Categoria: Choque no recém-nasido

Tempo de enchimento capilar na sepse: uma ferramenta útil e de fácil acesso para avaliar a perfusão em crianças

Tempo de enchimento capilar na sepse: uma ferramenta útil e de fácil acesso para avaliar a perfusão em crianças

Capilar refill time in sepsis: A useful and easily accessible tool for evaluating perfusion in children.Lamprea S, Fernández-Sarmiento J, Barrera S, Mora A, Fernández-Sarta JP, Acevedo L.Front Pediatr. 2022 Nov 17;10:1035567. doi: 10.3389/fped.2022.1035567. eCollection 2022.PMID: 36467476 Free PMC article. Review. Artigo Livre!

Apresentação: Thaís Mendonça Barbosa. MR4 Medicina Intensiva Pediátrica, HMIB/SES/DF. Coordenação: Alexandre Serafim.

-As diretrizes internacionais de sepse enfatizam a importância da identificação precoce juntamente com a administração combinada de fluidos, antibióticos e vasopressores como etapas essenciais no tratamento do choque séptico na infância.

-No entanto, apesar dessas recomendações, a mortalidade por choque séptico continua muito alta, especialmente em países com recursos limitados.

-O envolvimento cardiovascular é comum e, na maioria dos casos, determina os desfechos.

– O reconhecimento precoce da disfunção hemodinâmica, tanto na macro quanto na microcirculação, pode ajudar a melhorar os resultados.

-Tempo de enchimento capilar(TEC) é uma ferramenta útil, disponível e facilmente acessível em todos os níveis de atenção. É um sinal clínico de vasoconstrição capilar devido a uma resposta simpática excessiva que busca melhorar a redistribuição do sangue da micro para a macrocirculação.

-Uma razão importante para avaliar funcionalmente a microcirculação é que, no choque séptico, supõe-se que a correção das variáveis da macrocirculação resulte em melhora da perfusão tecidual. Isso foi denominado “coerência hemodinâmica”. No entanto, essa coerência muitas vezes não ocorre em estágios avançados da doença.

-O tempo de preenchimento capilar é útil para orientar a ressuscitação com fluidos e identificar pacientes com sepse mais gravemente afetados.

-Vários fatores podem interferir em sua mensuração, que deve ser preferencialmente padronizada e realizada nos membros superiores.

-Nesta revisão, buscamos esclarecer algumas dúvidas comuns sobre o TEC e orientar seu uso correto em pacientes com sepse.

TEMAS LIVRES (1o Congresso Internacional de Neonatologia do DF, 30/11 a 1/12/2022): DELIMITAÇÃO DE PRESSÃO ARTERIAL EM NEONATOS A TERMO SAUDÁVEIS

TEMAS LIVRES (1o Congresso Internacional de Neonatologia do DF, 30/11 a 1/12/2022): DELIMITAÇÃO DE PRESSÃO ARTERIAL EM NEONATOS A TERMO SAUDÁVEIS

Marta David Rocha de Moura¹, Gabriella Santos de Oliveira², Julia de Oliveira
Melo², Marcos Peres Bernardes³, Victoria Piantino², Nadia Juliana Beraldo
Goulart Borges Haubert⁴, Carolina Beatriz Ferreira Mesquita5.

1. Universidade de Brasília, Brasília – DF
2. Centro de Ensino Unificado de Brasília, Brasília – DF
3. Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos, Brasília – DF
4. Universidade de São Paulo, Ribeiro Preto – SP
5. Hospital Materno Infantil de Brasília, Brasília – DF

Avaliação da perfusão neonatal (Assessment of neonatal perfusion)

Avaliação da perfusão neonatal (Assessment of neonatal perfusion)

Assessment of neonatal perfusion. Gupta S, Donn SM.Semin Fetal Neonatal Med. 2020 Oct;25(5):101144. doi: 10.1016/j.siny.2020.101144. Epub 2020 Aug 1.PMID: 32763111 Free article. Artigo Livre!

