Ecologia fúngica em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal terciária após 16 anos de profilaxia de rotina com fluconazol: sem emergência de cepas nativas resistentes a fluconazol

Ecologia fúngica em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal terciária após 16 anos de profilaxia de rotina com fluconazol: sem emergência de cepas nativas resistentes a fluconazol

Fungal Ecology in a Tertiary Neonatal Intensive Care Unit after 16 Years of Routine Fluconazole Prophylaxis: No Emergence of Native Fluconazole-Resistant Strains.Luparia M, Landi F, Mesini A, Militello MA, Galletto P, Farina D, Castagnola E, Manzoni P.Am J Perinatol. 2019 Jul;36(S 02):S126-S133. doi: 10.1055/s-0039-1691808. Epub 2019 Jun 25.PMID: 31238373.Similar articles.

Apresentação: André da Silva Simões-  Residente de Neonatologia – R4. Coordenação: Nathalia Bardal.

  • Os dados desse estudo italiano do grupo de Manzoni, na Itália, podem ser úteis para solucionar muitas dúvidas existentes sobre a adoção da profilaxia em uma UTIN. No geral, eles apóiam a visão de que não há risco para o surgimento de cepas de Candida spp nativas resistentes em UTIN que adotam profilaxia de rotina com fluconazol para grupos de neonatos de alto risco selecionados por longos períodos de tempo.
  • No entanto, a vigilância e o monitoramento contínuos da ecologia fúngica nas UTINs onde a profilaxia com fluconazol é adotada são necessários para excluir que mudanças indesejadas possam ocorrer em períodos mais longos do que o relatado neste estudo.
  • Nos complementos trouxemos o estudo recente de Boman AM et al sobre Resistência ao fluconazol em isolados de leveduras patogênicas incomuns no Reino Unido. Enquanto a maioria dos estudos concorda que Candida albicans continua sendo o principal agente de infecção por fungos nosocomiais, a Candida glabrata, Candida parapsilosis, Candida tropicalis, Candida lusitaniae e Candida krusei surgiram nos últimos anos como patógenos oportunistas significativos. No entanto, no total, mais de 150 leveduras spp. de Candida e vários outros gêneros foram relatados em infecções por mamíferos até o momento, em parte devido ao uso expandido de agentes antifúngicos com atividade contra as espécies de Candida mais comum.
  • O Estudo da Rede Alemã de Neonatologia, em um período de 16 anos de uso de profilaxia com fuconazol, após controle de variáveis interferentes, mostrou que no subgrupo de RN com idade gestacional < 26 semanas em que a exposição à terapia antifúngica foi 16%, houve associação significativa  com displasia broncopulmonar (OR 1,88) e cirurgia para enterocolite e/ou perfuração intestinal focal (OR 1,92). Após o ajuste para os fatores de risco para desfecho neurológico a longo prazo incluindo sepse e hemorragia intracerebral como complicações do prematuro, a terapia antifúngica permaneceu significativamente como fator de risco para paralisia cerebral (OR 2,79), e QI<85 (OR 2,07).
  • Com base na literatura atualmente disponível, a profilaxia antifúngica é reservada para RN de extremo baixo peso que são atendidos em UTIN com uma incidência de infecção fúngica sistêmica de 5 a 10% e que tenham excelente aderência às medidas de controle de infecção. Essa abordagem é consistente com as diretrizes da Latin America Invasive Mycosis Network, publicada em  2013. A nossa Unidade de Neonatologia hoje está com uma incidência de infecção fúngica de 2,3%.