Categoria: Asfixia Perinatal

Campanha de conscientização sobre uma doença chamada ASFIXIA PERINATAL (acomete 2 bebês por hora no Brasil!)

Campanha de conscientização sobre uma doença chamada ASFIXIA PERINATAL (acomete 2 bebês por hora no Brasil!)

Gabriel Variane (SP)

Prezados colegas segue uma Importante iniciativa do grupo da PBSF (Protegendo Cérebros Salvando Vidas) sob a Coordenação do nosso querido Gabriel Variane intitulado SETEMBRO VERDE ESPERANÇA, uma campanha importantíssima no sentido da conscientização da Asfixia Perinatal, uma das importantes causas de morte neonatal e de graves sequelas que não escolhe classe socioeconômica. UM GRAVE PROBLEMA DE SAUDE PÚBLICA. No mundo a Asfixia Perinatal atingi 1,15 milhão por ano (2 bebês por hora no Brasil!). Com a autorização desse grupo estamos participando na divulgação e solicitamos  também que faça aos seus pares (Paulo R. Margotto)

 

 

 

 

Primeiros passos na compreensão do impacto da asfixia perinatal no sistema cardiovascular

Primeiros passos na compreensão do impacto da asfixia perinatal no sistema cardiovascular

Getting an Early Start in Understanding Perinatal Asphyxia Impact on the Cardiovascular System. Popescu MR, Panaitescu AM, Pavel B, Zagrean L, Peltecu G, Zagrean AM.Front Pediatr. 2020 Feb 26;8:68. doi: 10.3389/fped.2020.00068. eCollection 2020.PMID: 32175294 Free PMC article. Review. Artigo Livre!

Apresentação: Tatiane M. Barcelos (R4 em Neonatologia/HMIBSES/DF). Coordenação: Carlos Alberto Zaconeta. Revisão: Paulo R. Margotto

A asfixia perinatal  atua principalmente no tecido nervoso, mas também no coração, por hipóxia e subsequente lesão de isquemia-reperfusão. O desenvolvimento do miocárdio no nascimento ainda é incompleto e não pode responder adequadamente a esta agressão. Disfunção cardíaca, incluindo baixo débito ventricular, bradicardia e hipertensão pulmonar, complica o estado circulatório já comprometido do recém-nascido com asfixia perinatal. troponina I é um marcador precoce  da asfixia perinatal severa e mortalidade.  A vida média da Troponina I é ~2horas e os níveis séricos deste marcado nos pacientes com lesão cardíaca hipóxica permanece aumentados por 7-10 dias. Pacientes com encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI) estágios 2 ou 3  apresentaram níveis mais elevados de troponina I e suporte inotrópico por mais tempo em relação aqueles com EHI estágio 1, o que não ocorre com a CK-MB (não é útil para identificar RN com isquemia hipóxica).

Caso Clínico: Síndrome de Aspiração Meconial/Encefalopatia Hipóxico-isquêmica

Caso Clínico: Síndrome de Aspiração Meconial/Encefalopatia Hipóxico-isquêmica

Apresentação:       Jamille Coutinho Alves

Coordenação:        Nathalia Bardal

Unidade de Neonatologia do HMIB/SES/DF

▪A presença de líquido amniótico tinto de mecônio é um sinal potencialmente sério de comprometimento fetal e está associado com aumento da mortalidade perinatal.

▪ Muitos autores acreditam que a causa da passagem de mecônio para o líquido amniótico (LA) seja devido à hipoxia que leva ao relaxamento do esfíncter anal.

▪ O comprometimento do bem estar fetal pode levar ao LA tinto de mecônio e este comprometimento pode ser devido à infecção, evidenciado pela corioamnionite. A infecção poderia aumentar a sensibilidade a hipóxia e poderia ser um fator contribuinte de sofrimento fetal durante o trabalho de parto.

Asfixia Perinatal

Asfixia Perinatal

Apresentação: Pollyana Alves Gouveia Assunção

Coordenação: Carlos Alberto Zaconeta.

Asfixia perinatal é uma injuria sofrida pelo feto ou pelo recém-nascido (RN) devido à má oxigenação (hipoxia) e/ou má perfusão (isquemia) de múltiplos órgãos. Associa-se a acidose láctica e, na presença de hipoventilação, a hipercapnia. A asfixia pode ser o resultado do insulto crónico, subagudo ou agudo sofrido pelo feto.

Realizar um diagnóstico bem fundamentado de  asfixia confirmando ou refutando a etiologia perinatal  é de extrema importância para a família e para os profissionais, pois um diagnóstico apressado pode acarretar sofrimento familiar e, cada vez com maior frequência,  repercussões médico-legais tanto para obstetras como para neonatologistas.