APRESENTAÇÃO: ANNA AMÉLIA VARELA . COORDENAÇÃO: DIOGO PEDROSO

Distúrbios de perfusão em recém-nascidos são frequentemente observados em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal. As atuais  práticas de avaliação são baseadas principalmente em sinais clínicos. Avanços tecnológicos significativos abriram novos caminhos para avaliação contínua à beira do leito. Combinando esses dispositivos com a ecocardiografia funcional fornece uma compreensão profunda da perfusão e permite direcionar a terapia para a fisiopatologia, em vez de monitorar e direcionar a pressão arterial. Com base na avaliação, o médico deve tomar uma decisão informada sobre o estado da perfusão e tomar medidas decisivas para o manejo:1)Perfusão adequada – nenhuma ação 2) Perfusão limítrofe – monitorar e revisar com frequência 3) Perfusão inadequada – iniciar o manejo de primeira linha e solicitar ecocardiograma funcional 4) Perfusão grosseiramente inadequada – manejar a emergência e realizar ecocardiograma funcional de urgência 5) Sem perfusão: “crash” call (chamada de acidente). Basear as decisões apenas na pressão arterial é uma prática questionável, e uma avaliação estendida além da pressão arterial parece o caminho a seguir. Essa compreensão permite tratar a causa da perfusão prejudicada, em vez de seguir a abordagem até então regulamentada para o manejo da hipotensão.

Manejo da Hipotensão e Choque Neonatal

Manejo da Hipotensão e Choque Neonatal

Management of Neonatal Hypotension and Shock.Schwarz CE, Dempsey EM.Semin Fetal Neonatal Med. 2020 Oct;25(5):101121. doi: 10.1016/j.siny.2020.101121. Epub 2020 May 21.PMID: 32473881 Free article. Review. Artigo Livre!

Essa abordagem fornece ao clínico grande clareza: intervir abaixo de um determinado valor de pressão arterial (PA), titular o suporte inotrópico para atingir certos valores de PA, e alcançar esse valor com segurança, sabendo que se abordou o problema. Confiar apenas na PA para determinar se um bebê está ou não em choque é problemático: quando a PA está genuinamente baixa, o paciente pode estar no estado descompensado ou mesmo irreversível, mas uma PA normal não necessariamente implica um estado de fluxo normal e, igualmente, uma PA baixa pode ser presente na ausência de choque.

Ultrassonografia com Doppler carotídeo como método para predizer a responsividade a fluidos em crianças ventiladas mecanicamente

Ultrassonografia com Doppler carotídeo como método para predizer a responsividade a fluidos em crianças ventiladas mecanicamente

Carotid doppler ultrasonography as a method to predict fluid responsiveness in mechanically ventilated children. de Souza TB, Rubio AJ, Carioca FL, Ferraz IS, Brandão MB, Nogueira RJN, de Souza TH.Paediatr Anaesth. 2022 Sep;32(9):1038-1046. doi: 10.1111/pan.14513. Epub 2022 Jul 2.PMID: 35748620.

Apresentação: Dayana Carla de Oliveira (R4 UTIP HMIB). Luciana Melara (R4 UTIP HMIB). Coordenação: Alexandre Serafim.

  • A análise das alterações respiratórias nas artérias carótida e aorta os fluxos sanguíneos são métodos precisos para prever a responsividade a fluidos em crianças sob ventilçao mecânica invasiva
  • Como os parâmetros hemodinâmicos convencionais têm capacidade limitada para identificar pacientes respondedores a fluidos, o uso rotineiro de variáveis dinâmicas de pré-carga deve ser encorajado.
  • Mais estudos são necessários para validar o uso do ultrassom Doppler carotídeo na UTIP e estabelecer uma curva de aprendizado para este novo método.
  • O que já se sabe sobre o tema
    • Os parâmetros hemodinâmicos convencionais têm um capacidade limitada de identificar pacientes responsivos a fluidos, e apenas cerca de metade das crianças experimentará uma melhoria no volume sistólico com carga de fluido.

