Infecções fúngicas -2020

Infecções fúngicas -2020

Paulo R. Margotto, Felipe Teixeira

Capítulo do Livro Assistência o Recém-Nascido de Risco, 4a Edição, em preparação, 2019

 

USO DO FLUCONAZOL PROFILÁTICO:

Ensaios clínicos em prematuros demonstraram que o fluconazol profilático reduziu a colonização e a infecção invasiva por Candida em RN prematuros, mas não diminuiu a mortalidade. Lee et al recentemente relataram aumento da incidência de  infecções invasivas envolvendo C. parapsilosis resistente ao fluconzol (0% vs 47,7% – p=0,011).

Com base na literatura atualmente disponível, a profilaxia antifúngica é reservada para RN de extremo baixo peso que são atendidos em UTIN com uma incidência de infecção fúngica sistêmica de 5 a 10% e que tenham excelente aderência às medidas de controle de infecção. Essa abordagem é consistente com as diretrizes da Latin America Invasive Mycosis Network,publicada em  2013,

A profilaxia antifúngica é administrada na dose de 3 a 6 mg/kg de fluconazol por dose a cada dois ou três dias por 42 dias ou até a retirada do cateter venoso central.Na avaliação a longo prazo, o uso da profilaxia é seguro, não foi verificado hepatoxicidade, nem alterações de longo prazo relacionados à colestase ou alterações de crescimento.

O uso amplo de profilaxia antifúngica para todos os RN prematuros é desencorajado devido à preocupação de promover espécies de Candida resistentes dentro da UTIN, principalmente espécies raras. A profilaxia universal em uma UTIN com baixa incidência de candidíase exporia um grande número de RN ao fluconazol para prevenir um único caso de infecção, sem uma redução aparente na mortalidade.

Estudo recente de Aliaga et al notaram declínio da incidência de sepse fúngica em prematuros quando o espectro antibiótico utilizado era restrito.

Estudos tem mostrado que a implementação de boas práticas clínicas tem potencial para melhoras os desfechos  dos prematuros muito baixo peso.

Benjamin et al  observaram uma tendência de números mais altos de retinopatia, displasia broncopulmonar e enterocolite em RN pesando <750g tratados com fluconazol profilaticamente em comparação com os controles, assim como Fortmann I et al, da rede alemã de Neonatologia (2018). Por outro lado, infecção / inflamação são gatilhos conhecidos para geração de enzimas reativas de oxigênio e permanece especulativa se a inflamação subjacente ou a terapia antifúngica contribuem para o estresse oxidativo.