Contudo, definir asfixia não é simples e isto faz com que seja difícil comparar todos os trabalhos clínicos existentes, uma vez que com freqüência, as definições utilizadas são diferentes. Vários estudos têm evidenciado que o escore de Apgar é insuficiente, como critério único, para o diagnóstico de asfixia perinatal.  Uns  dos critérios mais usados para caracterizar a presença de asfixia são os da Academia Americana de Pediatria que reserva o termo asfixia para pacientes que apresentam os seguintes fatores associados:

  1. Acidemia metabólica ou mista profunda (pH<7,0) em sangue arterial de cordão umbilical;
  2. escore de Apgar de 0-3 por mais de 5 minutos;
  3. manifestações neurológicas neonatais (ex: convulsões, coma ou hipotonia);
  4. Disfunção orgânica multisistêmica (ex:  sistemas cardiovascular, gastrintestinal, hematológico, pulmonar ou renal).

 

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL- Compartilhando imagens: Encefalopatia hipóxico-isquêmica: encefalomalácia multicística /atrofia do tronco cerebral, córtex cerebral e corpo caloso

NEUROSSONOGRAFIA NEONATAL- Compartilhando imagens: Encefalopatia hipóxico-isquêmica: encefalomalácia multicística /atrofia do tronco cerebral, córtex cerebral e corpo caloso

Paulo R. Margotto.

RN de parto normal, 39 semanas + 5 das, 3780g, em apneia, ventilado com ambu a 100%, intubado na Sala de Parto, Apgar de 2/4/ e 6 no 10º minuto de vida. Ainda na Sala de Parto, tremores faciais e hipertonia de membros superiores. Hipoglicemia (26mg%). Recebeu fenobarbital e Hidantal. Submetido à hipotermia terapêutica. Apresentou hipertensão pulmonar (usado óxido nítrico inalatório), dobutamina, milrinona e Dormonid. Na evolução: sepse presumida, hemorragia pulmonar e insuficiência renal, com recuperação dessas comorbidades.

 

Hipotermia terapêutica para encefalopatia hipóxico-isquêmica neonatal: achados de ressonância magnética e resultados neurológicos em uma coorte brasileira

Hipotermia terapêutica para encefalopatia hipóxico-isquêmica neonatal: achados de ressonância magnética e resultados neurológicos em uma coorte brasileira

Therapeutic hypothermia for neonatal hypoxic-ischemic encephalopathy: magnetic resonance imaging findings and neurological outcomes in a Brazilian cohort.Procianoy RS, Corso AL, Longo MG, Vedolin L, Silveira RC.J Matern Fetal Neonatal Med. 2019 Aug;32(16):2727-2734. doi: 10.1080/14767058.2018.1448773. Epub 2018 Mar 13.PMID: 29504433.

Realizado por Paulo R. Margotto.

Nos RN acima de 35 semanas com encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI) moderada a grave submetidos à hipotermia terapêutica indicada nas primeiras 6 horas, foram realizadas RM aos 18 ± 8,4 dias de vida (faixa 7- 33 dias).  Os autores identificaram os achados de ressonância magnética neonatal (RM) associados ao resultado neurológico aos 12-18 meses por profissionais treinados e cegos aos resultados das RM. De 48 crianças incluídas, foram obtidas RM de 34 crianças (14 faleceram durante a internação antes da realização da RM [29,1%]

Limite de Viabilidade -2020

Limite de Viabilidade -2020

Carlos Moreno Zaconeta.

  • Um grande desafio da Perinatologia é definir o nível de maturidade fetal abaixo do qual a sobrevida ou um neurodesenvolvimento aceitável , são extremamente improváveis.
  • Do ponto de vista ético é importante estabelecer se os procedimentos a que serão submetidos o bebê e a família terão como resultado a sobrevida da criança e com qualidade .
Neurossonografia Neonatal-compartilhando imagens: Encefalopatia hipóxico-isquêmica (lesão na gânglia basal, com envolvimento do núcleo caudado). Consequências

Neurossonografia Neonatal-compartilhando imagens: Encefalopatia hipóxico-isquêmica (lesão na gânglia basal, com envolvimento do núcleo caudado). Consequências

Paulo R. Margotto.

Recém-nascido (RN) de parto vaginal, 41 semanas 1 dia, Apgar de 2, 6,8, peso ao nascer de 3010g, convulsão na primeira hora de vida, submetido à hipotermia terapêutica conforme o Protocolo. Evoluiu com choque séptico. Apresentou sangramento no tubo orotraqueal no 4º e 5º dia de vida

Encefalopatia Leve e Hipotermia Terapêutica: Revisão da Literatura

Encefalopatia Leve e Hipotermia Terapêutica: Revisão da Literatura

Guilherme Sant´Anna (Canadá).