    Que novas informações este estudo adiciona

    A análise das alterações respiratórias nos fluxos sanguíneos aórticos e carotídeos são métodos não invasivos precisos para prever a responsividade a fluidos em crianças sob tratamento em ventilação mecânica invasiva

Avaliação e Abordagem Hemodinâmica em Prematuros (Assesment & hemodinamic in preterm neonates)

Avaliação e Abordagem Hemodinâmica em Prematuros (Assesment & hemodinamic in preterm neonates)

Amish Jain (Canadá) ocorrida no 25o Congresso Brasileiro de Perinatologia, entre os dias 1 a 4 de dezembro de 2021, ONLINE.

Realizado por Paulo R. Margotto.

O interesse em fazer monitorização hemodinâmica é identificar aqueles pacientes que se encontram em um estado de fluxo baixo ou seja, queremos identificar quando o fluxo ao órgão é suficiente. Para isso temos que entender o conceito de oferta de O2 (que depende do débito cardíaco e conteúdo de oxigênio-esse por sua vez, depende da Hb e da Sat O2).Já o débito cardíaco depende da pré-carga, carga de pressão e contratilidade do coração. Na prática comum: Pressão Arterial (PA): o que se decidiu em 1992 é que a PAM (pressão arterial média) equivalente a idade gestacional corresponde a um valor mínimo aceitável e isso se traduziu ao longo dos anos em limiares terapêuticos e não era a intenção à época. Prematuros com hipotensão NÃO podem ser tratados igualmente, independente da etiologia da hipotensão. Ao analisar a PA, temos 3 valores: pressão sistólica (PS), pressão diastólica (PD) e pressão arterial média (PAM). Observe que todas as pesquisas se concentravam na PAM. Há dados de alguns autores em que a PS é mais indicativa do débito cardíaco (DC-cardiac output-CO). Por outro lado, a PD é mais indicativa da resistência vascular sistêmica (SVR) e a PAM junta as duas. Olhando o cálculo das duas, a PD é mais importante no cálculo da PAM do que a PS. Se você tiver uma PD baixa você tem mais chance de ter uma PAM baixa do que se tiver uma pressão sistólica baixa. Então não é incomum você encontrar paciente que tem uma PAM normal, mas tem uma baixa PS e PD alta, ou seja, não está ocorrendo uma oferta de O2 adequada. Então é importante olharmos para a PA de uma forma mais inteligente, que nos diga mais sobre o paciente e não se ficarmos apenas fixados na PAM. Se você quiser ter um marcador de fluxo substituto, a PS é um marcador substituto do débito ventricular esquerdo melhor que a PAM e que a PD. A PA continua sendo um dos fatores hemodinâmicos importantes, mas temos que interpretar melhor. No entanto, os nossos monitores só soam o alarme quando a PAM cai, mas quando a PS cai, os alarmes não mostram. Tenho trabalhado nesse ponto e os resultados têm sido bons. Não se deve focar apenas na PAM, mas também na PS. Às vezes temos que dar inotrópicos aos pacientes com PS baixa porque pode haver um problema de débito. Por outro lado, um vasopressor pode ser mais bem indicado no paciente com PD baixa. Nem sempre hipotensão é por baixo volume! Pense que o canal arterial persistente pode ser a causa, antes e expandir! Lembrar que o coração do prematuro é mais vulnerável a apresentar disfunção quando exposto a pós-carga (não toleram aumento da pós-carga). Da mesma forma, a habilidade do prematuro em aumentar o seu débito ao aumentar a pré-carga foi menor. Quando você administra um bolus no pré-termo, vamos ter menos resposta de aumento do débito cardíaco e o coração deste prematuro vai ter que trabalhar mais. A ecocardiografia funcional pode nos ajudar a entender a fisiopatologia e nos orienta na conduta, que pode melhorar o desfecho no contexto de uma doença crítica aguda. O objetivo, a princípio, é usar princípios fisiológicos, pensamentos abrangentes, ter altos índices de suspeita.

