefalia: ponta do iceberg?

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Oliveira Melo AS, Malinger G, Ximenes R, Szejnfeld PO, Alves Sampaio S, Bispo de Filippis AM. 
Ultrasound Obstet Gynecol. 2016 Jan;47(1):6-7.

Realizado por Paulo R. Margotto, Prof. do Curso de Medicina da Universidade Católica de Brasília