Infecções Bacterianas – 2019

Infecções Bacterianas – 2019

Capítulo de autoria dos Drs. Paulo R. Margotto e Marta David Rocha de Moura, do Livro Assistência ao Recém-Nascid de Risco, Hospital de Ensino Materno Infantil de Brasília, SES/DF. 4a Edição, em preparação.

Enfatizamos que as medidas mais importantes são a prevenção.  Segundo Duara, é surpreendente que ainda haja pessoas tão preparadas que não se lembram que não  lavar as mãos, tocar o nariz, tocar os bebês em seguida é uma violação de técnica. Um conceito simples de LAVAR AS MÃOS ANTES E DEPOIS DE TOCAR UM BEBÊ DEVE SER MUITO DIFÍCIL para algumas pessoas entenderam, mas é fato. Como é difícil implantar estas técnicas na UTI Neonatal! É impressionante.  Quando temos um paciente com microrganismo resistente é tão ruim como deixar um cateter ou outra coisa na barriga de alguém após uma operação. Temos que combater estas violações. Há prescrição exagerada de antibiótico. Ao tratar o paciente e as culturas chegam, temos que adequar o antimicrobiano para não sermos generosos demais. Muito cuidado com a prescrição de antimicrobianos. Nós médicos adoramos dar antibiótico. A enfermeira da Infecção deveria fornecer aos médicos uma lista de todos os bebês que estão recebendo antibióticos sem uma causa justificada. É um imenso desafio. É fácil dizer: ele não está com uma carinha boa, então vamos continuar com o antibiótico e esta decisão pode ser péssima. A higiene das mãos é simples, mas é difícil a adesão das pessoas. É preciso reformar os estofados velhos, renovar plantas antigas, limpar as superfícies planas, limpar ar condicionado. Alguém tem que controlar vigiar tudo que está sendo prescrito na sua Unidade. Resgatar as culturas colhidas. Mudar a CULTURA da Unidade. Higiene das mãos e do ambiente. Evite procedimentos invasivos. Aumentar a conscientização, mostrando que o contato casual com o paciente (um tapinha na bochecha) ou superfície pode contaminar as mãos por horas. Se você tocar um prontuário ou a mesa ANTES de lavar as mãos você criou uma situação naquele momento em que as pessoas inocentes que tocarem aquele prontuário naquele momento poderão prosseguir com a contaminação. Otimize o uso de antibióticos. Use espectros mais estreitos.  Tente evitar a terapia empírica e se usar, no máximo até 48-72 horas. Se você continuar usando o antibiótico, você terá que ter uma boa Razão para fazê-lo. Tentar evitar os bloqueadores H2. A higiene das mãos é crítica. As luvas não substituem, a lavagem das mãos. A NÃO REMOÇÃO DAS LUVAS APÓS O CONTATO COM O PACIENTE facilita em muito a disseminação da infecção.

Oelberg et al, colocando um marcador no ganho do telefone, 8 horas após, 80% de amostras tinham o marcador a partir do telefone contaminado. Os locais mais consistentemente positivos para o marcador foram os analisadores de gasometria, mouse do computador, telefone, prontuários médicos, ventiladores, botões de controle de calor radiante, monitores dos pacientes,  e mãos das pessoas, sala de estar da Enfermagem, Sala do Café dos Staffs, área de estar dos Residentes. Observem que uma pessoa que contamina um equipamento tem um potencial de disseminar em toda a Unidade. Basta que uma pessoa não respeite as técnicas para causar um surto de infecção!

Segundo o CDC o uso de álcool é tão bom quanto lavar as mãos com desinfetante por 3 minutos. Temos que espalhar entre os dedos, no antebraço e ser secado até chegar a um nível de desinfecção considerado adequado. As mãos não devem ser contaminadas com secreção e sangue. As unhas das mãos devem ser bem curtas. Não usar nenhuma jóia e unhas artificiais (associam-se a infecções fúngicas). Portanto, unhas curtas, sem unha artificial e fazer uma desinfecção correta com álcool.

Segundo Richtmann, evitar o uso abusivo de antibióticos (o melhor antibiótico é a prevenção): melhor é não usar o antibiótico. As bactérias levam vantagens pela rapidez e agilidade no desenvolvimento da resistência:

É  obrigatória a Lavagem das Mãos ao ENTRAR na Unidade, ANTES e APÓS cada procedimento  (”Mãos sujas são mãos assassinas!”). As mãos dos cuidadores tem sido responsáveis por surtos de Serratia marcescens.

Enquanto na Unidade de Neonatologia, retire anéis, pulseiras, relógios e outros

Atenção estrita aos protocolos de uso de cateteres venoso e arterial. A utilização de cateter percutâneo venoso central (PICC) para os RN de muito baixo peso, além de permitir o seu uso prolongado de 80 dias ou mais, o índice de infecção é inferior a 10%.

Atenção a antibioticoterapia empírica prolongada (mais de 3 dias!): O estudo mais recente da Rede Canadense de Neonatologia sobre o uso de antibioticoterapia empírica nos recém-nascidos de muito baixo peso com hemoculturas negativas mostrou aumento significativo de resultados adversos como, mortalidade, displasia broncopulmonar, enterocolite necrosante, hemorragia intraventricular, leucomalácia periventricular, retinopatia da prematuridade e infecção hospitalar (odds ratio de 1,24 com IC a 95% de 1,09-1,41).