Variabilidade na resposta hemodinâmica ao bolus de fluidos em choque séptico pediátrico

Variabilidade na resposta hemodinâmica ao bolus de fluidos em choque séptico pediátrico

Variability in the Hemodynamic Response to Fluid Bolus in Pediatric Septic Shock.Ranjit S, Natraj R, Kissoon N, Thiagarajan RR, Ramakrishnan B, Monge García MI.Pediatr Crit Care Med. 2021 Aug 1;22(8):e448-e458. doi: 10.1097/PCC.0000000000002714.PMID: 33750093.

APRESENTAÇÃO: MR3 Kamilla Sinai. UTIPED HMIB. COORDENAÇÃO:  Alexandre Serafim.

O objetivo deste estudo foi avaliar a relação entre o Índice Cardíaco (IC) e a pressão arterial média (PAM) “hipoteticamente” e outros índices cardiovasculares após uma reposição volêmica (RV) no choque séptico pediátrico. Com a RV houve aumento do IC ou PAM em apenas 31% e 38% dos pacientes, respectivamente, sendo encontrados efeitos prejudiciais da sobrecarga de volume e em 48% dos pacientes foi necessário aumentar drogas vasoativas para baixas PAM baixas e pressões de perfusão. implicações desses achados  para os médicos da linha de frente no pronto-socorro pediátrico e na UTI? Os médicos devem considerar cada bolus de fluido como um “Teste” do sistema cardiovascular. Se após o bolus de fluido a PAM cair, use drogas vasoativas ao invés de repetir o bolus, especialmente em regiões com poucos recursos.

Como escolher a amina vasoativa adequada na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal- 2021

Como escolher a amina vasoativa adequada na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal- 2021

Ferri Wag. Como escolher a amina vasoativa adequada na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal . In. Sociedade de Pediatria;  Procianoy RS, Leone CR, organizadores. PRORN. PROGRAMA DE ATUALIZAÇÃO EM NEONATOLOGIA, CICLO 16.PORTO ALEGRE: ARTMED PANAMERICANA; 2019.p. 71-135 (SISTEMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA, v.4)

Apresentação: Carolina Mesquita/ Coordenação: Diogo Pedroso

Nessa versão a excelente Palestra de Noori S:

Diagnóstico e Manejo da Hipotensão Neonatal: Vasopressor, Inotrópicos e Lusitrópicos

  • Ao usar essas drogas devemos nos basear na fisiopatologia de cada paciente e analisando o comprometimento cardiovascular, o bebê pode ser classificado em 6 categorias:1) HIPOVOLEMIA (choque séptico em fase inicial, hipotensão resistente a vasopressores): dopamina, epinefrina, norepinefrina e vasopressina 2) DEFICIENTE CONTRATILIDADE (com ênfase na asfixia) dobutamina devido à disfunção miocárdica, devendo ser evitado o excesso de bolus de fluido 3) PÓS-CARGA ELEVADA (bebê com má-adaptação após o nascimento cm diminuição também da contratilidade): dobutamina, milrinona 4) HIPOVOLEMIA (perda hídrica insensível, perda de sangue, ligadura precoce do cordão, DISFUNÇÃO VENTRICULAR DIREITA e nesse caso, a vasopressina pode ser considerada, principalmente na hipertensão pulmonar resistente a vasopressores 5) DISFUNÇÃO DIASTÓLICA (com destaque na miocardiopatia hipertrófica): esses bebês podem responder à vasopressina, com melhora da pressão arterial sistólica e diastólica em 2 horas (monitorar o sódio sérico- risco de hiponatremia com a vasopressina) 6) SHUNT E ARRTIMIA (persistência do canal arterial, malformação atrioventricular, taquicardia supraventricular).
  • Na melhora da avaliação, temos a ecocadiografia funcional (é possível refutar ou confirmar o diagnóstico, selecionar o medicamento apropriado, considerando a fisiopatologia subjacente, possibilitando avaliar a resposta ao tratamento e usar também para titular a medicação) e a Near infrared spectroscopy-NIRS (dá informações sobre o fluxo sanguíneo cerebral; se a saturação abaixo de 50% por mais de 10% do tempo associou-se a um pior desfecho do neurodesenvolvimento; saturação abaixo de 55% ou menor do que 1,5 desvio padrão estava associado com pior desfecho após 24 meses: para cada 1% do tempo gasto  abaixo do limiar houve um aumento de 2% na chance de resultado cognitivo adverso ou morte).
    • Portanto, a pressão arterial é importante, mas é um imperfeito marcador da função circulatória.
    • Devido aos desafios em conduzir estudos randomizados e controlados, o manejo da hipotensão e do comprometimento circulatório permanece controverso.
    • No manejo hemodinâmico desses pacientes críticos requer o conhecimento do desenvolvimento fisiológico, hemodinâmico e a farmacocinética e farmacodinâmica das medicações cardiovasculares.