NEOBRAIN BRASIL 2019. Congresso Internacional-PBSF em Neuroproteção e Neuromonitorização Neonatal, São Paulo, 8-9 de novembro de 2019. Reprodução da Conferência realizada por Paulo R. Margotto 

A pergunta: Há justificativa para  resfriar os bebês com EHI leve? Como a hipotermia terapêutica (HT) foi demonstrada benéfica, houve uma explosão do seu uso, principalmente nos EUA e esse desvio da prática incluiu o seu uso na EHI leve, representando 15% a 54% de todos os bebês tratados com HT. Pesquisa no Reino Unido envolvendo 48 Unidades Neonatais, o resfriamento dos bebes com EHI leve ocorreu em 75% (78% informaram pelo risco de ocorrer a progressão da EHI leve perdendo a janela de tempo para o resfriamento). No Brasil, enquete realizada por Gabriel Variane mostrou  que 38% usam a HT na EHI leve (50% pelo fato do nível de encefalopatia poder progredir com o tempo). Na busca da resposta à pergunta inicial é necessário a definição de EHI leve que faltou na maioria dos estudos pré-hipotermia. Os estudos pré-hipotermia terapêutica usaram diferentes definições de asfixia perinatal e EHI leve, além de diferente idade para avaliação da EHI leve e diferente idade para avaliação do desfecho. Na era  da HT terapêutica  é difícil conhecer os resultados precisos de EHI leve  em que os bebês tratados têm acidemia significativa / necessidade de reanimação ao nascimento e você tem que diagnosticar a EHI leve nas primeiras 6 horas. Um dos estudo que motivou a realização do estudo PRIME (Prospective Research in Infants with Mild Encephalopaty – Pesquisa prospectiva em lactentes com encefalopatia leve)  foi o de DuPont T e tal com 60  bebês com EHI definida com 1 a 2 categorias alteradas do Sarnat modificado, mostrando que 20% (12/60) tinham resultado anormal a curto prazo, durante a permanência na UTI ou saída. De repente essa população de bebês com EHI leve  não seria tão leve assim. O estudo do  St. Louis Children´s Hospital com 30 bebês com EHI leve, 40% apresentaram alterações (leves) na ressonância magnética (RM). A pergunta ainda continua: será que o resfriamento nesses bebês com EHI leve muda alguma coisa? Já é do nosso conhecimento efeitos colaterais da HT. O estudo PRIME, definiu EHI leve dentro de 6 horas de idade como a presença de qualquer (≥ 1) anormalidade em qualquer uma das seis categorias do sistema de pontuação Sarnat modificado em lactentes que não atendiam aos critérios de resfriamento do NICHD. Os resultados do neurodesensenvolvimento entre 18-22 meses mostrou  uma taxa geral de incapacidade de 16%, dos quais 7% foram classificados como graves. Qualquer escore de linguagem, cognitiva, motora ou linguagem de Bayley III <85 foi observado em 40% dos bebês, sendo os mais afetados os domínio da linguagem, enquanto o escore motor de Bayley <70 foi observado em quatro (9%) bebês. Anormalidade na RM foram encontradas em 3 dos casos com incapacidade (43%) versos 6 (17%)  sem incapacidade. Segunda Chalak existe uma necessidade urgente de entender e elucidar melhor o enigma chamado “encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI) leve”. Os bebês com EHI  são atualmente vistos dicotomicamente: aqueles que fazem ou não se qualificam para a HT com base em um exame neurológico precoce realizado dentro de 6 horas após o nascimento. O curto período de tempo determinado pela janela terapêutica (<6 h vida) criou um verdadeiro desafio para a definição da EHI leve. Estudo de 2020 de Chalak A et al realizaram uma análise secundária da coorte do estudo PRIME para desenvolver um novo sistema de pontuação para risco estratificação e desfecho da incapacidade aos 18-22 meses de idade. Uma pontuação total de Sarnat de ≥ 5 quando realizada em <6 horas de idade mostrou boa acurácia para predizer incapacidade e indica maior carga de encefalopatia. Tal abordagem de pontuação, uma vez validada, poderia facilitar a seleção de pacientes em estudos futuros de neuroproteção e fornecer limiares objetivos para Centros que já resfriam esses bebês com “EHI leve”. Portanto, no momento atual não resfrie esses bebês com EHI leve e aguarde estudos de eficácia e segurança.No entanto, mas começa a hipotermia em bebês onde o nível da EHI  muda durante as primeiras 24 horas de vida (hipotermia tardia). O Grupo da Stanford acabou de receber aprovação e ajuda financeira  para a realização  de um estudo clínico randomizado sobre EHI leve.