CONVULSÕES NEONATAIS: MAIS QUE OS OLHOS PODEM VER

CONVULSÕES NEONATAIS: MAIS QUE OS OLHOS PODEM VER

Courtney Wusthoff (EUA) 

NEOBRAIN BRASIL 2019. Congresso Internacional-PBSF em Neuroproteção e Neuromonitorização Neonatal, São Paulo, 8-9 de novembro de 2019

Reprodução da Conferência realizada por Paulo R. Margotto.

EM RESUMO…

 

É enfatizado a importância do uso do EEG contínuo (cEEG) na detecção das CONVULSÕES SUBCLÍNICAS. Essas se associam ao aumento da pressão intracraniana,  além potencializar o sofrimento metabólico do paciente com lesão cerebral e, portanto, pode levar a lesão celular permanente. Na Encefalopatia hipóxico-isquêmica (EIH), a gravidade das convulsões em recém-nascidos humanos com asfixia perinatal é independentemente associada à lesão cerebral. As convulsões por si só podem piorar o desenvolvimento cerebral (~ 80% das crises neonatais são sintomáticas de lesão cerebral!) Tanto no período perioperatório como pós-operatório a ocorrência das convulsões detectadas no cEEG na Doença Cardíaca associou-se a piores resultados tanto aos 4 anos como aos 16 anos de vida. As convulsões neonatais não são diagnosticadas com segurança por observação clínica sozinha (até 85% das crises neonatais não apresentam sinais clínicos), além de que até 75% das crises clínicas suspeitas não são convulsões epilépticas! O desacoplamento eletroclínico é comum ( ~ 50% após fenitoína ou fenobarbital), ou seja ou seja,  os sinais desaparecem, mas a convulsão continua. Não podemos diagnosticar convulsões somente olhando o bebê. Eles fazem todos os movimentos esquisitos, como olhar estranho, espasmos. A gente acha que é convulsão. A vídeo monitorização eletroencefalográfica contínua (cEEG) é o padrão ouro para convulsões neonatais, no entanto, existem barreiras à implementação desta tecnologia. No entanto, o EEG de amplitude integrada (aEEG) é uma alternativa útil se o cEEG for indisponível. É uma ferramenta de neurofisiologia à beira do leito que utiliza um número de canais para gravar o sinal do EEG bruto que é filtrado, retificado, processado e exibido em amplitude semilogarítmica e escala compactada no tempo. E uma ferramenta útil que pode complementar, embora não substitua o cEEG. Com o uso do aEEG versos cEEG em bebês submetidos à hipotermia, o risco do uso de anticonvulsivante caiu em 67% com o uso do cEEG. Olhando somente para os bebes com aEEG, o percentual de uso de anticonvulsivantes caiu para 38%. Assim conseguiram manter o tratamento apenas naqueles bebes que estavam com convulsões. A curto prazo do uso do aEEG você está ajudando  realmente a não expor  o uso excessivo de medicamentos nesses bebes. Devemos sempre avaliar a causa das convulsões neonatais, mesmo que a ressonância seja normal. Tenha uma abordagem consistente para o tratamento de convulsões neonatais. Confirme que “convulsões” são convulsões reais (convulsões não tratadas podem contribuir para piora dos resultados, no entanto o tratamento excessivo não é benigno). As convulsões subclínicas devem ser tratadas. O fenobarbital continua sendo a base do tratamento para convulsões neonatais: funciona em 80% dos casos. Portanto, use EEG ou aEEG para confirmar todas as suspeitas de convulsões neonatais, para rastrear convulsões em neonatos de alto risco; para novas convulsões, procure causas reversíveis; use a RM para avaliar a etiologia e planeje o acompanhamento visando desenvolvimento neurológico para todos os bebês com convulsões.