    Noori incentiva a todos terem um entendimento básico da ecocardiografia porque  é isso que vai fazer a diferença.

Sinais clínicos para categorizar choque e medicamentos vasoativos alvos em choque séptico pediátrico quente versus frio

Sinais clínicos para categorizar choque e medicamentos vasoativos alvos em choque séptico pediátrico quente versus frio

Clinical Signs to Categorize Shock and Target Vasoactive Medications in Warm Versus Cold Pediatric Septic Shock. Walker SB, Conlon TW, Zhang B, Mensinger JL, Fitzgerald JC, Himebauch AS, Glau C, Nishisaki A, Ranjit S, Nadkarni V, Weiss SL. Pediatr Crit Care Med. 2020 Dec;21(12):1051-1058. doi: 10.1097/PCC.0000000000002481.PMID: 32740190.

Apresentação: João Paulo S. Cézar. Coordenação: Alexandre  Peixoto Serafim. HMIB- RESIDÊNCIA MÉDICA – Terapia Intensiva Pediátrica. Revisão e Complementação: Paulo R. Margotto

  • Neste estudo retrospectivo de uma única UTIP grande e acadêmica, houve boa concordância entre apenas três (temperatura da extremidade, enchimento capilar e força de pulso) dos cinco clínicas sinais comumente usados ​​para atribuir o tipo de choque séptico pediátrico.
  • Esses três sinais clínicos também demonstraram a associação mais forte com o tipo de choque atribuído, sugerindo que os médicos priorizem temperatura de extremidade, enchimento e força de pulso sobre a pressão de pulso e pressão arterial diastólica.
  • Embora o tipo de choque clinicamente atribuído não pareça conduzir a seleção de droga vasoativa inicial para a maioria dos pacientes (especialmente aqueles com choque quente), a incompatibilidade do tipo de choque vasoativo não foi associado a piores desfechos clínicos.
  • Os presentes dados apoiam as recomendações recentes da campanha SSC que indicam que sinais clínicos não devem ser usado isoladamente para categorizar o tipo de choque.
  • Pesquisas adicionais são necessárias para identificar a abordagem ideal à avaliação hemodinâmica precoce que é mais provável de conduzir bons resultados em sepse pediátrica.

 

 

Diagnóstico e Manejo da Hipotensão Neonatal: Vasopressor, Inotrópicos e Lusitrópicos.

Diagnóstico e Manejo da Hipotensão Neonatal: Vasopressor, Inotrópicos e Lusitrópicos.

Noori Shahab (EUA). 12º Simpósio Internacional do Rio de Janeiro (online) no dia 31/10/2020.

Reproduzido e Pesquisado por Paulo R. Margotto.

Vasopressor, Inotrópicos e Lusitrópicos. A complexidade do tema começa na sua própria definição (há 5!), sendo que a definição mais comum é a pressão arterial média (mmHg) abaixo da idade gestacional (semanas), utilizada por 73% dos neonatologistas. A importância da definição da hipotensão neonatal é (a) devido à perfusão cerebral ter a haver com a autorregulação cerebral (que é deficiente no prematuro expondo-o à isquemia ou hiperperfusão cerebral) (b) o reconhecimento para a progressão do choque neonatal. Assim, há uma clara associação entre hipotensão desfecho ruim do neurodesenvolvimento. Para uma medicina de precisão para decidir o que fazer na hipotensão neonatal devemos avaliar a fisiopatologia subjacente. O grupo de Patrick MacNamara, Weisz e o grupo do Canadá, para o tratamento da hipotensão neonatal, se baseiam no componente da pressão arterial (pressão arterial sistólica é determinada basicamente pelo volume sistólico e a pressão arterial diastólica reflete a resistência vascular. Então isso pode ajudar a avançar numa dimensão em que você pode ter problemas de resistência vascular ou no volume sistólico). Outro conceito que deveríamos considerar e entender é com base no conhecimento de que os vasopressores e inotrópicos que usamos na UTI Neonatal afetam diferentes receptores e assim, o efeito dessa medicação varia.  A maior parte da medicação que usamos tem pressores e efeitos inotrópicos de modo que ambos afetam receptores alfa da vascularização, causando vasoconstrição, mas também atuam no coração (receptores alfa, beta) aumentando o débito cardíaco. A dopamina é a única que atua no receptor dopaminérgico vascular e cardíaco (vamos falar disso mais adiante) e claro, a vasopressina atua no receptor vasopressina 1A no receptor da vascularização, induzindo vasoconstrição. A vasopressina se assemelha à fenilefrina: só tem efeitos vasculares de modo que não tem efeito cardíaco, ou seja, não tem efeito inotrópico. Ao usar essas drogas devemos nos basear na fisiopatologia de cada paciente e analisando o comprometimento cardiovascular, o bebê pode ser classificado em 6 categorias:1) HIPOVOLEMIA (choque séptico em fase inicial, hipotensão resistente a vasopressores): dopamina, epinefrina, norepinefrina e vasopressina 2) DEFICIENTE CONTRATILIDADE (com ênfase na asfixia) dobutamina devido à disfunção miocárdica, devendo ser evitado o excesso de bolus de fluido 3) PÓS-CARGA ELEVADA (bebê com má-adaptação após o nascimento cm diminuição também da contratilidade): dobutamina, milrinona 4) HIPOVOLEMIA (perda hídrica insensível, perda de sangue, ligadura precoce do cordão, DISFUNÇÃO VENTRICULAR DIREITA e nesse caso, a vasopressina pode ser considerada, principalmente na hipertensão pulmonar resistente a vasopressores 5) DISFUNÇÃO DIASTÓLICA (com destaque na miocardiopatia hipertrófica): esses bebês podem responder à vasopressina, com melhora da pressão arterial sistólica e diastólica em 2 horas (monitorar o sódio sérico- risco de hiponatremia com a vasopressina) 6) SHUNT E ARRTIMIA (persistência do canal arterial, malformação atrioventricular, taquicardia supraventricular). Na melhora da avaliação, temos a ecocadiografia funcional (é possível refutar ou confirmar o diagnóstico, selecionar o medicamento apropriado, considerando a fisiopatologia subjacente, possibilitando avaliar a resposta ao tratamento e usar também para titular a medicação) e a Near infrared spectroscopy- NIRS (dá informações sobre o fluxo sanguíneo cerebral; se a saturação abaixo de 50% por mais de 10% do tempo associou-se a um pior desfecho do neurodesenvolvimento; saturação abaixo de 55% ou menor do que 1,5 desvio padrão estava associado com pior desfecho após 24 meses: para cada 1% do tempo gasto  abaixo do limiar houve um aumento de 2% na chance de resultado cognitivo adverso ou morte). Portanto, a pressão arterial é importante, mas é um imperfeito marcador da função circulatória. Devido aos desafios em conduzir estudos randomizados e controlados, o manejo da hipotensão e do comprometimento circulatório permanece controverso. No manejo hemodinâmico desses pacientes críticos requer o conhecimento do desenvolvimento fisiológico, hemodinâmico e a farmacocinética e farmacodinâmica das medicações cardiovasculares. Noori incentiva a todos terem um entendimento básico da ecocardiografia porque  é isso que vai fazer a diferença.